O objetivo dessa série é dar visibilidade para aqueles que a sociedade sempre tentou tornar invisíveis. Assim nasceu a série Nossas Riquezas Pretas de Juiz de Fora. O #NossasRiquezasPretasJF é um projeto antirracista do Instituto Autobahn que visa destacar os expoentes negros do município de Juiz de Fora e legar exemplos positivos de sucesso para as futuras gerações. Iniciado em 2023 com o formato de coluna na RCWTV, a reportagem #001 foi sobre Carina Dantas, #002 Antônio Carlos, #003 Geraldeli Rofino, #004 Sérgio Félix, #005 Fernando Eliotério, #006 Maurício Oliveira, #007 Ademir Fernandes, #008 Gilmara Mariosa, #009 Batista Coqueiral, #010 Cátia Rosa, #011 Eliane Moreira, #012 Antônio Hora, #013 Ana Torquato, #014 Alessandra Benony, #015 Sil Andrade, #016 Joubertt Telles, #017 Edinho Negresco, #018 Denilson Bento, #019 Digo Alves, #020 Suely Gervásio, #021 Tânia Black, #022 Jucelio Maria, #023 Robson Marques, #024 Lucimar Brasil, #025 Dagna Costa, #026 Gilmara Santos, #027 Jorge Silva, #028 Jorge Júnior, #029 Sandra Silva, #030 Vanda Ferreira, #031 Lidianne Pereira, #032 Gerson Martins, #033 Adenilde Petrina, #034 Hudson Nascimento, #035 Olívia Rosa, #036 Wilker Moroni, #037 Willian Cruz, #038 Sandra Portella, #039 Dandara Felícia, #040 Vitor Lima, #041 Elias Arruda, #042 Bruno Narciso, #043 Régis da Vila, #044 Claudio Quarup, #045 Wellington Alves, #046 Lucimar Silvério, #047 Paul Almeida, #048 Negro Bússola, #049 Zélia Lima e #050 Paulo Cesar Magella.
Por Alexandre Müller Hill Maestrini
Com um belo currículo, apesar de jovem, Elias Rodrigo de Arruda já é mestre em jornalismo com passagens por diversos órgãos de imprensa locais e atualmente doutorando em Comunicação pela UFJF. Mas sua vida começou com muitas dificuldades, comuns aos jovens negros e de periferia: “mesmo vivendo nesse contexto os jovens têm histórias, cultura, sonhos, desejos, vontades e necessidades”, contextualizou. Então, não seria possível falar da trajetória desse brilhante jornalista sem deixar que ele mesmo se apresentasse no vídeo abaixo.
Elias nasceu em 30.09.1995, no bairro Santa Efigênia, na Zona Sul de Juiz de Fora – MG: “foi onde vim ao mundo, cresci e me desenvolvi. Nesse ambiente, enfrentei muitos desafios, mas também encontrei apoio e inspiração para seguir meus sonhos”, lembrou. Elias era um menino que tinha tudo para dar errado na vida, mas ele transformou tudo para dar certo: "sou muito fã de uma banda que mudou a forma como enxergo a vida, o Rosa de Saron. Uma das músicas da banda diz que somos o que fazemos para mudar o que fomos”. Para Elias: “é assim que devemos permanecer, com essa convicção todos os dias”, comentou. (Vídeo abaixo)
Elias viveu com a tia-avó Julieta de Arruda, na época com 65: "foi ela a responsável por minha criação e educação desde os três meses de vida". A tia-avó, a quem ele carinhosamente chamava de Dinha, e que considerava como sua mãe, o criou até os 21 anos, até falecer em 25.04.2016: “foi ela quem o ensinou as principais virtudes da vida. Para mim quem na realidade educa é a família”, agradeceu. No dia em que a Dinha se foi: “prometi que faria tudo por ela. A ela devo minha vida e tudo aquilo que sou”, confessou seu amor. Elias é o mais velho de outros dois irmãos por parte de mãe, a Ana Carolina e o Pedro Willian, o mais novo.
Quando sua mãe engravidou, ela tinha apenas 13 anos, como acontece muito na periferia, sua mãe biológica era muito jovem quando ele nasceu: "ela tinha apenas 14 anos", contou. Na época em que Elias nasceu: “minha avó enfrentava uma situação complexa na vida. A Dinha (foto abaixo na direita) assumiu então a responsabilidade, não apenas por mim, mas por toda a nossa família, incluindo minha avó materna e minha mãe biológica”. Foi sua Dinha Julieta quem construiu a casa onde moravam com muito sacrifício: “ela trabalhava como cozinheira e moramos neste local até hoje”. Sua Dinha e sua avó vieram da cidade de Tocantins – MG: “nunca foi fácil, minha avó conta que os meus bisavós nasceram na mata. Infelizmente não temos mais referências sobre nossos antepassados, o que é triste por ter se perdido na história”, lamentou Elias.
