Você já sentou com uma pessoa negra para ouvir a história que ela/ele têm para contar? Este projeto tem como objetivo destacar os expoentes negros do município de Juiz de Fora e legar exemplos positivos de sucesso de pessoas pretas para as futuras gerações. A reportagem #001 foi sobre Carina Dantas, a #002 foi com Antônio Carlos, a #003 com Geraldeli Rofino, a #004 com Sérgio Félix, a #005 com Fernando Eliotério, a #006 com Maurício Oliveira, a #007 com Ademir Fernandes, a #008 com Gilmara Mariosa, a #009 com Batista Coqueiral, a #010 com Cátia Rosa, a #011 com Eliane Moreira, a #012 com Antônio Carlos da Hora, a #013 com Ana Paula Torquato, a #014 com Alessandra Benony, a #015 com Sil Andrade, a #016 com Joubertt Telles, a #017 com Edinho Negresco, a #018 com Denilson Bento, a #019 com Digo Alves, a #020 com Suely Gervásio, a #021 com Tânia Black, a #022 com Jucelio Maria, a #023 com Robson Marques e agora é a vez de Lucimar Brasil.
Por Alexandre Müller Hill Maestrini
Origem do nome Lucimar vem do latim “lux”, que significa luz. Já o sufixo “mar“ se traduz como "fama" ou "glória". Belo batismo para a empreendedora Lucimar Nunes de Paula Brasil que só em 2011 re-descobriu suas raízes, depois de incríveis 42 anos desconectada com suas origens afrodescendentes e memórias da sua ancestralidade. Desde então ela tem experimentado a sensação de sua vida estar andando de trás para frente, como no filme “O curioso caso de Benjamin Burton”, uma pessoa que nasce velha e gradativamente vai rejuvenescendo. Porém esta re-descoberta tardia de sua negritude tem explicação. Nascida em 05 de agosto de 1969, confessou que: “não fui acostumada a reverenciar os antepassados desde minha infância e a família nem me contou muito sobre isso; meus parentes também sabiam muito pouco”.
Mesmo sendo mulher e afrodescendente no Brasil, Lucimar teve o privilégio de nascer no seio de uma família humilde, mas estruturada no Bairro Santos Anjos em Juiz de Fora – MG, e, graças aos esforços persistentes de sua mãe Maria da Glória Nunes de Paula que, sabedora que vida de nego é difícil, tratou de tomar providências para garantir que os filhos tivessem o que ela e o pai Velasques Francisco de Paula Filho não tiveram: “educação formal”. Com a ajuda de uma vasta rede de apoio que incluía a vizinhança, sobretudo a família do renomado jornalista Renato Henrique Dias, Lucimar e a irmã gêmea Carmen Calheiros, as caçulas de uma família de seis irmãos, foram agraciadas com outro privilégio: “estudamos da terceira série primária ao terceiro ano do magistério no colégio particular no Colégio dos Santos Anjos, de classe média e comandado por freiras”. Lucimar se lembra que foram acolhidas, respeitadas e valorizadas por colegas e professores de ampla maioria branca: “assim nos distanciamos enormemente de nossas origens, porque era possível contar nos dedos o número de crianças negras que frequentavam o mesmo universo", lembrou.
E foi assim que temas de negritude não entravam frequentemente em pauta para as gêmeas: “os privilégios as vezes nos cegam”, explicou um possível motivo da distopia. Lucimar também confabulou outro possível motivo da disruptura entre ser negra e viver no meio de brancos: “como uma planta que desconhece suas raízes por raramente ouvir falar delas, até porque, quando isso se dava, a contextualização sobre os negros era quase sempre depreciativa”. Para Lucimar, nessas situações, era natural que ela fosse tomada por um sentimento constante de inadequação: “afinal eu não participava do que se convencionou classificar como modo de vida de negro, e, muito menos, do cobiçado e inalcançável estilo de vida de branco”. Foram justamente esses modos de vida dual que perpetuaram o racismo estrutural, ambos definidos pela imposição do sistema colonialista e escravocrata que: “embora tenha acabado faz tempo, em 1888, lamentavelmente insiste em pautar as complexas e intricadas relações humanas até hoje no Brasil”.
