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Sexta-feira, 24 de Janeiro de 2025
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Geral

Jucelio Maria – Trajetória de Compromisso e Comprometimento

Nossas Riquezas Pretas de Juiz de Fora #022

Alexandre Müller Hill Maestrini
Por Alexandre Müller Hill...
Jucelio Maria – Trajetória de Compromisso e Comprometimento
Jucelio Maria
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O objetivo dessa série é dar visibilidade para aqueles que a sociedade sempre tentou tornar invisíveis. Assim nasceu a série Nossas Riquezas Pretas de Juiz de Fora. O #NossasRiquezasPretasJF é um projeto antirracista do Instituto Autobahn que visa destacar os expoentes negros do município de Juiz de Fora e legar exemplos positivos de sucesso para as futuras gerações. Iniciado em 2023 com o formato de coluna na RCWTV, a reportagem #001 foi sobre Carina Dantas, #002 Antônio Carlos, #003 Geraldeli Rofino, #004 Sérgio Félix, #005 Fernando Eliotério, #006 Maurício Oliveira, #007 Ademir Fernandes, #008 Gilmara Mariosa, #009 Batista Coqueiral, #010 Cátia Rosa, #011 Eliane Moreira, #012 Antônio Hora, #013 Ana Torquato, #014 Alessandra Benony, #015 Sil Andrade, #016 Joubertt Telles, #017 Edinho Negresco, #018 Denilson Bento, #019 Digo Alves, #020 Suely Gervásio, #021 Tânia Black, #022 Jucelio Maria, #023 Robson Marques, #024 Lucimar Brasil, #025 Dagna Costa, #026 Gilmara Santos, #027 Jorge Silva, #028 Jorge Júnior, #029 Sandra Silva, #030 Vanda Ferreira, #031 Lidianne Pereira, #032 Gerson Martins, #033 Adenilde Petrina, #034 Hudson Nascimento, #035 Olívia Rosa, #036 Wilker Moroni, #037 Willian Cruz, #038 Sandra Portella, #039 Dandara Felícia, #040 Vitor Lima, #041 Elias Arruda, #042 Bruno Narciso, #043 Régis da Vila, #044 Claudio Quarup, #045 Wellington Alves, #046 Lucimar Silvério, #047 Paul Almeida, #048 Negro Bússola, #049 Zélia Lima e #050 Paulo Cesar Magella.

Por Alexandre Müller Hill Maestrini

O simpático e compromissado Jucelio Aparecido José Maria é brasileiro, militante de movimentos sociais e religioso, professor, educador social, poeta, palestrante e um ser altamente politizado. Natural de Miraí – MG, veio ao mundo em 13.08.1966 de parto normal com sua avó, em casa, mas foi estranhamente registrado pelo pai no município de Boa Família – MG, distante apenas 14 km de casa: “já o meu irmão gêmeo nasceu 5 horas depois no Hospital de Miraí, pois minha mãe começou a passar mal e foi levada ao hospital e ele foi registrado na própria cidade”. Hoje Jucelio se considera um cidadão do mundo com os pés bem firmes em Juiz de Fora – MG, cidade que o abrigou, o abraçou e deu a ele as possibilidades de se construir enquanto ser humano. Os pais Gervacy José Maria era retratista e fotógrafo, já a mãe Maria Magdalena Bernardino era cozinheira e do lar (fotos abaixo). Da sua genealogia Jucelio conhece pouco ou quase nada: “na minha memória vem só a bisavó Andreza”. Jucelio chegou a conhecer os seus avós maternos Joaquim e Maria Dejanira (foto abaixo a esquerda), mas é sua ancestralidade que o acompanha e fortalece: “no sentido se saber o que fazer para ir além do que meus ancestrais puderem ir”, se orgulha.

