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Domingo, 08 de Setembro de 2024
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Wilker Moroni – Advogado e Presidente da Comissão OAB Jovem

Nossas Riquezas Pretas de Juiz de Fora #036

Alexandre Müller Hill Maestrini
Por Alexandre Müller Hill...
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Wilker Moroni – Advogado e Presidente da Comissão OAB Jovem
Wilker Moroni de Oliveira Soares
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O objetivo dessa série é dar visibilidade para aqueles que a sociedade sempre tentou tornar invisíveis. Assim nasceu a série Nossas Riquezas Pretas de Juiz de Fora. E você? Já sentou com uma pessoa negra para ouvir sua história? Este aqui é o #NossasRiquezasPretasJF, um projeto antirracista do Instituto Autobahn que visa destacar os expoentes negros do município de Juiz de Fora e legar exemplos positivos de sucesso para as futuras gerações. Iniciado em 2023 com o formato de coluna na RCWTV, a reportagem #001 foi sobre Carina Dantas, #002 Antônio Carlos, #003 Geraldeli Rofino, #004 Sérgio Félix, #005 Fernando Eliotério, #006 Maurício Oliveira, #007 Ademir Fernandes, #008 Gilmara Mariosa, #009 Batista Coqueiral, #010 Cátia Rosa, #011 Eliane Moreira, #012 Antônio Hora, #013 Ana Torquato, #014 Alessandra Benony, #015 Sil Andrade, #016 Joubertt Telles, #017 Edinho Negresco, #018 Denilson Bento, #019 Digo Alves, #020 Suely Gervásio, #021 Tânia Black, #022 Jucelio Maria, #023 Robson Marques, #024 Lucimar Brasil, #025 Dagna Costa, #026 Gilmara Santos, #027 Jorge Silva, #028 Jorge Júnior, #029 Sandra Silva, #030 Vanda Ferreira, #031 Lidianne Pereira, #032 Gerson Martins, #033 Adenilde Petrina, #034 Hudson Nascimento, #035 Olívia Rosa e agora é a vez de apresentar a trajetória de #036 Wilker Moroni.

Por Alexandre Müller Hill Maestrini

O simpático Wilker Moroni de Oliveira Soares, com apenas trinta anos atua como competente advogado criminalista e desde 2022 é o Presidente da Comissão OAB Jovem de Juiz de Fora da 4ª Subseção da OAB/MG. Ele é Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Estácio de Sá de Juiz de Fora. Hoje o empresário é sócio-proprietário do escritório Moroni & Pereira consultoria jurídica especializada, com sede em Juiz de Fora, onde nos recebeu para uma entrevista agradável. Apesar de uma bela história de conquistas: “considero a minha trajetória normal”, comentou com modéstia. Relatando os fatos podemos perceber que ele é muito ativo: “eu já atuei em mais de 837 processos como advogado, a maioria no Estado de Minas Gerais e outros em diversos estados do Brasil”.
Wilker não conhece bem sua ancestralidade, e até onde sabe sua família é daqui mesmo: “minha família sempre passou por muitas dificuldades, que perduram até hoje”. A família tem somente muito poucas fotos: “o custo de registrar tudo em fotografias eram muito alto para nossas posses”. Ele teve a oportunidade de conviver com sua bisavó materna conhecida como Dona Joana Bernardo: “me lembro com muito carinho dela”. Para ele, não ter referências familiares é comum na população brasileira: “somos bastante miscigenados e eu acredito que a minha genealogia não tenha fugido muito dessa regra”. Wilker acredita que, em algum momento, algum antepassado seu foi trazido para o Brasil: “assim deve ter sido a história da minha família, porém não tenho um conhecimento profundo em relação aos meus antepassados”, lamentou o apagamento social. Buscando na memória oral familiar, escutou de alguns parentes e se lembrou que: “em algumas oportunidades, minha bisavó materna disse que tinham alguns parentes próximos a ela que foram escravizados”.
Uma das vantagens de você vir de uma família de brancos é que você sabe de onde veio: “mas eu não tenho minha árvore genealógica inteira”, comentou. Para Wilker: “as histórias dos brancos são muito diferentes das pessoas que são descendentes de escravizados no Brasil, que muitas vezes não sabem, ou sabem até a avó, às vezes até a bisavó, mas dali não passa”. Mesmo não conhecendo seus antepassados longínquos, Wilker costuma dizer que: “minhas Influências familiares são a minha mãe Célia Maria de Oliveira (foto abaixo) e a minha vó materna Maria das Graças de Oliveira, exemplos para mim de trabalho, amor e dignidade”.