Em 1987, Lucimar realizava um sonho, foi aprovada na Faculdade de Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora: “para mim era um caminho normal e não tinha consciência do privilégio e exceção”. Ela se lembrou que: “eu estava em uma instituição pública e a mesma realidade se impôs, eu era a única negra da turma de 25 alunos”. Se não de forma mais marcante que no colégio, somente vez ou outra passávamos por negros no campus: “eram angolanos e nigerianos, que exibiam seus portentosos colares de ouro, que brilhavam ainda mais no contraste com a pele escura”. Curiosamente eram os estrangeiros que faziam companhia para Lucimar, pelo menos na proximidade da cor: “eu não me lembro de ter tido um professor negro na Federal”, puxou pela memória. Mas ela estava acostumada com isso, novamente temas de negritude ainda não entravam em seus assuntos cotidianos. Lucimar passou quatro anos de aprendizados na UFJF e fez enormes descobertas profissionais com grandes mestres do Jornalismo, sobretudo, e da Comunicação. Além das disciplinas regulares do curso de Jornalismo, fez quase integralmente o Curso de Rádio e TV: “queria dominar as técnicas de roteiro, iluminação, fotografia, edição de imagens, cenário, figurino, sonoplastia e produção”.
Lucimar se formou em 1991 com o TCC orientado pelo Prof. Mestre Eduardo Sérgio Leão de Souza. No trabalho final ela elaborou o roteiro de um longa-metragem para o cinema: “foi o período mais rico de toda minha experiência acadêmica por ter que reunir todas as habilidades e conhecimentos aprendidos”. Ao final foi aprovada com a nota máxima e ainda ganhou da professora Beth, integrante da banca examinadora, uma réplica do quadro de Renoir “O baile no Moulin de la Galette” (foto abaixo): “pois no roteiro eu mencionei a obra, que foi a viagem de autoconhecimento do personagem Umberto por meio da História da Arte”, relatou sua felicidade na conquista do título universitário.
Agora com o diploma de jornalista debaixo do braço entrou para o seleto funil social dos que conseguem exercer sua profissão e crescer por meio dela. Como era acostumada a estar no meio de brancos, temas de negritude ainda não eram assuntos do dia a dia. Sua primeira experiência profissional foi o jornal Tribuna de Minas, onde passou por diversas editorias, em 11 anos de trabalho. Em 2001, Lucimar se tornou sócia da Gente de Conteúdo Comunicação Ltda, ao lado das amigas e jornalistas Mônica Miguel e Leila Herédia. O trabalho mais marcante dessa parceria foi a produção e comercialização do suplemento especial “Gente Presente” para o jornal O Globo, do Rio de Janeiro. Sua vida profissional seguia o rumo do sucesso. A sociedade terminou com a mudança de objetivos de vida do trio, mas a amizade permaneceu cada vez mais forte. As três seguem unidas até hoje.
Em 2003, Lucimar viveu uma das mais intensas experiências profissionais com a criação do Jornal Panorama, pertencente ao grupo liderado pelo empresário Omar Peres. De Editora de Economia, ela se viu Editora Geral em apenas seis meses de trabalho, diante da saída de figuras de grande expressão do jornalismo nacional que se mudaram para a cidade para participar do ousado projeto, entre eles, o ganhador do Prêmio Esso de Jornalismo, Fritz Utzeri. No ano seguinte, Lucimar liderou, ao lado do então secretário de Redação do Jornal Panorama, Michael Guedes, um dos movimentos mais emblemáticos na história recente da Comunicação, que resultou no pedido de demissão coletiva de todo corpo de editores do Jornal Panorama. Não se tratava de revolta, mas da convicção de que o projeto estava fadado ao fracasso: "foi um momento muito marcante. Cansados de ter que fazer lista de colegas para serem demitidos, como exigia a empresa, Michael e eu oferecemos nossos cargos e tivemos a surpresa de ser seguidos por todos os outros editores. Assim, a gente queria evitar sangrar ainda mais a Redação”, revelou Lucimar.
Em 2005, ela ingressava na Prefeitura de Juiz de Fora. O prefeito Carlos Alberto Bejani tinha chegado ao seu segundo mandato e Lucimar ocupou o cargo de Coordenadora de Jornalismo: "chefiei uma equipe de mais de 40 pessoas, e também o de Secretária Municipal de Comunicação e Qualidade". Ela saiu da PJF em 2007, após ser aprovada em processo seletivo para comandar a área de Comunicação e Marketing da Unimed Juiz de Fora: "atuei também na área de Responsabilidade Social e desenvolvendo projetos de voluntariado". Foi, inclusive, em um evento promovido pela Unimed do Brasil, em São Paulo, em 2011, que ela definitivamente se reconheceu negra: “eu já fazia terapia há mais de cinco anos e, digamos que o evento foi o momento em que a ficha caiu. Era a primeira vez que eu ouvia especialistas em marketing e economia falando bem de gente preta, do seu poderio econômico, social e cultural". É que nessa época, a Classe C iniciava um processo de ascensão e as empresas se deram conta de que não tinham produtos específicos para este público formado majoritariamente por negros: "ou melhor, não sabiam nada ou muito pouco sobre seus modos de vida”, lembrou os fatos.