Já sobre a família do seu pai biológico, confessou não saber quase nada: "o nome do meu pai nem está na minha certidão de nascimento". Elias não foi registrado com nome do seu pai, que já faleceu: “mesmo morando em Juiz de Fora não tivemos contato, só pude vê-lo uma vez quando ainda era criança”, comentou. De fato o pai nem fez parte da história de Elias: “na minha trajetória foram outras pessoas que supriram essa ausência paterna, oferecendo-me suporte para o desenvolvimento com dignidade”. Ele contou que desde a infância teve a sorte de ter muitas pessoas boas e ao seu lado.
Elias sempre estudou em escolas públicas próximas à sua casa: “inicialmente fui para aEscola Municipal Doutor Antonino Lessa, no bairro Santa Efigênia”. Depois ele frequentou a Escola Estadual Marechal Mascarenhas de Moraes no bairro Teixeiras (fotos acima em dois tempos): “além de participar ativamente de projetos e atividades extracurriculares, eu organizava mobilizações pedindo melhorias para a escola, incluindo questões como o salário dos professores e questionamentos sobre a atuação da Polícia Militar na escola, após a agressão generalizada de alunos por parte da corporação”, comentou. Para ele o Polivalente Teixeiras foi fundamental na sua formação como pessoa e na sua visão social: “lá fui inspirando minha vontade de lutar por aquilo que acredito”.
Elias já se envolvia na política local como delegado de plenária no Parlamento Jovem. De janeiro de 2011 a dezembro de 2012 ele participou como Delegado de Plenária das Conferências Regional, Estadual e Nacional de Políticas Públicas para a Juventude nas cidades de Juiz de Fora, Araxá e Brasília: “as conferências foram criadas para a elaboração de um plano nacional de Juventude, e como delegado eu era responsável pela análise e aprovação das propostas”, comentou. Na entrevista, Elias demonstrou que não é do tipo que só reclama e não faz nada: "me interesso pelos debates que envolvem a sociedade. Sempre que possível participo de audiências na Câmara Municipal e acho que parte da responsabilidade para mudar a realidade é da própria juventude”.
Em 29.6.2012, Elias era ainda estudante e coordenador do Grupo de Trabalho Participação Coletiva no Espaço da Escola, do Município de Juiz de Fora. Na ocasião ele presidiu o Parlamento Jovem e prestou esclarecimentos na Assembléia Legislativa de Minas Gerais em Belo Horizonte sobre o processo de discussão dos grupos de trabalho sobre o tema: "Educação Cidadã", dentro da 19ª Reunião especial, na 2ª sessão legislativa ordinária da 17ª legislatura. Elias desde jovem se envolveu nas atividades da igreja da localidade e se tornou um formador de Crisma na Paróquia São Pio X, no bairro Ipiranga: “para mim, a minha atuação em grupos de jovens tem feito a diferença em minha caminhada e postura na vida”. Elias confessou ter ficado apaixonado pelo jeito, carisma e pelos ensinamentos do Papa Francisco quando este visitou o Brasil na Jornada Mundial da Juventude (JMJ Rio2013).
Ainda em 2012 como estudante do nível médio, Elias participou do Programa Jovem Aprendiz do Programa de Promoção do Adolescente Aprendiz e Jovem Trabalhador (PROMAD – AMAC/PJF): “no programa de Inclusão Produtiva trabalhei como auxiliar administrativo na Universidade Salgado de Oliveira – Universo”. Nas horas livres, Elias já se apresentava como ator na Companhia Teatral Humor Mineiro (fotos abaixo), dirigida por Mateus Moura e Lair Braida.