Jucelio contou que a convivência com seu pai foi quase inexistente por conta do divórcio sua mãe: “mas na minha vida a presença dela foi intensa, diária e constante”, comentou agradecendo o carinho que recebeu. Eu perguntei por que Jucelio não tinha mais fotos de infância e de melhor qualidade: “Alexandre, fotografia era coisa rara para pobre e tínhamos coisas mais urgentes para pensar, embora meu pai fosse fotógrafo, casa de ferreiro espeto de pau”, respondeu sorrindo. A trajetória de Jucelio começa na simpática Miraí e suas lembranças são das histórias e vivências dentro e fora do ambiente escolar. Como a infância é em geral um dos momentos mais sensíveis e receptivos a tudo que nos cerca: “as experiências ficaram marcadas em mim de maneira significativa”. Desde cedo o menino Jucelio já percebeu que a vida de preto e pobre não seria nada fácil, principalmente por estarem alijados e à margem de uma sociedade conservadora, preconceituosa e racista.

Os oito filhos de Maria (fotos em dois tempos acima) tiveram como referência de vida a mãe batalhadora e consciente do seu papel de orientadora de almas: “mesmo nossa mãe tendo baixa escolaridade, foi ela quem nos incentivou e mostrou a importância dos estudos”. Sua mãe se orgulhava com cada conquista dos filhos dizendo que eles podiam e deveriam ir a todos os lugares sem medo de serem discriminados: “ela nos mostrou que toda reação contrária a nossa presença deveria ser combatida com altivez e orgulho de sermos o que nós éramos: negros”. Mesmo com todo esse reforço da autoestima, os filhos não ficaram imunes ao racismo estrutural: “ele fez estragos e comprometeu a inserção e ascensão dos negros na sociedade brasileira”, lamentou Jucelio. Ele declarou que os racismos constrangem os negros com olhares enviesados, de forma clara ou velada: “eles nos perseguem nas ruas ou em espaços privados, que usam chistes ou piadas depreciativas e que se incomodam com nossa presença quando atingimos espaços de poder”, e Jucelio ainda lembrou que os brancos alardeiam que vivemos numa democracia racial: “só pode ser uma piada, né?”, perguntou ironizando a hipocrisia social.
Para os oito irmãos, ser negro era um fator limitante numa sociedade excludente e injusta: “que exigiria de nós esforços redobrados para alcançarmos quaisquer objetivos”. Tudo em volta contribuía pra isso, pois afastava e não oferecia oportunidades: “o clube na cidade de Miraí se chamava Quem Somos Nós e era frequentado somente pela elite branca”. Os negros eram os subalternos que assistiam às festas pelas frestas das cortinas esperando a hora de servir os convidados: “nas festas religiosas, principalmente a coroação da Virgem Maria, nunca teve mãos negras coroando a santa, minhas irmãs e as negras de Miraí passavam longe desse evento”. Mas durante o carnaval havia uma inversão, os negros e negras eram reis, rainhas e destaques absolutos: “para na quarta-feira tudo voltar como antes?”, criticou Jucelio a hipocrisia da sociedade brasileira.
Diante de tudo isso: “só me restava mesmo estudar, e estudar muito”. Como na cidade não tinha colégio pra rico e colégio pra pobre, todos eram obrigados a estudar numa única escola: “e nos estudos eu me garantia e sempre estive como um dos melhores da classe”. Jucelio era reconhecido por sua dedicação e empenho: “que é claro que por eu ser negro tinham que ser maiores do que os dos outros alunos, na maioria brancos”. Ele contou que fazia os trabalhos de muitos colegas que por preguiça ou incompetência ou mesmo por saber que por serem ricos o caminho já estava pronto: “o meu caminho era de negro e tinha que ser construído do zero e pavimentado a duras penas”. Naquela cidade nada parecia avançar: “eu me negava a acreditar que a condição étnica me impossibilitava chegar onde queria”. Foi quando Jucelio tirou o véu da ingenuidade e a ficha caiu: “foi uma constatação doloridíssima”, confessou se perguntando que será que somente as atividades subalternas e humilhantes cabiam ao negro?
Num mundo de cartas marcadas de uma cidade do interior Mineiro, não havia representatividade: “as posições já estavam destinadas muito antes do nascimento, filho de médico será médico e filho de advogado será advogado, e filho de pobre será pobre”. Para Jucelio esse o racismo estrutural, que impede a mobilidade social, precisa ser combatido. Os destaques negros eram músicos e jogadores de futebol como Ataupho Alves e Pelé: “mas eu já queria naqueles tempos de criança outros rumos pra mim e para todo o povo negro”, comentou o menino interior decidido. Assim, entre os 1973 e 1976 anos o pequeno Jucelio frequentou o ensino primário na Escola Municipal Dr. Justino Pereira, entre 1977 e 1980 passou para o ensino fundamental para crianças de 5 a 8 anos na Escola Estadual Santo Antônio, onde também entre os anos 1981 e 1983 ele frequentou o ensino médio na mesma escola, onde concluiu o Científico. No início da escolarização ele se lembra que tinham muitos negros nas turminhas: “só que à medida que eu avançava na escolarização eles iam sumindo”. Ler se tornou a paixão de Jucelio e um instrumento de possibilidade de mobilidade nos vários espaços de sociabilidade da pequena Miraí. Ele contou que preto e pobre tem que optar num momento da vida se trabalha ou estuda: “eu fui um privilegiado, porque dentro das possibilidades eu pude permanecer na escola”.
Jucelio passou a ler tudo: “lia do gibi aos clássicos da literatura brasileira, fez teatro, escutava música boa e bons concertos e apresentações musicais”. Seu objetivo era ter um diferencial, com uma formação intelectual e cultural capazes de contribuir com a transformação social que ele sonhava. Na sua juventude ser ator e expectador forjou nele a força de lutar para a construção de uma sociedade mais justa, livre e igualitária. Apesar dele sempre ter sido tímido, isso nunca o impediu de elevar sua voz e dar voz aos que precisavam se mostrar e expor seu valor: “sempre lutei contra injustiças, desigualdades e discriminações de quaisquer naturezas. Mobilizava a escola para as mudanças necessárias para uma vida mais livre”. Fazia teatro, participava de gincanas e campeonatos esportivos: “eu era o articulador e liderava as ações na escola e na rua onde eu morava”, uma liderança que vem de seu caráter. Mas Jucelio confessou que existe uma lacuna na sua memória com relação a sua adolescência: “não sei, mas muitas lembranças se apagaram”.