Lucimar descreveu a cena: "o auditório estava lotado de profissionais do marketing loucos para conhecerem o novo perfil desses consumidores através de palestras que enalteciam o poderio econômico e a ascensão social da Classse C no Brasil". Nesta ocasião as empresas estavam construindo novas estratégias de negócio e era vital conhecer mais a fundo este novo segmento: "quando vi imagens de negros e negras com seus costumes, sua alegria, sua exuberância, espiritualidade e cultura caí em prantos". Ela se identificou nas fotos que estavam sendo exibidas nos enormes telões: "era do meu povo que falavam”, explicou a jornalista, que até hoje se emociona ao lembrar. Ela confessou que: “assumir-se negra exige muita saúde psíquica, coragem e auto-amor, sentimentos complexos que, dependendo das histórias individuais e do ambiente coletivo, podem custar o tempo de toda uma vida para serem alcançados”. Lucimar precisou de mais de quatro décadas para reconhecer-se negra: “porém vira e mexe ainda tenho que me lembrar do quão fácil é me deixar enganar por um pretenso e falso discurso racial igualitário, construído na superficialidade da atualíssima Casa Grande, porque, convenhamos, é extremamente desafiador exercitar a empatia, quando o ego precisa ser colocado em uma posição social histórica de inferioridade”.
Espiritualizada, mãe da cantora Camila Brasil (25 anos) e do rapper BR do Free (Daniel Brasil, 21 anos), Lucimar contou que: "não estou no mundo a passeio para desfrutar de uma vida alicerçada em conceitos superficiais; gosto da profundidade, sou mulher das profundezas". É do mergulho na vida interna de amor e alegria, como são as coisas de Deus, que ela busca energia para sobreviver na superfície desta realidade de sofrimento que criamos. Hoje ela se vê como uma mulher mais livre, desapegada, com a alma mais rejuvenescida e plenamente mais feliz: “sou uma eterna caçadora de mim”. Desde quando renasceu para a negritude ela já re-descobriu seus tesouros e percebeu como a África está bem dentro dela: "essa experiência me encheu de mais coragem para seguir nas suas profundezas e que apesar de tudo ser novo". Na verdade tudo era bem antigo dentro dela: “é como voltar para casa depois de tantos anos de afastamento”, confessou com alegria. Para ela foi como reconhecer-se em locais que a alma tão bem se recorda: "foi sentir o cheiro da vida sem qualquer artifício, foi sentir o coração pulsando no ritmo do tambor que regula todos os ciclos de vida e da morte”.
Curiosamente Lucimar comentou sua experiência: “enquanto vasculhamos as raízes a gente cresce e prospera. Aprendi a escutar o que antes nem sabia que existia”. Ela me confessou que os sentidos aos poucos despertam em direção às coisas da alma: “participei de um curso sobre a visão de mundo africana e me identifiquei instantaneamente, sem nunca ter ouvido falar sobre ela antes”, e seguiu falando que: “descobrir quem somos, de que substância é nossa essência, a partir dos elementos da natureza, é nossa primeira obrigação existencial de acordo com a cultura africana”. Lucimar deu a dica que: “a partir desta descoberta abrem-se infinitas possibilidades para que façamos nossas escolhas em um nível acima de consciência”. O fato é que desde que Lucimar fincou os pés bem firmes na sua ancestralidade: “minha consciência se expandiu na compreensão de que a riqueza material, tão necessária para vivermos nesse planetinha com conforto, segurança e dignidade, tem um forte componente espiritual”. Mas ela confessou que: “fincar o pé nas raízes foi mesmo um exercício solitário. Agradeci cada vez que surgiu alguém que compartilhou comigo da mesma sensação, dividiu a mesma experiência”, isso trouxe encantamento e luz para ela. Aqui relembrei do significado do seu nome do latim “lux”, que significa luz e “mar“ significando "glória, fama ou reconhecimento". Seria o destino dela - dado pelos pais no batismo - se reencontrar na luz?