A mãe Célia trabalha até hoje e sua avó já está aposentada: “após trabalhar como empregada doméstica grande parte da sua vida, na verdade uma escravidão moderna, né?”, falou com tristeza. Ele considera seu núcleo familiar asuagrande paixão e representa para ele motivação de vida: “é na família que se cria o sentimento de pertencimento e se estabelece o início da socialização”. Para Wilker, sem os familiares ele acredita que não teria chegado até onde chegou: “já meu pai Davis Anderson (foto acima) é exemplo de força, proteção e provisão”, completou que: “meus irmãos são a personificação do companheirismo e do carinho. Já meus sobrinhos representam a alegria eminha esposa é um exemplo de amor total”, declarou. 
Nascido no dia16.05.1993, crescido e criado no bairro Ipiranga, fez seu ensino básico na Escola Municipal Jesus de Oliveira e o ensino fundamental na Escola Municipal Gabriel Gonçalves da Silva, todas no mesmo bairro. Já o ensino médio Wilker concluiu em 2011 na Escola Estadual Governador Juscelino Kubitschek, no bairro Santa Luzia. Durante este período escolar, Wilker sempre esteve somente em escolas públicas e sentiu diversas dificuldades em relação às escolas particulares: “apesar dos professores serem muito empenhados, o sistema educacional público não consegue preparar o jovem periférico para concorrer com outros jovens do ensino particular”, lamentou o desperdício que o Brasil comete perdendo todas essas capacidades.
Wilker se vê numa trajetória um pouco igual à maioria das pessoas de famílias humilde e de negros e da periferia. Mas na verdade não foi: “eu comecei a trabalhar muito cedo, desde os 16 anos. Isso já me deu bastante maturidade para encarar os desafios futuros, com a mentalidade de que eu tinha que aproveitar a oportunidade”. Porém ele mesmo confessou que: “por trabalhar para ajudar a me sustentar, não pude me dedicar aos estudos como os alunos de escolas particulares que não precisam sair para trabalhar”, triste realidade da desigualdade. Wilker trabalhou no Programa Municipal de Atendimento a Adolescentes (PROMAD da PJF), que é um programa promove a inclusão social de jovens através da capacitação para o mercado de trabalho. Ele foi designado atuar no setor de protocolo da Secretaria de Esportes e Lazer e, apesar de estudar num turno e trabalhar no contraturno escolar: “a ideia é boa, mas como negro, pobre e periférico não pude me dedicar como queria aos estudos”.
Em 2012 Wilker teve uma passagem pelo Exército Brasileiro: “porém identifiquei que ali não era o meu lugar”. Ele sempre foi muito curioso, confessou: “busco saber de tudo e queria aprender mais e mais”. Wilker também já era apaixonado em poder comunicar o que aprendia, mas sentia a pressão do pioneirismo familiar: “tinha também uma expectativa grande da minha família pelo fato de eu sempre aparecer muito e ter me destacado na escola”. Seu sonho era ser advogado e Wilker teve o apoio financeiro da mãe que, com muito sacrifício, conseguiu pagar o Curso Pré-Universitário. Lamentavelmente como a maioria dos jovens de periferia que precisam trabalhar cedo, Wilker não conseguiu aprovação para cursar direito na universidade pública da UFJF: “percebi no curso particular Pré-Universitário que os alunos tinham muitas aulas de história, coisa que eu nunca tinha tido na escola pública”, lamentou a realidade concluindo que: “esse é somente um dos exemplos das deficiências escolares das escolas públicas em comparação às escolas particulares”.
Com essa discrepante realidade, para ele: “os negros, pobres e periféricos acabam injustamente tendo invertida as necessidades de equidade para que todos os brasileiros tenham a mesma oportunidade”. Wilker reconhece a triste realidade que: “jovens ricos ingressam na universidade pública e gratuita, mesmo tendo posses, e os jovens pobres acabam tendo que pagar ou se endividar ou buscar uma bolsa, que na verdade é sempre em troca de algum serviço”.
Com a mãe novamente ajudando a realizar seu sonho, em fevereiro de 2013 o jovem Wilker, determinado, entrou para o Bacharelado em Direito no Centro Universitário Estácio de Sá de Juiz de Fora. Um dos motivos da sua escolha pelo curso universitário foi que: “eu vi nos estudos a única possibilidade de crescer na vida, pois a gente que vem de um meio que não é muito privilegiado, num contexto onde vários amigos meus, que foram criados comigo, estão hoje presos ou mortos”, e confessou que não queria esse futuro para ele. Já no quarto período da faculdade ele conseguiu fazer o ENEM novamente e pleiteou uma bolsa de 100% pelo FIES.
Mas o consciente Wilker lembrou que o FIES não é de graça: "é um financiamento com taxa zero, que a partir do primeiro mês após a conclusão do curso o bolsista deverá começar a pagar". Ele lembrou também que: “os ricos que puderam cursar a universidade gratuita nada terão que devolver ao Estado Brasileiro e já iniciam a carreira mais uma vez em vantagem em relação aos pobres”. Dedicado, Wilker logo se tornou monitor de direito penal (foto abaixo) e em 2015 participou do trabalho de pesquisa de iniciação científica, desenvolvida no Centro Universitário Estácio de Juiz de Fora, no curso de Direito com o tema “O Pluralismo jurídico na dogmática constitucional: por um sincretismo nas unidades teóricas”, sob a orientação da Prof. Dra. Virna Ligia Fernandes Braga.