O ano de 1982 marca a chegada da família de Jucelio em Juiz de Fora – MG. A mãe e os oito filhos: “todos tinham menos de 18 anos, ela veio com a cara e a coragem para tentar vida nova e não deixou nenhum pra trás”, declarou com carinho. Os irmãos convenceram os pais a deixarem Jucélio a ficar em Mirai até terminar o último ano do ensino médio: “eu gostava muito de estudar”. No ano seguinte, já formado, ao chegar definitivamente em Juiz de Fora, Jucelio acreditava que seria diferente, no entanto a única diferença imediata para eles foi o tamanho da cidade, porém com os mesmos temas e problemas do lugar de onde eles vinham: “aqui tudo aconteceu, não sem barreiras, adversidades e revezes”, lembrou. Em 1984 ele não recebia emprego: “pois ninguém contratava jovens que logo no ano seguinte iriam para o exército”. Nas fotos acima em 1985, incentivado pelo irmão gêmeo, Jucelio passou nas provas do exército e foi fazer o curso de oficiais R2. ele contou que só pode ir para o quartel num curso de elite porque já tinha o curso científico completo, atual ensino médio: “e isso era um luxo”, lembrou. Ele foi servir ao Exército no Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva NPOR, no 10° Batalhão de Infantaria: “como dá para ver na éramos somente dois negros na turma e eu fui o único negro a formar como 2° Tenente da Reserva de Infantaria”.
Os sair do exército passou alguns anos desempregado: “Juiz de Fora não é um lugar fácil pra negro” e em 1987 conseguiu um emprego como auxiliar administrativo na empresa de transporte de valores no Rio de Janeiro, onde ficou até final de 1989. Em setembro de 1989, quando voltava do Rio de Janeiro de carona com um amigo, Jucelio conta que conheceu o divisor de águas da sua vida: “conversamos durante a viagem sobre o Espiritismo e eu pensei que já era espírita e não sabia”. Claro, foi convidado e foi assistir uma palestra no Centro Espírita Fé e Caridade lá na Rua Paraná, no Bairro Poço Rico, onde de cara Jucelio se encontrou finalmente como espírita: “o Espiritismo é a doutrina que me conforta, me orienta e oferece as diretrizes para uma vida voltada para o bem de todos”, relatou. Com experiência adquirida no Rio, voltou definitivamente em 1990 para Juiz de Fora e foi trabalhar para uma empresa de transportes de passageiros com auxiliar administrativo até 1992. Nesse ano Jucelio fez um curso de Técnico em Segurança no Colégio Pio XII: “foi só uma oportunidade de uma profissionalização antes de fazer um curso superior, pois desde sempre eu já sabia que queria ser professor”.
Entre 1993 e 1995 ficou desempregado, mas sempre buscando com fé o seu caminho. E acertou na direção: “logo fui para o magistério trabalhar com crianças começando minha carreira como educador social” e desde 1995 trabalhou por muitos anos na Associação Municipal de Apoio Comunitário (AMAC), que tinha sido criada em 1984 com a atribuição de enfrentar os problemas da pobreza e da falta de infraestrutura pertinente à assistência social do município. Jucelio achou seu rumo no Projeto Curumim: “lá eu dava aulas de teatro para crianças no contra turno da escola”. Além disso ele dava aulas na Casa do Pequeno Jardineiro e na Casa da menina Artesã que com quase 13 anos de história chegou a atender mais de 1.500 meninas adolescentes: “o serviço tinha o objetivo de promover a inclusão social através de atividades ligadas ao artesanato”, infelizmente esses dois projetos da AMAC não existem mais. Depois Jucelio foi para o Programa Municipal de Atendimento a Adolescentes PROMAD no setor de inclusão produtiva, qualificação profissional e encaminhamento para o primeiro emprego de adolescentes no sistema de aprendizagem: “fiquei na AMAC até 2017, com um intervalo de licença quando fui vereador”.