Acho que sim, pois em 2018 Lucimar foi convidada para participar do Cineclube Movimento em parceria do MAMM com a Associação Cultural Cine Fanon, que trouxe o filme “Fanon Ontem, Hoje” (2018), de Hassane Mezine, exibido no Museu de Arte Murilo Mendes. O filme é um relato audiovisual sobre vida e obra de Frantz Omar Fanon, intelectual negro tido como um dos maiores pensadores e teóricos sobre o colonialismo e o pós-colonialismo. A exibição foi acompanhada de um debate sobre o filme com a participação dos convidados na foto abaixo Alessandra Brum, Lucimar Brasil, Fernanda Murad Machado e Ugo Soares.
Pouco antes da pandemia Lucimar participou da segunda turma da Academia Firminas de Lideranças Pretas, por um convite – aparentemente – ao acaso. Ela contou que: “a academia surgiu do sonho e da necessidade de trazer mais representatividade de mulheres negras para os ambientes de liderança, de empoderar e despertar, através do desenvolvimento pessoal, mulheres poderosas”. No curso, Lucimar se encontrou com outras mulheres pretas espalhadas por todo o Brasil. O projeto mostra que as mulheres têm o que precisam para liderar os próprios sonhos e construir um futuro diferente. Confira no vídeo abaixo:
Ainda em 2020, buscando aperfeiçoamento como seus pais lhe ensinaram, Lucimar participou durante cinco meses da formação em Impacto Social no Instituto Amani – Gera Social visando desenvolver a empatia através do empreendedorismo social. O grupo de Lucimar se dedicou a criar uma alternativa de venda mais lucrativa para a pesca artesanal da tainha na comunidade da Praia da Pitória, em São Pedro D'Aldeia, iniciativa coordenada pela ONG Conservação Internacional: "desenvolvemos o protótipo de um Hub da Pesca Sustentável, conectando os diversos atores da cadeia produtiva, como pescadores, restaurantes, chefes de cozinha, transportadores, mercados de pesca, para conectar a comunidade ao mercado do Rio de Janeiro".
Por mais paradoxal que pareça, foi a pandemia de Covid-19 que aproximou ainda mais Lucimar dos seus iguais, da negritude: “pela primeira vez, frequentei ambientes exclusivos para pessoas negras, e ouvi histórias lindas de superação, empreendedorismo, autoconhecimento e liderança, assim como outras, inacreditáveis, de preconceito e exclusão, em pleno século do metaverso”. Lucimar se achou lado a lado com os seus pares: “me senti mergulhada no conto infantil do Patinho Feio, na verdade somos cisnes”, concluiu. Ela confessou a lição-pandêmica que: “para nos reconhecermos e ganharmos forças para agir no mundo plural, a gente só precisa mesmo encontrar nossa turma”, sorriu. Para ela o antirracismo é uma forma elevada de praticar o amor a si e aos outros: “é um amar exigente, porque toca inevitavelmente em feridas internas, que muitos preferem fingir que não as têm”.
O lado bom da pandemia de Covid-19 permitiu-nos muitas mudanças de rumos, muitas vezes para melhor. Assim em fevereiro de 2022 Lucimar iniciou uma experiência que foi fundamental para a consolidação de uma descoberta que custou para ela muitos anos de uma busca interna profunda: “eu sempre sonhei em fazer da minha vida vivida, corriqueira, diária, a expressão de tudo o que sou e me define como mulher, cidadã, jornalista, empreendedora, filha, mãe, irmã, amiga”. Mas isso tudo era apenas uma síntese de todas essas facetas e tantas outras possíveis que Lucimar ainda espera viver. A empreendedora já era responsável pela Gente de Conteúdo Comunicação e pelo próprio blog, onde publica artigos de diversas inspirações: “acesse para conhecer-me melhor e ler os meus artigos sobre cultura, espiritualidade e autoconhecimento”, convidou.