Nessa época surgiu a ideia de criar um personagem: “foi depois de ficar perplexo ao presenciar duas ocorrências de violência na periferia, no bairro Jardim Gaúcho”. Como os outros garotos da sua idade, Elias gostava de estar entre amigos, assistir TV e navegar na internet. De uma forma simples, sem grandes pretensões, queria só deixar sua mensagem e marcar a diferença. Como ele não se envolvia em brigas, achou que seria injusto acontecer algo com ele ou com outro inocente por nada: “daí surgiu a ideia de criar o Teixeirinha", afirmou. A gravação foi uma forma de alívio: “através dela eu pude expor a minha opinião e, ao mesmo tempo, passar um recado para todos", explicou. (Vídeo abaixo)
No vídeo acima, cheio de criatividade, protesto e crítica social, Elias viralizou com o vídeo "Revolta JF – O desabafo de Teixeirinha" onde ele pede o fim da violência usando a linguagem das gangues da periferia da Zona Sul de Juiz de Fora. Seu personagem Teixeirinha era um funkeiro marrento, mas consciente, do bairro Teixeiras, criado e gravado por Elias com a ajuda de cinco amigos, que também contribuíram na edição. No vídeo Teixeirinha protesta: "quantas vidas se foram por causa de nada. Quantas famílias choram por causa dessa merda. Parentes e amigos choram até hoje. Tudo por causa de quê: território". Para o personagem Teixeirinha, o homem é um produto do meio, frase usada por sociólogos e psicólogos na tentativa de explicar a sociedade.
Morador do bairro Santa Efigênia, na Zona Sul, mas periférica de Juiz de Fora, Elias com apenas 17 anos, insistia em combater a violência brutal: “já perdi diversos amigos para a criminalidade”, comentou e mostrou com humor que é possível sim seguir outro caminho. Elias postou seu vídeo no YouTube pois: “queria mandar uma mensagem pedindo o fim da rivalidade entre as gangues juvenis de Juiz de Fora”. Na época ele cursava o 3º ano do ensino médio na Escola Estadual Marechal Mascarenhas de Moraes, mais conhecida como Polivalente do Teixeiras: “meu desejo já era ser jornalista para denunciar tudo o que estivesse errado. Queria poder alertar e informar a população de tudo o que está ao nosso redor e, muitas vezes, fingimos não ver", filosofou.
Elias comentou que até hoje não vê os jovens sendo valorizados: “é preciso abrir mais portas, pois se os jovens tivessem mais oportunidades, não estariam na situação de vulnerabilidade", desabafou com lugar de fala de quem viveu na pele a violência. Segundo ele os jovens moradores dos subúrbios são vistos pela sociedade sob a ótica da violência, da criminalidade, de forma que imagens estereotipadas, associadas à transgressão e à marginalidade: "é contra os estereótipos que eu também quero lutar". Questionado sobre drogas e violência, respondeu que: "isso nunca aconteceu comigo, mas tenho amigos que, infelizmente, foram vítimas dessas ofertas e caíram nesse mundo”. Em apenas dois dias “Teixeirinha” viralizou. (Vídeo abaixo)
Com a viralização na internet, Elias foi convidado para palestrar na Câmara Municipal de Juiz de Fora: “lá expressei minhas opiniões sobre questões importantes do município e sobre a juventude. Essa experiência abriu portas para a grande mídia”. Elias ganhava cada vez mais destaque nas redes sociais e foi entrevistado por jornais escritos e em reportagens na televisão: “recebi convites para entrevistas na Tribuna de Minas, TV Integração e TV Alterosa”. Além disso outros portais da região o chamaram para contar suas experiências: “pude compartilhar minha história e perspectivas sobre diversos assuntos”.
Queria entrar para um curso superior em 2014: "mas não tinha certeza se conseguiria ingressar em uma universidade pública e fui o primeiro da família em um curso superior”. Elias foi menor aprendiz na faculdade e se enxergava distante a vida universitária: “mas decidido, fiz o Enem e consegui passar sem cursinho, contando apenas com o estudo da escola pública, o que foi fundamental para mim na época”. Primeiro ele conseguiu uma vaga pelo Prouni, dias depois foi chamado para a UFJF: “na universidade, percebi que eu e apenas outras duas pessoas éramos negras, e enfrentei muitos preconceitos por vir de escola pública”. Elias teve dificuldades não apenas com o conteúdo, por ter vindo de escolas públicas, mas também em se socializar devido às diferenças em relação aos demais alunos: “fui silenciado diversas vezes pela maneira como as pessoas na turma me tratavam, o que gerou uma grande dificuldade em minha vida universitária. Foram justamente essas experiências que me motivaram a buscar o mestrado e o doutorado, para que, como professor, eu pudesse ajudar outras pessoas como eu a não terem que enfrentar o que passei”.