Desde 1992 Jucelio é um apaixonado fotografo e sempre anda com sua máquina fotográfica na mochila buscando um bom ângulo: “registro sempre as cenas cotidianas e por isso conto um enorme acervo fotográfico”. Na foto da esquerda acima em 1993 Jucelio com 27 anos em uma foto 3x4 para documentos. Na foto do meio e acima Jucelio atuando no teatro na peça Infinitas Águas em 1997: “eu tinha feito um curso de Especialização em Teatro anos antes com o ator Marcos Marinho”. Na foto da direita acima, em 1999 Jucelio com 33 anos foi motivo de uma matéria da Tribuna de Minas. Entrevistado pela jornalista Daniela Arbex: “era sobre o projeto que fiz com os assistidos da Casa Aberta / AMAC”. Eles fizeram um vídeo onde os adolescentes contavam sobre suas histórias de vida e seus sonhos para mudar a realidade em que viviam. Jucelio se engajava para modificar o cotidiano e os jovens reabilitados queriam ser exemplo e mostrar que estavam dispostos a lutar contra a dura vida e contra o estigma da marginalidade.
Mas como na vida e no universo não existem coincidências, segundo Kardec, Jucelio sentiu a sincronicidade de pessoas que se atraem por sintonia. Assim em 1999 Jucelio ganhou uma bolsa de estudos de um amigo sintonizado com os desejos dele e foi para o Curso Pré-universitário (extinto em 2016) onde fez cursinho pre-vestibular e em 2000 passou para a sonhada Faculdade de História da UFJF no curso de Licenciatura: “minha escolha da História foi a alternativa de atuar de maneira mas eficiência na construção do pensamento crítico dos educandos, longe da lavagem cerebral tão propalada pelos mais radicais”. O objetivo de Jucelio era fazer com que as pessoas entendessem o sentido da vida e o papel social do cidadão na transformação da sociedade. Pode parece clichê, comentou; “mas na verdade sigo a expressão de Aristóteles que aponta o ser humano como animal político com o dever de gerir os destinos da cidade e agir para a felicidade coletiva”, declarou. Na foto da esquerda abaixo todos os estudantes da turma de Jucelio com suas fotos antigas e vê-se que ele era o único negro. De beca e feliz por mais uma conquista, graduou-se em 2004 e brincou que: “ser o único negro na formatura é a síndrome do preto único” (foto da direita abaixo). Em 2010 voltaria às salas da UFJF para uma pós-graduação Especialização em Historia e Cultura Afro-Brasileira e Africana: Educação para as relações étnicos raciais, na UFJF. A pós durou dois anos e tinha o objetivo de preparar professores para aplicar a lei 10639.

