A honestidade intelectual e a empatia são alguns dos primeiros passos para dar visibilidade para aqueles que a sociedade sempre tentou tornar invisíveis. Assim nasceu a série Nossas Riquezas Pretas de Juiz de Fora. Você já sentou com uma pessoa negra para ouvir a história que ela ou ele têm para contar? Este é o #NossasRiquezasPretasJF, um projeto antirracista do Instituto Autobahn que tem como objetivo destacar os expoentes negros do município de Juiz de Fora e legar exemplos positivos de sucesso de pessoas pretas para as futuras gerações. Iniciado em 2023 com o formato de coluna na RCWTV, a reportagem #001 foi sobre Carina Dantas, a #002 Antônio Carlos, a #003 Geraldeli Rofino, a #004 Sérgio Félix, a #005 Fernando Eliotério, a #006 Maurício Oliveira, a #007 Ademir Fernandes, a #008 Gilmara Mariosa, a #009 Batista Coqueiral, a #010 Cátia Rosa, a #011 Eliane Moreira, a #012 Antônio Hora, a #013 Ana Torquato, a #014 Alessandra Benony, a #015 Sil Andrade, a #016 Joubertt Telles, a #017 Edinho Negresco, a #018 Denilson Bento, a #019 Digo Alves, a #020 Suely Gervásio, a #021 Tânia Black, a #022 Jucelio Maria, a #023 Robson Marques, a #024 Lucimar Brasil, a #025 Dagna Costa, a #026 Gilmara Santos e agora é a vez de Jorge Silva.
Por Alexandre Müller Hill Maestrini
Jorge Luiz da Silva é natural de Juiz de Fora – MG e nasceu no Bairro Nossa Senhora Aparecida em 23.08.1952. Além de tantos talentos, Jorge atua hoje como um dos coordenadores do Programa de Recuperação de Dependências Emocionais e Químicas (PRD) da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias: “ajudamos pessoas interessadas a vencer a dependência ou o comportamento compulsivo e a terem esperança de que a recuperação é possível”, explicou. Foi por conta da Igreja que Jorge pode pesquisar sua genealogia nos bancos de dados de seus antepassados, a nível histórico e religioso. Tanto o pai quanto a mãe de Jorge são de origem afro e dos povos originários do Brasil: “minha mãe contava que o avô dela – meu bisavô materno – chamado Brasilino, foi um índio pego no laço em Mato Grosso e veio para nas bandas de Juiz de Fora”.
Sobre a avó paterna Sebastiana “Bastiana” Maria da Silva, Jorge ouviu muitas histórias: “ela era uma cafuza muito linda (olhos verdes e cabelo liso e longo), cozinheira num fazendão em Lage do Muriaé e se envolveu com o dono da fazenda quando meu pai João Tibúrcio da Silva era ainda um jovem que vivia capinando para o barão branco”. O pai nasceu em Lage do Muriaé – RJ. A história é recheada de racismos lembrou Jorge com estranheza: “minha avó já tinha duas meninas e dois meninos quando foi trabalhar na fazenda, mas como naquela época não podia levar filha mulher para o novo trabalho, minha avó abandonou as duas irmas de meu pai e depois nunca mais as viu”. Jorge lembrou também que: “como meu pai era muito inteligente foi instruído até a quarta série pela filha do patrão que era professora”.
O pai de Jorge contou que: “ele estava capinando e na hora do almoço recebeu a notícia que a mãe tinha ido embora sem falar nada”. Curioso João Tibúrcio foi tentar descobrir e ficou sabendo que a mãe dela estava grávida do Coronel da Fazenda e a esposa tinha expulsado a mãe imediatamente: “então meu tio Sebastião é filho do sinhô Guimarães”. O pai de Jorge lhe contou que ficou muito triste de ter sido abandonado pela mãe e que a sinhazinha falou pro João Tibúrcio: “não fiquem triste não, agora você e seu irmão vão poder morar nesse quarto aqui e a gente vai criar você e vocês vão vivendo aqui”. Curiosamente João Tibúrcio contou para o filho Jorge que se lembrava de como tinha sido tratado: “eles sempre falaram para ele que, ele era como se fosse da família”, lembrou Jorge do racismo implícito nessas falas que as vezes naturalizamos até hoje. Mas comentou: “se ele fosse da família eles não teriam mandado o menino todas as tardes capinar as roças”. Poucos anos atrás, Jorge tinha completado sua árvore genealógica na igreja e começou a ajudar seu pai a descobrir o paradeiro do irmão mais novo Sebastião pelas bandas de Lage do Muriaé: “mas as duas irmãs gêmeas de meu pai a gente não achou”, comentou triste. Assim que pode sair da presença do fazendeiro, o pai de Jorge, com 18 anos, se mudou para Juiz de Fora para servir exército e foi morar no Bairro Manoel Honório, nos meados dos anos quarenta.
