A honestidade intelectual e a empatia são alguns dos primeiro passos para dar visibilidade para aqueles que a sociedade sempre tentou tornar invisíveis. Por isso resolvi editar uma série chamada Nossas Riquezas Pretas de Juiz de Fora. Na primeira reportagem, baseada em um entrevista com advogada Dra. Carina Dantas, vamos conhecer as histórias, as vitórias, as visões e os pensamentos dessa juizforana de coração, que se define como mulher preta realizada. Na sequência vou entrevistar o poeta Prof. Antônio Carlos Lemos.
Dr. Carina é graduada em Direito pela Universidade Presidente Antônio Carlos – Juiz de Fora, Pós Graduanda em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho e Direito Previdenciário pela Universidade Estácio de Sá, além de Especialista em LGPD pela FGV e Compliance pelo SESI/SENAI. Sua trajetória foi iniciada como advogada membra das ordens do advogados de Juiz de Fora, além de professora é empreendedora, palestrante de sucesso, líder de movimentos em prol de pretas e pretos e presidente da comissão da verdade da escravidão negra no Brasil e combate ao trabalho escravo moderno da OAB de Juiz de Fora. Para a espontânea Carina o mundo não gira, ele capota. Mas na vida ela se sustenta em três colunas denominadas suas grandes paixões: em primeiro lugar a família, depois ela se dedica à profissão de advogada e não menos importante o trabalho social e voluntário. É nesse voluntariado que ela se realiza e é motivada a ser a pessoa interna que ela verdadeiramente é, e tem a oportunidade de lutar pelos objetivos que ela almeja conquistar. Dentro desse trabalho social ela destaca o “Projeto Empoderamento”, o qual eles levam de bairro em bairro dentro do Município de Juiz de fora oferecendo conhecimentos para as populações de comunidades. Além disso a dinâmica Dra. Carina é uma das organizadoras da Feira Preta de Empreendedores Pretas e Pretos de Juiz de Fora.
Mas de onde vem tanta força para empreender? Carina responde com um sorriso marcante e fala sobre seus antepassados. Na sua tradição oral, o seu tetravô veio da África, provavelmente escravizado na Angola, mas sua genealogia é bem características dos brasileiros e brasileiras, pois as misturas aconteceram no nosso território. Com ela não poderia ser diferente, ela descreve que alguns antepassados de povos originários, assim uma bela família mestiça com fortes raízes africanas, com membros apresentando diversas cores de pele, do branco ao preto retinto, como ela mesmo descreve, com cabelos do crespo ao liso. Até aqui nenhuma surpresa para uma descendente do nosso município escravista do século XIX. Ela explicou que essas informações lhe foram passada de geração para geração pela mãe e pelo avô, com os quais ela conviveu muito. Depois que chegou da África o primeiro antepassado de Carina se uniu com uma índia da etnia Puris, sua tetravó, que já habitavam a região. A advogada lamenta não ter registros da origem na África, nem dos informes da travessia, e acrescentou que dos antepassados não possui registros, provavelmente perdidos e invisibilizados pelo período da escravidão.
Orgulhosamente Carina se espelhou nos exemplos da mãe. Carinhosamente lembrou da mulher preta e guerreira que estudou enfermagem, se formou e deu ótima educação às duas filhas num Brasil de algumas décadas atrás, quando era bem mais difícil de cuidar das filhas pequenas sozinha. Além da mãe, Carina Dantas tira suas forças e inspiração na brasileira Gloria Maria, jornalista famosa da Rede Globo. Para Carina, Glória era bem a “frente do seu tempo” por tudo que ela representou de positivo e até onde ela conseguiu trilhar por caminhos bem difíceis, num ambiente jornalístico até então dominado pelos brancos. Marielle Franco e Martin Luther King foram outros dois nomes que nortearam a vida de Carina Dantas por tudo aquilo que eles representaram na luta e por nunca desistirem em busca dos seus objetivos.
Na visão empresarial de Carina, o Município de Juiz de Fora é um lugar promissor onde você sempre consegue se reinventar e tem a oportunidade de alçar vôos maiores. Para ela a cidade tem tudo que é necessário para ganhar o cenário brasileiro e internacional com suas empresas, indústrias e cidadãos empreendedores com pensamentos visionários, pessoas que vão em busca do que elas querem alcançar e fazem de tudo para realizarem seus sonhos. A própria Carina tem planos e idéias para reverter o racismo estrutural na população e também o racismo institucional. Para ela é trabalhando de forma coletiva junto com os pares para levar sementes do conhecimento para combater o racismo através do letramento racial é que conseguiremos reverter o cenário. Carina explica que o letramento racial se faz necessário, pois proporciona um mergulho revelador no racismo “estrutural e institucionalizado” que permite entender a existência das hierarquias raciais, para além disso movimenta a engrenagem para atitudes antirracistas em uma sociedade que ainda temos pessoas pretas que não se reconhecer como "Pretas e Pretos". Ela é a inspiração em pessoa! Para contato para palestras e afins https://www.instagram.com/dra.carinadantas/
Receba notícias da RCWTV no Whatsapp e fique bem informado! E na sequência pretendo ainda publicar muitas entrevistas com Rita Felix professora e escritora, Fernando Elioterio político, Giane Elisa presidente da Funalfa Gilmara Mariosa, escritora, Jucélio Maria vereador, Nego Bussola exemplo de empreendedorismo social, Reginaldo Barbosa Lixarte, Denilson Bento escritor, Angela Maria Lopes proprietária da Livraria Ca D’Ori, Antônio Carlos professor e poeta, Geraldo Magela redator chefe da TM, Paulo Zacarias presidente do MNU, Luiz Sérgio Associação do Servidores, Martvs Chagas secretário, Valquiria Marcia Tiodoro, Antônio Hora PJF, Mauricio Oliveira CMJF, Júlio Black jornalista, Paul Almeida professor, Marcony Coutinho MNU, Osvair batuque, Mariano Batuque e Régis da Vila samba, etc.