No Bacharelado em Jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) muitas vezes Elias era alvo de risos pela sua forma de apresentar os trabalhos ou nas dúvidas que ele tinha em relação ao conteúdo universitário: “essas situações me geraram muitos gatilhos negativos com o passar dos anos”. Como forma de melhorar o problema, Elias atrasou as suas disciplinas em um semestre para não seguir com a mesma turma: “foi o suficiente para minha reorganização universitária e entendimento de que o racismo estrutural é um desafio em todas as áreas. A estratégia deu certo, logo participou como estudante de uma entrevista da TV Integração, sempre passando uma mensagem de otimismo e já era visível seu posicionamento firme e seu talento diante das câmeras. (Vídeo abaixo)
Muito ativo, durante o curso de jornalismo, em abril de 2015 Elias trabalhou também como apresentador na Produtora de Multimeios da UFJF: “no programa MOSAICO eu entrevistei o Allan Taxista, ex atacante do Tupi”, lembrou da experiência. (Vídeo abaixo)
Em 2016 Elias foi uma das 60 pessoas da Arquidiocese de Juiz de Fora que participaram da XXXI Jornada Mundial da Juventude com o tema “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia”. O evento foi em Cracóvia, na Polônia, entre os dias 26 a 31 de julho de 2016 e depois alguns deles aproveitaram para conhecer algumas cidades da Europa.
Em 2017, preocupado com os Direitos Humanos, Elias trabalhou durante seis meses como jornalista voluntário na Missão Continental Arquidiocese de Juiz de Fora – Haiti. Em julho daquele ano, seis pessoas da Arquidiocese de Juiz de Fora, incluindo o arcebispo metropolitano Dom Gil Antônio Moreira, embarcaram para o Haiti com o objetivo de estudar a possibilidade da criação de uma base missionária no local: “de Juiz de Fora eu atuei na área de comunicação do projeto, administrei as redes sociais, site e vídeos do projeto”, explicou Elias.
Entre 2017 e 2018 Elias participou como bolsista de um projeto de extensão da UFJF “Sarandira Criativa: Comunicação Comunitária e Cidadania em um distrito Rural de Juiz de Fora”, coordenado pelo Professor Pós-doutor Bruno Fuser da Faculdade de Comunicação e do PPGCOM (UFJF): “a essência do distrito de Sarandira está no carisma e na acolhida das pessoas. Poucos foram os lugares em que eu tive o privilégio de chegar sem conhecer nada e sair conhecendo um novo mundo”, comentou a experiência. Por lá, ele desenvolveu um jornal comunitário para a Zona Rural e Distrito da cidade e como extensionista Elias ajudou a desenvolver e gerir contatos com a imprensa, criar conteúdo para as mídias, escrever matérias sobre os projetos, elaborar e executar plano de divulgação das ações do projeto Sarandira Criativa, entre outros (fotos do projeto abaixo).
Já com bastante experiência teórica e prática, em 2018 Elias concluiu a universidade, e, orientado pela professora Teresa Cristina da Costa Neves, apresentou seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com o título “Jornalismo e humor, trabalho prático sobre o uso do humor no jornalismo”. Seu trabalho teve como objetivo investigar as relações entre humor e jornalismo (...) e a influência da internet na transformação da profissão de jornalista. Ele pesquisou o uso do humor no jornalismo e técnicas humorísticas para a formulação de reportagens. Elias concluiu que o humor sofre alterações com o passar do tempo, e que o jornalismo amplia seu alcance ao lançar mão do recurso do humor inteligente e crítico em suas reportagens.
Sempre conectado à igreja católica, Elias foi assessor de comunicação na Arquidiocese de Juiz de Fora entre os anos de 2018 e 2021, sendo responsável pela diagramação da edição impressa do Jornal Folha Missionária. Ativo na Arquidiocese, ele foi logo reconhecido e virou apresentador do programa Conexão Jovem da Rádio Catedral e locutor em programas jornalísticos, realizando mudanças no formato e linguagem do noticiário: “realizei edições de vídeo, produção e diagramação do Jornal Folha Missionária, cobertura de eventos e cinegrafia”, contou sobre suas atividades. Alegre, sem perder o profissionalismo, sempre praticou um jornalismo com uma pitada de humor e junto com Ana Maria Roberto e Ramirez Santos apresentavam aos sábados o Conexão Jovem. (Foto abaixo da direita)
Em 2018 Elias criou a Comunitude, um trabalho focado em jornalismo para periferias da região sul de Juiz de Fora: “a Comunitude é uma Organização Social Sem Fins Lucrativos focada no telejornalismo cidadão. Nosso objetivo é mostrar para as pessoas das periferias que elas podem ser vistas como figuras importantes no contexto midiático, sem serem relegadas às páginas policiais ou às reportagens sensacionalistas”, explicou. Para ele essa missão é uma grande motivação para o trabalho, pois acreditam no poder da representatividade e na capacidade de dar voz para aqueles que muitas vezes são marginalizados pela mídia tradicional: “na verdade a Comunitude produz jornalismo para periferias, fomenta o empreendedorismo social e promove a comunicação comunitária”. Segundo ele, a agência busca ainda valorizar a diversidade cultural e a identidade local, contribuindo para a inclusão social e a democratização da informação e da comunicação.