Já o avô paterno de Jorge, Dionisio Silvino de Oliveira, nos anos de 1930 participou em Juiz de Fora de um movimento negro para chamar os negros para estudarem: “cresci com essas histórias que meu avô já tinha essa visão de procurar locais onde os negros pudessem melhorar a sua vida profissional, artística e etc”. Jorge lembrou que seu avô se casou de novo e sua segunda avó paterna Maria das Dores de Oliveira, foi participante do Batuque Afro-Brasileiro de Nelson Silva. Jorge ouviu falar que sua avó tinha uma voz linda: “o grupo foi criado em 1964 pelo compositor Nelson Silva e reúne ritmo, dança, composição, arte, cultura e resistência, mantendo repertório próprio, com mais de 80 composições com batuques, sambas, arranjos e maculelês, sempre presentes nas suas exibições. Um dos objetivos do grupo é resgatar a história e valorizar a cultura negra em Juiz de Fora em apresentações em terreiros de umbanda, escolas, praças e igrejas. Levando muita música entoada pelo coral, o grupo está sempre ativo na cena cultural da cidade”, lembrou.
Aqui na cidade o pai de Jorge conheceu a esposa Maria Margarida da Silva (foto abaixo na esquerda) que também morava no Bairro Manoel Honório: “meu pai me contou que ele já estava de olho na Maria e foi pedir ao pai dela pra namorar e o meu futuro avô disse que com filha dele não tinha isso de namorar não”, assim decidiram se casar logo em 1949: “nessa época minha mãe tinha 17 anos e minha avó já era falecida”. João Tibúrcio foi um participante ativo do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Telecomunicações (SINTTEL-JF) e se tornou vice-presidente ativo da Associação de Bairros de Juiz de Fora: “depois de trabalhar no setor de telefonia durante 40 anos, meu pai foi agraciado em 1980 como o título de Operário Padrão da antiga Telemig” (foto abaixo no centro). Ele era muito ligado à política e amigo de Itamar Franco: “e nessas andanças do meu pai eu ia junto e comecei a perceber como a politica e os movimentos funcionavam”.
Os pais cristãos tiveram um papel fundamental na educação dos quatro filhos (foto acima na direita com o pai), apesar deles próprios só terem estudado até a quinta série do ensino médio. Mãe e pai queriam que os filhos estudassem e diziam sempre para os filhos: “não temos casa própria, nem carro, nem bens, mas o que podemos dar para vocês é o incentivo aos estudos”. Jorge se lembra das palavras deles com pensamentos de apoiar os filhos a vencerem na vida pelos próprios méritos: “a trajetória do negro já é dura e só o estudo vai permitir grandes mudanças na vida”. E os filhos souberam aproveitar a sabedoria dos pais, assim todos os quatro se formaram em um curso superior, mas não foi fácil comentou Jorge: “meu irmão mais velho Ademir da Silva começou a trabalhar com quinze anos e hoje é médico”. A irmã Angela Aparecida Silva também se formou em medicina, a irmã Rubia Elisabete Silva é engenheira elétrica: “e eu Jorge Luiz me formei em Educação Física na UFJF”. Jorge agradeceu a visão que seus pais tiveram já naquela década de 50: “que a pobreza não seria uma marca definitiva para a família e nem a cor da pele seria impedimento para vencer na vida”.