Para Jucelio o processo de lutas por anos no ambiente educacional e a assistência social o levaram a ver que precisava ampliar seu espaço de atuação política: “foi assim que em 2012 entrei para o PSB e me candidatei com o lema Renovação com a força da Juventude”. Nas andanças pelos bairros da cidade falava de suas pautas: desenvolver ações para valorização do jovem, defender a educação de qualidade com valorização do profissional e ambiente satisfatório de trabalho, usar a arte educação como mecanismo de inclusão social e cultural, incentivar a educação das relações interpessoais em ambiente de diversidade e buscar soluções de intervenção e prevenção ao álcool e às drogas. Com muito apoio popular, Jucelio foi eleito vereador justamente por defender as nobres pautas voltadas para os direitos humanos e garantia e preservação dos direitos das minorias, dos negros, mulheres, pessoa com deficiência e educação de qualidade. E ele sabia muito bem do que falava, pois viveu na pele muitas dificuldades sociais e falava aos eleitores com sabedoria: “ele lembrou que teve uma infância feliz, nunca fez apologia da pobreza”. No vídeo abaixo Jucelio conversa com sua mãe sobre a campanha política e elogia com orgulho seu filho.


Em 2012, como um dos poucos negros a ocuparem uma cadeira na Câmara Municipal de Juiz de Fora, Jucelio foi eleito vereador pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro) com 1.452 votos: “a presença de negros no poder em uma cidade de origem racista sempre foi insignificante”, lembrou. Desde 1850 somente poucos pretos ou mulatos puderam legislar numa cidade onde a maioria da população é afrodescendente: “além de mim, dos que me lembro tivemos salvo engano em 1959 Pedro de Castro, em 1963 Peralva Miranda Delgado, 1963 Francisco Affonso Pinheiro, 1963 Jair Nascimento que foi presidente da Câmara, 1973 José Alexandre, 1989 o pastor José Reis, 1989 Wilson Novaes, 1989 Natanael Amaral, 1997 Josemar da Silva, 2005 José Emanuel, 2005 Aparecido de Jesus, 2005 Carlos César Bonifácio que foi presidente da Câmara e em 2013 Nilton Militão”. Lembrando que Juiz de Fora nunca elegeu uma mulher negra como vereadora: “e olha que tivemos candidatas como Suely Gervásio e outras opções”. Em seu primeiro mandato Jucelio ocupou o gabinete 202 sempre aberto ao público e nunca quis se tornar o presidente da CMJF: “tampouco me candidatei para esse cargo, não por falta de competência, mas para atuar com mais eficiência na interlocução mais constante nas ruas e comunidades”, comentou Jucelio que sempre é visto pelos bairros com sua mochila, gastando sola de sapato andando e fazendo o papel de interlocutor da população. Na sua posse Jucelio afirmou que: “minha experiência de vida contribuirá muito para meu desempenho como vereador. Politicamente minha atuação é constante, como negro, cidadão e professor. Unirei isso ao papel básico do vereador, que é de fiscalizar as ações do Executivo, beneficiando, assim, toda a população de Juiz de Fora". No vídeo abaixo Jucelio participou da entrega da Medlaha Nelson Silva 2013.