Em 2021 Elias foi entrevistado pela TV Record, onde explicou que: “atuamos com reportagens positivas sobre periferias e parcerias para o desenvolvimento local. A Comunitude tem ainda como objetivo transformar a sociedade promovendo o desenvolvimento humano, visando popularizar o conhecimento com ações planejadas, proporcionando a evolução social, econômica, tecnológica e cultural, a fim de provocar mudanças de atitudes que impactem positivamente os mais diversos segmentos das comunidades”, explicou. (Vídeo abaixo)
Em 2019, buscando mais qualificação, Elias entrou para uma Pós graduação em “Marketing Digital Negócios e Estratégias” na PUC Minas: “foram 360 horas de curso até me formar em agosto de 2021”, comentou. Elias já tinha sido estagiário e repórter de entretenimento na TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas Gerais. Em janeiro de 2020 Elias foi contratado pela TV Alterosa, onde também atuou em áreas como produção, edição e reportagem. Em março de 2020 ano, o criativo e espirituoso repórter Elias, foi ao Cemitério Municipal entrevistar a cachorra pretinha que acompanhava os velórios de todos os juizforanos. (Vídeo abaixo)
Em abril de 2021 Elias foi contratado pela TV Diversa, afiliada da Tv Brasil e TV Cultura: “lembro que entrei como assistente de conteúdo, participando da criação de programas e comerciais da emissora”. Ele participou da criação do jornal “Diversa em Rede” e foi promovido a apresentador. (Vídeo abaixo)
Em fevereiro de 2022 Elias foi convidado a ser o novo editor-chefe do jornalismo da TV Diversa: “promovi mudanças em todo o formato, nacionalizando a informação”, lembrou com orgulho e profissionalismo. Comentou que: “foi um momento muito importante para mim, pois pude estar diante do cenário da política nacional, debatendo ideias e questões que eram úteis não apenas do ponto de vista jornalístico, mas também democrático, em um momento em que vimos nossa democracia correr riscos, como ainda estamos vendo até hoje”. Em uma reportagem na TV Diversa, no programa “Direto ao Assunto”, Elias conto um pouco da sua trajetória e de sua história na TV Diversa. (Vídeo Abaixo)
Em busca de mais conhecimento, em 2022 Elias entrou para o mestrado de Comunicação e Jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora, tendo sido orientado pelo Professor Doutor Marco Aurélio Reis na linha de pesquisa Mídias e Processos Sociais e do grupo de pesquisa narrativas midiáticas coordenado pela Professora Doutora Cláudia de Albuquerque Thomé: “no mestrado pude explorar o conceito de telejornalismo cidadão”, comentou. Para finalizar seu mestrado, Elias participou do projeto de pesquisa “Novas Funções e Competências do Jornalismo Expandido” e em março de 2024 concluiu o mestrado em Comunicação Social com sucesso. (Comemoração na foto abaixo e do meio).
A TV diversa os comunicou a intenção de fechar e: “eu participava das reuniões de crise antes do fim da emissora, sempre buscando uma alternativa. Mas, infelizmente, os padres que administravam os recursos da fundação não tiveram bondade. Deixando mais de 50 funcionários serem demitidos sem perspectivas de futuro”, comentou Elias. Assim, em setembro de 2023 a TV Diversa comunicou sua saída definitiva de Juiz de Fora. Elias explicou que: “a emissora educativa tinha chegado à cidade há pouco mais de três anos e era mantida pela Fundação Minas Gerais e pela Congregação do Verbo Divino, através da Associação Propagadora Esdeva”.