Jorge lembra-se com carinho de sua mãe Maria Margarida da Silva, que ficou por conta das tarefas do lar e de criar os filhos: “conversando com a gente, nos incentivado a ler e a participar de atividades sociais”. Jorge estudou na Escola Estadual Sebastião Patrus de Sousa no Bairro Santa Terezinha. Com 14 anos o menino já fazia parte de Conferência Vicentina de Crianças e Adolescentes uma célula da Sociedade São Vicente de Paulo, onde criou o nome do grupo de jovens da Conferência “Movimento da Comunidade da Juventude do Bonfim” (COJUB) (foto acima no dia da fundação), criaram um coral para cantarem na missa dos jovens na Igreja Santa Rita de Cássia no Bairro Bonfim. Muito participativo integrou também o movimento Jovens Associados da Igreja Nossa Senhora Aparecida (JANSA), do Grupo Alicerce, do grupo Juventude da Ação Mariana (JAM), entre outras participações sociais e religiosas. No vídeo abaixo Jorge fala um pouco de sua trajetória:
Em 1967, com apenas 15 anos, Jorge já levava uma vida corrida, era coroinha da Igreja do Bonfim, participava ativamente do movimento COJUB, cantava no coral, estudava de manhã, trabalhava na rádio na parte da tarde e ainda tinha cabeça para compor esta linda poesia, que viraria uma de suas canções de sucesso. Entre outras poesias, a “Canção do meu chegar” (poesia e vídeo abaixo) foi escrita por Jorge, musicada com ajuda do parceiro, músico e pianista Silvio Renhe e incluiu uma harmonização de outro amigo da COJUB Luiz Bazarello: “para meu orgulho essa canção foi classificada entre as 10 melhores canções intercolegiais”, confessou. Abaixo a letra poética de Jorge, que depois em 2019 foi interpretada e gravada em vídeo pela cantora Carol Mattos e no violão Luiz Bazarello:
Entardecer… cheguei a você… pra dizer que eu vim correndo...
imaginei um dedilhando nas cordas do tempo...
esta mensagem... canção do meu chegar...
o que eu vim procurar... a paz fugidia de mim mesmo...
me perdi nos caminhos de minha alma...
na busca incessante do amor…
foi preciso andar errante… sem saber do meu mundo só…
sem fazer contente… gente como eu…
atrás da alegria de amizade...
começo de ser vida… pessoas comunidades...
eu quero que você veja em meus olhos...
estou sem calma para falar… o quanto se pode amar.
Desde cedo participou de encontros de poesia, encontros musicais e com vontade e talento tentando se posicionar como artista. Já no ginasial (hoje segundo grau) na Escola Estadual Sebastião Patrus de Sousa no Bairro Santa Terezinha, no ano de 1967 e 1968, Jorge teve uma professora de português Matilde do sétimo e oitavo ano que o incentivou: “devo muito a ela da minha formação acadêmica e me apoiava a participar com meu veio poético que ela detectou em mim”. Jorge contou suas lembranças da professora falando para ele: “não se acanhe, participe, não ligue para os outros colegas que não gostavam de nada”, sorriu. Em pouco tempo, em 1975, com seu talento reconhecido, lá estava Jorge representando a escola no Primeiro Festival da Canção Intercolegial de Juiz de Fora na Academia de Comércio. Com sua poesia “Canção do meu chegar” venceu o festival e logo já participava de diversos festivais de música em Lima Duarte – MG, Pequeri – MG, Viçosa – MG, e até em outros estados do Brasil: “algumas músicas eram de caráter religioso e outras populares”, lembrou. Dos anos 1979 em diante, Jorge participou do Grupo Alforria, um grupo de música Afro que se originou do Coral da Igreja Santa Rita e do grupo Alicerce, liderado até hoje pelo cantautor José Campos da Veiga. Começaram com canções religiosas e com influências populares e participaram de festivais, sempre disseminando os caracteres, lamentos e ritmos da negritude no Brasil.