Mas com certeza sua presença negra incomodou no meio de um legislativo branco: “eu subia na tribuna e gerava sim inquietações e foi marcada por muitos desafios, pois era preciso mostrar que não cai de para quedas”, Jucelio rapidamente mostrou que não era um aventureiro, que era competente, sabia o que queria e tinha muito a oferecer. A partir do momento que começaram a verificar o projeto estruturado, bons argumentos, sua paixão pelo que fazia que dava pra ver em sua expressão corporal (fotos abaixo no plenário da CMJF) e bem estudado sendo aos poucos colocado em prática: “os outros vereadores não tinham alternativa a não ser a de aceitar, respeitar e compartilhar os resultados alcançados com as ações apresentadas”, se orgulha Jucelio. Jucelio trouxe novos ventos para o legislativo municipal e criou a “Semana de enfrentamento ao abuso e a exploração de crianças e adolescentes”, a “Semana da Leitura, do livro e do leitor” e a “Semana de Combate as violências contra a mulher”. Dentro do legislativo municipal criou a Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Pessoa com deficiência e incentivou a criação do decreto que prevê a disponibilização das contas dos tributos municipais na linguagem Braile: “criamos o primeiro informativo político em Braile”.

Em 2013 participou ativamente da comissão para a reabertura do Museu Mariano Procópio (foto abaixo). O vereador Jucelio Maria (PSB) reuniu-se, com outros vereadores integrantes da Frente Parlamentar pela Reabertura da Fundação Museu Mariano Procópio (MAPRO), com representantes de escritórios de contabilidade de Juiz de Fora para buscar parcerias com empresas para viabilizar a continuidade das obras de reforma do Museu Mariano Procópio. A proposta apresentada pelos vereadores, pelo superintendente da entidade, Douglas Fasolato, e pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, André Zuchi, é para que os contadores orientem seus clientes a respeito das leis de incentivo à cultura. Apesar de todos os esforços a reabertura infelizmente somente aconteceria em 2022 no mantado da Prefeita Margarida.

Em 2013 como vereador Jucelio anunciou a criação de um Plano Municipal da Juventude, a construção do plano Municipal é inspirada no Plano Nacional da Juventude e na 2ª Conferência Nacional de Juventude com o objetivo de criar diretrizes que orientem a construção de políticas de Estado voltadas para os jovens: “Juiz de Fora precisa pensar a juventude de forma séria, dando voz e credibilidade às suas ações e colocando-a como protagonista de políticas sociais, pensando não somente no emprego, mas em alternativas de lazer e cultura”, destacou Jucelio.
Logo no início de 2014 Jucelio passou a ser colaborador da recém criada comissão para a realização do livro ebook gratuito Memórias da Repressão - Relatório da Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora. No cargo de vereador Jucelio Maria (PSB) substituiu com grande eficiência o vereador Roberto “Betão” Cupolillo (PT) durante o período em que este teve que se ausentar das atividades da comissão em razão de sua candidatura a deputado estadual em 2014 (foto abaixo). Betão era o representante titular da Câmara Municipal de Juiz de Fora e membro da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara, mas Jucelio estava sempre ativo acompanhando os desenvolvimentos por seu também interesse como historiador.

O livro foi lançado em 2016 (capa abaixo) e Jucelio ressaltou a importância de “lembrar para que 31 de março de 1964 não se repita” e o Brasil não esqueça o que foi a Ditadura Militar no Brasil. Conforme Jucelio, o objetivo da Comissão Municipal da Verdade era apurar as graves violações dos direitos humanos na nossa região no período da Ditadura Militar no Brasil: “o lançamento do livro foi um marco para relembrarmos e homenagearmos aqueles que lutaram contra todas e quaisquer agressões contra pessoas e instituições”, lembrou o professor de história Jucelio. Em fevereiro de 2014 a Comissão Parlamentar Especial da Memória, Verdade e Justiça da CMJF visitou o Arquivo Histórico Municipal de Juiz de Fora (foto abaixo): “junto com os vereadores Júlio Gasparette, Rodrigo Mattos, Zé Márcio Garotinho e Betão pudemos pesquisar em jornais e documentos com referências ao período de março a abril de 1964, quando ocorreram os fatos que levaram à cassação dos mandatos dos ex-vereadores Peralva de Miranda Delgado, Francisco Afonso Pinheiro, Jair Reihn e Nery de Mendonça”.