Por ter vindo de família humilde, quando ingressou no ensino superior, a expectativa familiar aumentou: “porém eu era um motivo de orgulho enorme e eu queria muito dar esse retorno para os meus pais”, confessou agradecido. O tempo que passou no ensino superior foi muito importante para ele: “além das pessoas, dos conhecimentos e de formar o meu caráter, a faculdade me ensinou a trabalhar em grupo e a interagir com o outro”. Foi na faculdade que Wilker entendeu que existia sim um futuro para ele no campo pessoal e como negro: “percebi isso quando eu fazia minhas apresentações e entregava meus trabalhos. Eu era reconhecido como um dos melhores. Passei a acreditar no meu potencial e comecei a investir mais em mim”. Como reconhecimento maior, ainda no 9º período da faculdade, Wilker foi aprovado no exame da Ordem dos Advogados do Brasil.
Em 2017 Wilker se formou e imediatamente começou a advogar: “e não parei mais. Para mim o Direito proporcionou a oportunidade de mudar minha realidade social”. Ele dá conselho aos mais jovens que: “a dedicação aos estudos é tudo o que a gente tem para ser alguém. Se a vida com diploma já é difícil, imagina sem ele”. Para Wilker o nível superior é de extrema importância para conquistarmos nosso espaço e citou George Bernard Shaw que: “os desafios só me fortaleceram, pois a vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos”, declarou. Muito musical, declamou o verso do rapper Emicida, da música AmarElo (vídeo abaixo): “Cê vai atrás desse diploma/Com a fúria da beleza do sol, entendeu?/Faz isso por nóiz”. Para Wilker isso é a prova de que ingressar na universidade foi mais do que uma conquista pessoal: “foi a realização do sonho de meus ancestrais”. Ele fez questão de contar que na sua família só três fizeram ou fazem faculdade: “eu fui o primeiro membro da família a ter um diploma superior”. Apesar do pioneirismo, atualmente ele já tem dois irmãos que seguiram o seu caminho e estão cursando o ensino superior: “um faz Direito e o outro cursa Educação Física”, se orgulhou do exemplo deixado como legado.