Jorge foi radialista por 11 anos nas emissoras de rádios locais. Com 14 anos em 1967, ainda terminando a quinta série, precocemente foi trabalhar como ajudante e auxiliar do setor de programação musical no Grupo Mendes, que era dono da TV e Rádio Industrial e da Rádio Difusora de Juiz de Fora. Nessa época Jorge teve a oportunidade de se familiarizar com todos os estilos musicais, quando trabalhava organizando e cuidando dos discos CD e LP, datilografando e montando a programação musical das duas emissoras: “meu irmão Ademir que me arrumou esse emprego me disse – na época – que hoje você pode não entender nada de música, mas aqui vai ter uma oportunidade única e depois me substituir”. Jorge seguiu as dicas do irmão, aproveitou a chance de sua vida, aprendeu a profissão de discotecário e depois recebeu a oportunidade de trabalhar na Rádio Manchester FM e, por fim, na Rádio Capital.
Daquela época o jovem Jorge com seus 17 para 18 anos, se lembrou de cenas de racismo explícito e dos privilégios da elite branca ou autorizada: “eu gostava de ir dançar e queria levar uma namorada para curtir, mas fui barrado na boate Raffa’s Club, com a desculpa que o clube estava cheia” Mas na verdade o porteiro contou que: “o proprietário Rafael Jorge era descendente de árabes”. Quando perguntou o motivo real dele não poder entrar: “ele me disse que o patrão não gostava de negros na boate, mas se eu conseguisse uma carteirinha como radialista entraria”. Dito e feito. Jorge seguiu contando que: “em Juiz de fora a carteirinha era a cor da pele ou um documento que autorizasse o negro ao pertencimento social”. Ele sofreu na pele o racismo segregacionista da Juiz de Fora ainda vivendo como nos tempos de Casa Grande & Senzala: “isso ainda acontece até hoje, se uma pessoa precisa provar com um documento que pertence, é porque não pertence”. Confira nesse link o racismo estrutural sutil na reportagem de 1977 e nas fotos que comprovam o segregacionismo da sociedade local juizforana, os negros eram só os garçons, cozinheiros e alguns cantores e músicos, completou Jorge.
Após três vestibulares para odontologia, por felicidade Jorge se submeteu a um teste vocacional profundo que – por sorte – mostrou sua aptidão para as Artes, Jornalismo e a Educação Física: “fui estudar para ser professor de Educação Física e me senti mais em paz, mas a música continuava em minha vida”. No período de faculdade, Jorge continuou a trabalhar na rádio, a cantar no coral e a participar de movimentos sociais da igreja. Seu trabalho de conclusão foi tematizado na aplicação da Educação Física no âmbito escolar, tema que levou para uma pós-graduação em Metodologia Escolar: “apliquei na minha carreia os conhecimentos adquiridos e estabelecia metas psicoemocionais para alunos em seu projeto Educar pelo Esporte”. Após se formar na Faculdade de Educação Física da UFJF em 1979, ele dedicou 35 anos de sua vida ao ensino da educação física como professor. Em 1980 começou sua carreira no Colégio Nossa Senhora de Fátima, no Bairro Jardim Esperança em Juiz de fora (hoje Equipe), onde trabalhou por três anos. Nesse mesmo ano passou no concurso para professor do Estado, mas só seria nomeado em 1987. Depois de um desgosto amoroso: “alguns padres do Colégio dos Jesuítas me falaram que eu poderia me tornar padre e em 1983 frequentei o Seminário Juventude de Ação Mariana”, mas logo viu que não seria sua vida.
Sempre morando em Juiz de Fora, a partir de 1984 foi lecionar nas escolas do Município de Lima duarte – MG nos turnos manhã e tarde (fotos acima): “me lembro que um amigo me questionou como eu poderia ir trabalhar numa cidade que é o maior reduto de racismo da região”. Para sua surpresa positiva e satisfação Jorge conheceu também muitos negros proeminentes na cidade de Lima Duarte. Nessa cidade Jorge participou da criação da primeira academia na cidade, a Training Shopping tinha caráter educacional, emocional e de saúde física: “inovamos oferecendo dança, capoeira, ginástica, musculação, atendimento médico e fisioterápico”. Na música, Jorge participou em Lima Duarte criação do grupo musical “Ameridia”, onde puderam descobrir alguns talentos, inclusive entre os ex-alunos. No Festival de MPB em Lima Duarte de 1987, Jorge classificou a música “Doce Espera” em quarto lugar: “tocada por mim e cantada pela ex-aluna Yara e seu irmão Weliton no acordeom”. Nessa época Jorge também ia segundas e quartas-feiras lecionar na escola na cidade Rochedo de Minas – MG.