Em março de 2014 o vereador Jucelio Maria também visitou a Escola Municipal Amélia Pires, no Bairro Monte Castelo. Ele foi o responsável pela aprovação da lei que multa quem for pego jogando lixo no chão: “minha preocupação com o meio ambiente e com uma cidade mais agradável foi o objetivo do projeto de lei junto com José Márcio Garotinho”. Muito querido pelas crianças, promoveu um bate papo muito descontraído e agradável, onde o vereador orientou os alunos sobre a importância de não jogar lixo no chão. (Fotos abaixo)

Como um fio condutor de sua trajetória como educador social, Jucelio esteve sempre ativo nas atividades de construção do conhecimento em escolas e em cursos profissionalizantes (fotos abaixo), atividades que ele sempre priorizou durante seu período na AMAC e durante suas campanhas nas ruas. Durante todo o seu mandato na Câmara Municipal, muito ativo e compromissado, Jucelio iniciou com ações para transformar a vida do juizforano: “queria uma cidade boa para todos”. Ele promoveu uma série de debates, discussões e rodas de conversas como forma participação cidadã e de valorização da juventude: “priorizei a construção de políticas públicas para atender essa faixa etária, além de criar vários projetos de lei para coibir a violação e garantir os direitos, principalmente os das minorias”. Até hoje como um ser altamente social, Jucelio continua na luta por alunos bem informados e cidadãos mais conscientes de seus direitos e deveres.

Em 2016 Jucelio Maria foi candidato à reeleição para vereador em Juiz de Fora – MG pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro) e teve orgulhosos 3618 votos populares. Porém uma decisão judicial impediu sua posse: “deram o direito a outro candidato que concorreu subjudice, pois estava impugnado e assim inelegível”, lamentou e teve que ficar na primeira suplência do PSB. Em 2018 voltou à Câmara Municipal para 45 dias de mandato fazendo uma brilhante audiência pública contra o Feminicídio. Muito comprometido e compromissado Jucelio, não perdeu tempo, se alegrou de estar de volta à Câmara Municipal, arregaçou as mangas e rapidamente apresentou um plano de ação. Ele sabia que seria um período curto, mas se propôs a fazê-lo com intensidade. Desde 2016 Jucelio tinha assumido a vice-presidência do PSB em Juiz de Fora e de 2017 a 2022 passou para a assessoria política do partido. De 2018 a 2020 Jucelio exerceu a função de Secretário Parlamentar do Deputado Federal Júlio Delgado, lotado no gabinete de sua base em Juiz de Fora. Na foto abaixo Jucelio assina o termo de posse como vereador com a mãe sempre presente em sua vida.

Em 20 de novembro 2018 o ex-vereador de Juiz de Fora Jucelio Maria (foto abaixo) foi convidado para participar do dia da Consciência Negra, um evento para marcar a data, na sede administrativa do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino no Município de Juiz de Fora (Sintufejuf). Jucelio fica sempre honrado quando o chamam para falar de Política, principalmente, quando o objetivo é falar do papel do cidadão. Intitulado “Café com Debate” teve como tema “Os desafios da luta antirracista na atual conjuntura política” e contou com a presença da referência do movimento negro em Juiz de Fora, Adenilde Petrina, militante do Coletivo Vozes da Rua, filósofa e doutora honoris causa da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Estiveram presentes, o presidente do Conselho Municipal para a Promoção da Igualdade Racial (COMPIR) Rogério Silva (ao lado de Jucelio na foto abaixo), a segunda secretária do Sintufejuf Maria Ângela Costa e o representante da Apes Jalon de Morais Vieira (esquerda na foto abaixo).