Desde 2018 atua exclusivamente como advogado criminalista e durante os 12 meses do ano de 2018, Wilker também cursou uma pós-graduação EAD em Direito Processual Penal pela Faculdade Damásio Educacional (Faculdade Devry Brasil) de São Paulo. Em janeiro de 2019, já integrado na OAB/JF, aconteceu a primeira reunião do ano da Comissão de Direito Criminal e Assuntos Prisionais da OAB/JF, onde foram planejadas ações para 2019. O encontro ocorreu no Auditório da Escola Superior de Advocacia (ESA). Na oportunidade, foi discutida a realização de um Seminário Jurídico, além de outros assuntos relevantes da classe. Wilker era claramente o único advogado negro da comissão (foto abaixo).

Em abril de 2020 Wilker se uniu aos advogados Emmanuel Pedro Soares Pacheco, Humberto Pereira da Silva, Pedro Henrique Reis e Souza e fundaram o escritório Moroni, Pereira, Pacheco & Reis Advogados para prestar serviços advocatícios em geral. Buscando voos mais altos, em fevereiro de 2022, Wilker se uniu ao advogado Humberto Pereira da Silva para fundar a Moroni & Pereira Advogados com escritório próprio na Rua Batista de Oliveira 1164 Sala 801, no edifício Le Quartier Granbery, no coração de Juiz de Fora. Wilker se dedica atualmente somente a área criminal: “mas a empresa atua também nos setores do Fórum, Juizado Especial, Justiça Federal, Justiça do Trabalho, nas varas Cível e Família”.
Ele contou que por serem um escritório jovem e dinâmico, contam com profissionais de alta qualidade técnica focados em oferecer alta qualidade, flexibilidade e honorários competitivos. Um diferencial dos jovens advogados é que: “buscamos com nosso dinamismo superar a lentidão e a burocracia da justiça”, comentou seus ideais, sua meta e desejo de acelerar os processos, dando mais dignidade aos cidadãos. O ano já estava sendo um sucesso, mas em 06.08.2020 Wilker se casou com a advogada em Direito de Família e Sucessões, Maíre Almeida, que conseguiu nesse ano sua aprovação na OAB e recebeu em novembro a carteira da OAB diretamente das mãos do próprio marido e do Diretor institucional da OAB/MG Wagner Antônio Policeni Parrot (foto da direita abaixo).

Desde março de 2022 Wilker é também Defensor Dativo do Conselho de Ética e Disciplina da OAB/MG, nomeado pela portaria conjunta nº 011/2022. Incansável, em outubro de 2022 na Sede da OAB/JF, participou ativamente do evento “Diferentes caminhos do Direito”, promovido pela Comissão de Estudantes da OAB/JF, como palestrante e Presidente da Comissão OAB Jovem da OAB/JF. Na ocasião puderam mostrar ao público as vantagens e desvantagens de cada carreira do Direito. O Vice-Presidente do Conselho de Ética da OAB/JF, Arão da Silva Júnior foi o mediador da noite. Ao final das palestras foram sorteadas duas bolsas de mentoria do curso Elite, preparatório para o Exame da OAB. Na foto abaixo vemos Wilker como único negro da comissão, apesar de mais de 50% da população brasileira ser composta de negros e pardos.

Ainda em 2022, além do sucesso profissional na área do Direito, Wilker encontrou tempo para realizar uma outra paixão, a música: “eu sempre escutava todo tipo de música e até já quis ser músico”. Ele já fez parte da banda da igreja e já foi baterista: “eu me arriscava também com outros instrumentos”, mas agora ele procurou o professor e baixista Lucas Guida e começou a aprender baixo do zero: “em pouco tempo aprendi a tocar as músicas que queria, compreendendo as escalas e acordes presentes, desenvolvendo a capacidade de criar minhas próprias linhas, meu próprio som e me expressar em diferentes contextos”, relatou. (Vídeo abaixo)