Já em Juiz de Fora ensinou a Educação Física no Colégio CNEC no Bairro Borboleta, na sua antiga Escola Estadual Sebastião Patrus de Sousa no Bairro Santa Terezinha, na Escola Estadual Antônio Carlos no Bairro Mariano Procópio e na Escola Estadual Professor Lopes no Bairro Benfica. Jorge lembrou com carinho que: “por todas as escolas que passei implementei olimpíadas esportivas, onde através do esporte podia passar a educação e cultura afrodescendente”. Ele contou que como professor fora de sala de aula e ao ar livre tinha ótimo acesso aos jovens: “eu sempre procurei retirar da cabeça deles o sentimento de inferioridade e substituir por uma consciência de mais valia e amor-próprio”. Visionário, sempre buscou passar os valores da atividade física: “destacava sempre as vitórias e ensinei a eles assumirem papéis e posições de destaque em contraponto ao que a sociedade historicamente tentou incutir nas mentes, como a pobreza e as posições subalternas e de segundo plano”.
Em 1986 passou no segundo concurso para professor do Estado e logo em 1987 foi nomeado e passou a trabalhar em dois empregos. Jorge era um professor querido e conhecido em Lima Duarte, assim em 1988 o empresário amigo de seu pai e diretor do Laticínio Jong (vendida para a Vigor) em Lima Duarte, Ivo Jaques de Mello, chamou Jorge para participar do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e pertencer aos quadros da campanha de Ivo para a prefeito de Juiz de Fora. Jorge atendeu ao convite e se candidatou a vereador em Juiz de Fora: “mas foi só mais uma experiência para um professor de Educação Física”, ele teve somente 250 votos. Nesse ano venceu o prefeito Alberto Bejani e seu partido era muito forte, lembrou. Nos anos 90 criou uma Academia de Dança que oferecia Jazz, Sapateado e outras: “foi um período muito gostoso quando oferecemos também danças para a juventude”, comentou com alegria. Outro legado de Jorge foi a criação ainda das Olimpíadas Interdisciplinares de Lima Duarte, envolvendo os professores, alunos e diretores das escolas da cidade, onde os jovens competidores agrupados em classes, para competir deveriam apresentar sobre uma temática audiovisual no dia da abertura: “por exemplo a biologia como fator de preservação da natureza, Lima Duarte nossa Terra Nossa Gente, etc”.
Jorge se casou em 1990 com a psicóloga petropolitana Suzana Mcauchar e é pai de do médico Samir Mcauchar da Silva de 30 anos e da bióloga Rebecca Mcauchar e Silva de 25 anos: “aos meus filhos leguei o conhecimento e a consciência que eles são descendentes de libaneses por parte de mãe e afrodescendentes por parte de pai”. Hoje Jorge sente que as diretrizes de seus pais de valorizar os estudos já está frutificando e que a geração de seus filhos já cresce com a confiança de viver em uma sociedade de oportunidades para todos: “tenho certeza que eles dão valor de sua herança interracial”.