Nas eleições de 2020 Jucelio foi diplomado como primeiro suplente. Mas nem por isso parou de trabalhar para mudar e ou melhorar os destinos dos juizforanos. Neste ano, em plena pandemia, para manter a sanidade mental e dar conta do afastamento social, que não foi brincadeira não, Jucelio se aproximou mais de seu interior e começou escrever poemas em sua casa no Bairro São Pedro: “associei essa manifestação a uma outra paixão, a fotografia, unindo os poemas aos registros feitos nas andanças, caminhadas e observações da vida”. Em 2021 Jucelio entrou no edital da Lei Murilo Mendes para editar seu primeiro livro de poemas com o título “Poemas Que Me Tiram Do Chão”, mas não foi contemplado. Abaixo um dos muitos poemas que o representam intitulado “Tempo pra tudo” de 2023:

A convite da PJF, se reencontrou com historiador Antônio Henrique Duarte de Lacerda e a Doutorado em Ciência Política Helena da Motta Sales, parceiros da Comissão Municipal da Verdade de Juiz de Fora, da qual participou em 2014. (Foto abaixo)

A ocasião era uma homenagem a Eny Raimundo Moreira, defensora e militante dos direitos humanos: “plantamos um Ipê pra lembrar da mulher destemida que foi”. Jucelio explicou que ela foi uma militante dos direitos humanos, que defendeu presos políticos durante o regime militar. Entre 1964 e 1979 como advogada fotocopiou os processos do Superior Tribunal Militar, aproveitando que a lei permitia que os advogados estudassem os processos durante 24 horas. Ela criou em 1979 o Comitê Brasileiro pela Anistia e foi uma figura central do Projeto Brasil Nunca Mais, a mais ampla pesquisa realizada pela sociedade civil sobre a tortura política no país, que, em 1985, expôs a gravidade das violações aos direitos humanos promovidas pela repressão política durante a ditadura militar.
Desde 2022 Jucelio disposta a empreender, passou a dar aulas particulares de história como professor autônomo. Na foto abaixo Jucelio se reencontrou com o irmão gêmeo (Major aposentado da PMMG) para comemorar os 57 anos e, com certeza nessas duas oportunidades com a Pandemia de COVID-19 quase no fim, trocaram muitas experiências de vida e recordações.

Mas o Mundo gira e Jucelio vai junto: “minha vida sempre foi pautada em ações que pudessem contribuir para o bem da coletividade, para ter um espaço saudável pra viver e conviver, por entender que toda transformação só acontece, quando o desejo individual se junta a vontade de todos”. Jucelio é palestrante de temas que contribuam na construção de um senso autocrítico e um pensamento crítico capaz de formar cidadãos ativos na sociedade. Por tudo isso, nas festividades para comemorar os 100 anos de Miraí em maio de 2023, Jucelio recebeu a Comenda Ataupho Alves, uma homenagem de sua cidade natal, da Prefeitura Municipal de Miraí e do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Miraí em reconhecimento, consideração e agradecimento sincero. A comenda é destinada àqueles que contribuem com a divulgação e a preservação do Patrimônio material e imaterial da cidade de Miraí. Comenda dedicada à sua querida mãe que faleceu em 2023. (Fotos abaixo)

Agora, por toda sua vida, obra e luta desde os seus 17 anos pelo bem comum do Município de Juiz de Fora Jucelio Aparecido José Maria – juizforano de coração – já merecia receber um título de Cidadão Honorário da Câmara Municipal de Juiz de Fora, cidade que tanto se beneficiou dos esforços dessa figura pública com 41 anos de trajetória de compromisso e comprometimento. Fica a dica para os vereadores. Motivos não faltam!

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FONTE/CRÉDITOS: Jucelio Maria
Alexandre Müller Hill Maestrini

Publicado por:

Alexandre Müller Hill Maestrini

Alexandre Müller Hill Maestrini é professor de alemão no Instituto Autobahn e autor de quatro livros: Cerveja, Alemães e Juiz de Fora, Franz Hill – Diário de um Imigrante Alemão, Lindolfo Hill – Um outro olhar para a esquerda e Arte Sutil.

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