Em suas lutas, Wilker confessou que: “tudo o que eu espero é justiça” e citou o revolucionário Martin Luther King Jr: “lutam melhor quem têm belos sonhos”. Centrado nessa linha de pensamento Wilker sonha com uma sociedade justa, sem preconceitos e igualitária: “o exercício da advocacia assume uma grande importância, pois os advogados e advogadas carregam no DNA da atividade profissional a busca, sem tréguas, pelos direitos fundamentais do ser humano”. Ele comentou o propósito: “pois nosso maior compromisso é com a construção da cidadania. Trata-se de profissão pautada pelo princípio da igualdade entre os homens, sem a qual os direitos e a dignidade são inalcançáveis”. Mas Wilker sente na pele que é uma luta árdua: “pois a raiz desse sonho é a plena democracia, o regime da liberdade”. Antes dele, Martin Luther King, Nelson Mandela, Mahatma Gandhi foram alguns entre tantos exemplos de lideranças que caminham com a mesma inabalável convicção de que: “independentemente da cor, o ser humano é igual na essência”.

Wilker destacou a importância do trabalho voluntário que realiza a frente da Comissão OAB Jovem JF (foto acima), que é uma Comissão é voltada ao auxílio do(a) advogado(a) com até cinco anos de inscrição: “na foto acima já podemos observar mais negros e pardos na profissão de advogado”. Atualmente, além de ser uma das comissões mais atuantes da OAB/JF, é formada por mais de cento e setenta e cinco integrantes, sendo uma das maiores, senão a maior comissão em número de membros, da Subseção. Wilker também realiza trabalho social e voluntário em prol da comunidade em gehttps://www.juizdefora-oabmg.org.br/noticias/exibir/5389/Comissao-da-OABJF-engaja-esforcos-para-debater-sobre-racismo.htmlral como participação em ações sociais, análise de documentação para registro de pequenas empresas, palestras e cursos em escolas públicas da cidade, etc: “é nesse voluntariado que eu consigo devolver um pouco para a sociedade tudo aquilo que eu conquistei e demonstrar aos demais jovens negros da periferia que é possível vencer na via através do esforço e do estudo”.

Entre os dias 16 e 17 de outubro de 2023 a Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil e Combate ao Trabalho Escravo Moderno da OAB Juiz de Fora, em parceria com as Comissões OAB Jovem JF e de Direitos Humanos e Cidadania da OAB/JF, promoveu, de forma remota, o “Curso OAB Antirracista: Entenda as Raízes do Racismo” (foto acima), onde tive a oportunidade de ser um dos palestrantes. A iniciativa contou com relevantes nomes na luta contra o racismo. Contribuíram para o debate a Presidente e a Vice-Presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil e Combate ao Trabalho Escravo Moderno da OAB/JF, Carina Pollyana Augusta da Silva Dantas e Vanessa de Almeida Pereira; as Membros da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da OAB/JF, Cleidy Carolina dos Santos e Cláudia das Graças Ignácio; o Presidente da Comissão OAB Jovem, Wilker Moroni; a Presidente da Comissão Estadual da Verdade da escravidão negra no Brasil da OAB/MG, Rita Galvão; e o Presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB/SP, Irapuã Santana. Wilker declarou que: “eventos como esse são extremamente necessários na luta contra o racismo estrutural e institucional” (vídeo abaixo representativo), além da união da própria população negra que ocupa espaços de poder.

Em 26.02.2024, o Conselho de Ética e Disciplina (CED) da OAB/JF realizou a primeira reunião do ano com os Conselheiros Subseccionais e Defensores Dativos. Durante o encontro, novas metas foram traçadas e o cronograma anual foi estabelecido. Participaram da reunião os Conselheiros Dativos Wilker Moroni de Oliveira Soares, Eduardo Augusto Magela Meirelles, Josué Santana Maia, Rozane Aparecida da Silva Fregulia; o Presidente e a Vice-Presidente do CED, Arão da Silva Júnior e Walníbia Aparecida Nascimento lobo; os Conselheiros Subseccionais Bianca Motta Reis, Cláudia das Graças Ignácio, Cláudia Vieira Campos, Cleidy Carolina dos Santos, Flaviano Ranção Vieira, Jessé Cancino Bretas, Luiz Fernando Cunha Júnior, Marcelo Linhares da Silva e Ondina Alves Ladeira; e o Procurador Regional de Prerrogativas da OAB/MG, Sandro Henrique Pedretti Menezes (foto abaixo).