Lucimar também é diretora de Marketing do Instituto Vivart, uma instituição sem fins lucrativos que trabalha em prol do desenvolvimento de territórios, incluindo a agricultura familiar, a valorização da cultura e da comunicação inclusiva. Lembra do significado do nome Luz e Sucesso? O auto reconhecimento veio de mansinho, quando finalmente Lucimar propôs à direção do Jornal Tribuna de Minas, a publicação de uma coluna sobre cultura negra em fevereiro de 2022. Desde então, a jornalista vem ocupando, com um lugar de fala e propriedade, um espaço de valorização da memória negra de Juiz de Fora. Confira os incríveis textos: "Quando a dor faz barulho", "Eu te perdoo, mas pague pelo que quebrou", “A essência da visão de mundo africana é a vida”, "Finque o pé nas suas raízes", "A arte da escuta na pauta antirracista", "O reencontro entre Roza Cabinda e Henrique Halfeld 150 anos depois", "Quero ser amiga de Maria", "Vivendo de amor", entre outros. Um dos mais emblemáticos é o texto “Por que é tão importante o protagonismo negro no jornalismo?”, vale a pena ler!
Uma das experiências mais marcantes que o reconhecer-se negra trouxe a Lucimar foi ter sua coluna como objeto de estudo para alunos do quinto ano do Colégio de Aplicação João XXIII, em junho de 2023: “as professoras de Português estavam trabalhando com as crianças os diferentes gêneros literários. Quando foram tratar de biografias, resolveram estudar o texto da minha primeira coluna publicada na Tribuna de Minas". Ela confessou que: "nunca vou me esquecer do carinho, do respeito, da amorosidade com que fui recebida pelos 90 alunos que me entrevistaram com interesse por quase uma hora. Lá estavam minha foto e meu texto no caderno de todos eles, servindo de instrumento de estudo. Ganhei bilhetinhos, presentes e muito, mas muito amor", Lucimar ficou emocionada só de lembrar.
Em setembro de 2023 a jornalista Lucimar Brasil se tornou a coordenadora da Agência Regional de Conteúdo, um novo projeto da Rede Tribuna de Comunicação em parceria com a empresa Gente de Conteúdo Comunicação. Os leitores da Tribuna de Minas passaram a contar com notícias sobre Ubá, Muriaé, Cataguases e Barbacena. As reportagens são publicadas no site do jornal, na aba “Força do Interior”. Não apenas no portal, o projeto também conta com a colaboração das rádios Transamérica e Mix, aumentando o alcance dos conteúdos nas cidades da Zona da Mata e Campo das Vertentes. As matérias são publicadas semanalmente. Um por vez, os municípios terão destaque em reportagens que apresentarão iniciativas de inovação e desenvolvimento. Na foto abaixo da direita Lucimar em entrevista de lançamento do projeto à Rádio Transamérica. (Foto abaixo na direita créditosDivulgação/Transamérica)
De acordo com Lucimar, o conteúdo da Agência ficará disponível para reprodução na íntegra em outros veículos de comunicação da região, mediante o credenciamento prévio: “através de um e-mail, os portais poderão se cadastrar para reproduzir o conteúdo da Agência de forma totalmente gratuita”. Ela afirma que a ação é importante para reforçar as mídias do interior e possui grande potencial para estimular os canais que já existem: “em muitos casos são empresas de pequeno porte que não tem estrutura para produzir conteúdos mais aprofundados. Nossa proposta é compartilhar essa informação e, de certa forma, contribuir para o crescimento e desenvolvimento do setor de mídias nesses municípios”.
Hoje, a jornalista que já experimentou a solidão da cor, não se sente mais assim. Uma foto fala mais que mil palavras, em 2023 junto ao Movimento Negro Unificado podemos ver a felicidade estampada no rosto de Lucimar (foto acima). Ela descreveu que passou por diferentes empresas, em diversos segmentos e portes, ainda mais quando ocupou cargos de liderança: “ainda hoje consigo contar o pequeno número de pessoas negras com as quais trabalhei em todo esse tempo”. Lucimar – como o nome diz – nos traz “Luz” e nos coloca a pensar com profundidade: “imagina se reconhecer racista? Quem? Eu? Já ouviu falar em vieses inconscientes?”. Ela mesmo respondeu com bom humor e uma pitada de provocação: “então procure saber”. Lucimar abriu seu coração e confessou que: “para ser antirracista precisei ter ampla consciência de mim mesma, tornar-me negra, constatar que verdades à queima-roupa, ainda que reveladas na solidão, costumam doer bastante, antes do seu terapêutico efeito libertador”, e continuou filosofando: “a liberdade é o bálsamo que premia os que não têm medo de se enxergar e corrigir as devidas rotas sociais remanescentes do colonialismo”. Lucimar está refazendo as suas rotas internas, e você leitor?
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