Com sua competência reconhecida, Elias foi logo contratado em dezembro desse ano como Editor executivo e repórter da TV Alterosa Zona da Mata e Vertentes, uma emissora afiliada do SBT: “onde eu já tinha estagiado durante minha faculdade e pude reencontrar amigos”, sorriu (fotos abaixo). Elias foi recebido por toda a diretoria da TV e é especialmente grato à Juliana Zoet, pela acolhida e nova oportunidade (foto abaixo na direita).
Na TV Alterosa pode trabalhar com televisão: “isso me proporcionou a oportunidade de estar junto daqueles que realmente precisam do meu trabalho, isto é, as pessoas nos bairros, na cidade e na região da Zona da Mata e Campos das Vertentes, além de Minas Gerais”. Para este idealista social: “tem sido extremamente gratificante, não apenas pela importância do trabalho em si, mas também pela representatividade que sei que ocupo ao estar nesses espaços. É um ambiente onde poucas pessoas negras, especialmente aquelas vindas das periferias, têm a oportunidade de trabalhar. Espero que cada vez mais pessoas como eu estejam ocupando esses lugares, sem deixar de lado as raízes e a luta que é constante”, comentou.
Suas inspirações estavam sempre profundamente ligadas ao campo da comunicação e ao seu potencial transformador na vida das pessoas: “acredito que a comunicação vai além de simplesmente informar acontecimentos, ela tem o poder de modificar vidas, especialmente quando se trata das periferias das cidades”. Elias contou que muitas vezes, essas comunidades da periferia são retratadas de maneiras equivocadas e preconceituosas pelos veículos de comunicação, ignorando a realidade e a diversidade das pessoas que vivem e convivem nessas regiões: “tendo vindo da periferia, tenho como objetivo central lutar pela representatividade das pessoas pretas nos meios de comunicação e em projetos importantes”.
Durante sua passagem pela UFJF, Elias pode perceber o quão importante é estar inserido em um contexto universitário e no campo do telejornalismo como membro de uma periferia e como pessoa preta: “essa experiência me mostrou a importância de trazer diferentes perspectivas e vivências para as redações jornalísticas, enriquecendo o trabalho realizado e promovendo uma mídia mais inclusiva e representativa, mesmo ainda sofrendo com as grandes limitações, desafios e resistências editoriais”. Como uma de suas últimas conquistas, Elias passou em 2024 para o doutorado no programa de pós-graduação em comunicação da UFJF: “escolhi a linha de pesquisa de Linha Redes, Linguagens, Memórias”, explicou.
Elias confessou que: “minhas questões futuras ainda são incertas, pois quando viemos de uma realidade de adversidade e superação, o caminho a seguir nem sempre é claro”. No entanto, ele segue motivado pela sua trajetória e pela oportunidade de fazer a diferença na vida das pessoas, especialmente daqueles que enfrentam desafios semelhantes aos que ele enfrentou: “quero continuar buscando oportunidades para contribuir positivamente para minha comunidade, seja por meio do jornalismo, da educação ou de outras formas. Acredito que, com determinação e dedicação, posso criar um futuro melhor não apenas para mim, mas também para aqueles ao meu redor”.
Nessa entrevista com Elias ficou claro que ainda hoje no país a maioria dos telejornais brasileiros tem como âncoras, isto é, apresentadores principais, pessoas brancas: “e como repórteres são inseridos os profissionais negros e negras”. Para esse visionário o racismo estrutural ainda é uma realidade muito presente em nossa sociedade: “o racismo se reflete de forma significativa no campo da comunicação, onde poucas pessoas pretas ocupam posições de destaque e responsabilidade”, relatou. Ele lembrou que não é só na comunicação: “na Universidade federal de Juiz de Fora nunca tivemos um reitor negro e ainda não temos muitas pessoas negras ocupando cargos importantes nas áreas de medicina, direito e diferentes profissões na cidade”, observou.
Elias completou que: “sua luta é por uma mídia mais inclusiva, diversa e representativa, que reflita verdadeiramente a pluralidade e a riqueza cultural de nossa sociedade”. Agora é aguardar que em breve Elias se torne um âncora de uma grande emissora de televisão e represente os mais de 56% da população negra e parda no comando do jornalismo brasileiro: “precisamos de passar para as novas gerações esses exemplos de luta e sucesso”. Que a vida de Elias Rodrigo de Arruda inspire muitos jovens, negros e periféricos a descobrirem seus próprios valores!
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FONTE/CRÉDITOS: Elias Rodrigo de Arruda
Quinta-feira, 21 de Novembro de 2024