Para o sonhador Wilker, Juiz de Fora é uma cidade boa e um terreno fértil para a educação, cultura e lazer, com uma intensa vida cultural, com seus teatros, espaços culturais e galerias de artes, etc: “mas a segurança pública me preocupa, pois as vezes estamos diante de situações que demandam políticas do que polícias”. Para o especialista criminal o encarceramento volumoso da população periférica e as notícias recorrentes de abusos policiais praticados na periferia são situações que o preocupam, além das constantes violações aos direitos humanos que resultam de um sistema prisional abarrotado: “precisamos também melhorar a qualidade do ensino público que é oferecido aos jovens da periferia”. Para o especialista criminal que veio de periferia, o encarceramento em massa da população negra e pobre é um absurdo e resultado de uma política estrutural racista: “tenho pessoas que foram criadas comigo que hoje são meus clientes na área criminal”.
Para Wilker o país tem uma política de drogas equivocada que levou e leva o encarceramento brutalizante e racista da população negra e jovem: “na verdade são esses que vão realmente para a cadeia”, e contextualizou: “ocorre que na periferia um negro com uma pequena quantidade de droga é traficante, nos bairros chiques o branco de posses com um carro de luxo e com a mesma quantidade de droga é considerado usuário”, lamentou. Para Wilker o grande problema é o estereótipo do negro bandido, incutido a século nas cabeças, inclusive de muitos negros: “eu sempre peço para as pessoas fecharem os olhos e imaginarem um traficante. Entendeu? Provavelmente você imaginou um negro sem camisa”. Isso é racismo institucional e ele acredita que é necessário uma mudança na legislação, do direito penal e iniciativas de combate ao racismo eficientes: “acho que a descriminalização do uso de drogas será necessária, mas sou contra a descriminalização do tráfico”. Wilker acha que para reverter o racismo estrutural em Juiz de Fora e no Brasil: “serão necessárias ações que vão além do nível individual. Será necessário investir em políticas públicas que promovam a inclusão e igualdade racial e a conscientização da população sobre a importância da diversidade e do combate às desigualdades raciais”.
Infelizmente, comentou Wilker com experiência que: “no poder judiciário e no ministério público a gente vê ainda na prática um desequilíbrio racial com os brancos julgando e processando pretos, sem que haja uma representatividade dos profissionais negros, nem no ministério público nem nos juízes criminais”. Ele explicou que: “a exemplo da comarca de Juiz de fora onde existem seis varas criminais com competência criminal e nenhum dos juízes ou promotores de justiça é negro ou negra”. Na verdade, lamentou, que estamos diante de um fenômeno que não é só local e nem somente restrito ao poder judiciário: “porém o que ainda pesa é a questão da representatividade, e o poder judiciário não espelha a sociedade brasileira”. No contexto atual quem passa nos concursos para juiz ou promotor público ainda são os jovens brancos: “e o que mais vemos é uma maioria de negros jovens nas cadeias e promotores brancos denunciando e juízes brancos processando”, lamentou. Mas isso há de mudar.

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FONTE/CRÉDITOS: Wilker Moroni de Oliveira Soares
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Alexandre Müller Hill Maestrini

Publicado por:

Alexandre Müller Hill Maestrini

Alexandre Müller Hill Maestrini é professor de alemão no Instituto Autobahn e autor de quatro livros: Cerveja, Alemães e Juiz de Fora, Franz Hill – Diário de um Imigrante Alemão, Lindolfo Hill – Um outro olhar para a esquerda e Arte Sutil.

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