No vídeo acima com Rebecca Mcauchar e Fred Fonseca, um ícone das obras de Jorge Silva é a música “Azul, Sandália e Chinelo” composta em 2019 e obrigatória em todos os Encontros de Compositores de Juiz de Fora, do qual Jorge participa desde 2007. No vídeo abaixo Jorge conta o que mais o fascina nos encontros:
Ele contou que: “durante os encontros, o palco é aberto pra quem quiser apresentar suas canções autorais e um espaço para o público interessando em música e na produção da cena independente do município de Juiz de fora”. Jorge revelou os fatos sobre a criação da canção: “o azul é minha cor favorita, a sandália é em homenagem a minha filha – que tem olhos negros – e o chinelo é homenagem ao meu filho – que tem os olhos verde-oliva”. Jorge se aposentou em 2016 e 2019 dois cargos no Estado de Minas Gerais e a música passou a ter destaque em sua vida e frequentador assíduo da Encontros de Compositores de Juiz de Fora. No vídeo abaixo ele convida para o encontro e o Pocket-show:
Desde 2006 o palco do encontro é aberto a todos os gêneros musicais: “as inscrições acontecem durante o evento e a ideia é criar um espaço para troca de experiências entre compositores, músicos e público”. O que Jorge mais gosta dos encontros e o que o atraiu para se reunir com os outros artistas é a liberdade: “cada um tem a liberdade de cantar como sabe e como pode, e o mais importante, sem críticas, sem comparações e inimizades competitivas”. Para ele: “é sensacional a essência do movimento de poder ser quem se é, e poder cantar a diversidade como funk, bolero, samba, MPB ou balada”. No encontro de 2019 Jorge cantou também a música “Elegia”. No Vídeo abaixo Jorge canta com a filha Rebecca Mcauchar e Fred Fonseca.
Em 2020, em casa durante a pandemia, cantando para espantar o vírus COVID-19, Jorge se apresentou ao mundo no Youtube com a composição própria “Ravenas Medievais” tocando violão e com o amigo Júlio Barbosa cantando junto com ele. Jorge compôs em 2020 essa letra em homenagem a duas sobrinhas-netas Valéria e Ana, que ele fundiu na figura das Valerianas e criou a história das Ravenas Medievais, com o ponto central da música sendo os amores na escola, um amor platônico Leila e o casamento de outra sobrinha Tamila. (Vídeo abaixo)
Em 2021 em reconhecimento ao trabalho social de Jorge Silva foi convidado a ser conselheiro como representantes da Sociedade Civil no Conselho Municipal para a Promoção da Igualdade Racial de Juiz de Fora (COMPIR/JF) para o biênio 2021/2023. Jorge levou para o COMPIR os ensinamentos de seus pais e: “luto para que a transformação da sociedade seja através da educação e cultura”. Ele mostrou sua visão para combater o racismo estrutural: “que nossas crianças e adolescentes possam conhecer a história do povo negro em nosso município”, e continuou com seu entendimento político e social que: “aos afrodescendentes foram negadas sua herança desde a abolição da escravatura”. Para ele o importante é proporcionar aos negros o conhecimento de sua própria história e sair de uma posição de reclamar e reconhecer os valores da cultura afro. Ele lembrou que: “negro não é samba, carnaval e futebol, negro é um ser com nome que expressa através de sua pelos seus falares, ritmos e cultura”. Ele acredita que é possível reverter o racismo estrutural através da cultura: “precisamos acabar com a conversa de negro com alma branca, o negro ou o branco tem almas e corações que são da mesma cor”, para ele “somente com mais oportunidades de estudo é que teremos uma sociedade mais justa, independente da cor da pele”. Jorge profetizou que: “cada negra e cada negro tem em suas mãos a possibilidade de assumir o protagonismo em sua área e abrir o caminho para mais negros”.
Em 2022 Jorge criou a Banda Soul Jorge e em um dos Encontros dos Compositores de Juiz de Fora deste ano, participou com a artista Sil Andrade e muitos outros. Nas fotos acima em 23.08.2022 em evento na Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora, Jorge Silva lançou seu EP (Extended Play) intitulado “Jardineiro Fitness” com 4 músicas: Baião do Século, Coração Guardador – em homenagem ao filho que saiu em missão pela igreja, Elegia e Jardineiro Fitness – que Jorge fez em homenagem a sua esposa (áudio abaixo):
Em 2023 Jorge participou do Encontro de Compositores JF com a música autoral “Reminiscência”. (Áudio abaixo)
Jorge participou terceira edição em 2021, da quarta edição em 2022 e da quinta edição da Antologia Contos e Poemas – Juiz de Fora Ao Luar, da Editora Gryphon Edições. Em 21.10.2023 foi o lançamento do Volume 5 e Jorge participou com seis poemas em cada livro. Nas fotos abaixo os três livros e a foto do lançamento.
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FONTE/CRÉDITOS: Jorge Silva
O texto acima expressa a visão de quem o escreveu, não necessariamente a de nosso portal.
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