O objetivo dessa série é dar visibilidade para aqueles que a sociedade sempre tentou tornar invisíveis. Assim nasceu a série Nossas Riquezas Pretas de Juiz de Fora. O #NossasRiquezasPretasJF é um projeto antirracista do Instituto Autobahn que visa destacar os expoentes negros do município de Juiz de Fora e legar exemplos positivos de sucesso para as futuras gerações. Iniciado em 2023 com o formato de coluna no Portal de Notícias RCWTV, a reportagem #001 foi sobre Carina Dantas, #002 Antônio Carlos, #003 Geraldeli Rofino, #004 Sérgio Félix, #005 Fernando Elioterio, #006 Maurício Oliveira, #007 Ademir Fernandes, #008 Gilmara Mariosa, #009 Batista Coqueiral, #010 Cátia Rosa, #011 Eliane Moreira, #012 Antônio Hora, #013 Ana Torquato, #014 Alessandra Benony, #015 Sil Andrade, #016 Joubertt Telles, #017 Edinho Negresco, #018 Denilson Bento, #019 Digo Alves, #020 Suely Gervásio, #021 Tânia Black, #022 Jucelio Maria, #023 Robson Marques, #024 Lucimar Brasil, #025 Dagna Costa, #026 Gilmara Santos, #027 Jorge Silva, #028 Jorge Júnior, #029 Sandra Silva, #030 Vanda Ferreira, #031 Lidianne Pereira, #032 Gerson Martins, #033 Adenilde Petrina, #034 Hudson Nascimento, #035 Olívia Rosa, #036 Wilker Moroni, #037 Willian Cruz, #038 Sandra Portella, #039 Dandara Felícia, #040 Vitor Lima, #041 Elias Arruda, #042 Bruno Narciso, #043 Régis da Vila, #044 Claudio Quarup, #045 Wellington Alves, #046 Lucimar Silvério, #047 Paul Almeida, #048 Negro Bússola, #049 Zélia Lima, #050 Paulo Cesar Magella, #051 Samuel Lopes e agora é a vez de Gláucio Anacleto de Almeida.
Por Alexandre Müller Hill Maestrini
A juizforana Vanda Maria Ferreira, conhecida pelo nome artístico Vanda Ferreira ou pela personagem Odara Dandara, é polivalente, escritora, atriz, professora, contadora e encantadora de histórias. Vanda é integrante do grupo Caravana de Histórias (foto abaixo) e da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora, desenvolve oficinas de formação de contadores de histórias há mais de 15 anos em várias cidades de Minas Gerais. Vanda trabalha na Escola Municipal Murilo Mendes, no Bairro Grajaú, na Sala de Leitura como professora, além de fazer parte da equipe técnica do DPPF (Departamento de Planejamento Pedagógico e de Formação) na SPAC (Supervisão de Projetos de Arte, Cultura e Cidadania) – DPPF/SPAC. Ela atua como articuladora de cultura e mediadora de práticas de leitura e atividades artísticas: contação de histórias e teatro.
Mas a vida dela não foi sempre esse sucesso. Quando Vanda nasceu, no Bairro São Benedito em 14.04.1967, o avô materno e os avôs paterno já eram falecidos: “por isso não os conheci pessoalmente”. A mãe de Vanda, Dalva de Souza Ferreira, natural de Bicas – MG, mudou-se para Juiz de Fora com a avó materna, benzedeira e lavadeira Dona “Cecê”, Sebastiana de Souza. Elas vieram morar no Bairro São Benedito e Dalva passou a trabalhar na Fábrica de Cobertores São Vicente, no Bairro Alto dos Passos, mas quando se casou teve que ceder a vaga para o marido: “pois mulheres casadas não eram aceitas na empresa naquela época”, comentou.
Vanda contou que: “como o meu avô materno era descendente de europeu, minha mãe tinha a pele mais clara, já o meu pai Braz Ferreira era negro bem escuro, tinha ascendência africana e indígena e tinha nascido na cidade de Rochedo de Minas – MG”. Ela se lembrou que: “era um contraste quando minhas tias-avós do olho e pele clara apareciam nas festas de família”. A avó materna de Vanda, não ficou muito feliz com o casamento da filha: “pois meu pai Braz era muito retinto, mas muito bonito”, sorriu. Mesmo com a pele mais clara, a mãe de vanda sempre se considerou preta e sofreu com todo tipo de coisa que os negros sofrem: “já minha avó era um exemplo pra gente, ela gostava de sair para dançar, de festa, de beber um vinho”. No dia a dia, tanto a mãe quanto a avó eram fortes, persistentes, lutadoras e conquistadoras: “influências que eu tive o privilégio de receber no berço”. Na foto abaixo a direita para esquerda: Josilda, Luzia, Fátima, Vanda, Conceição, Izabel e ao centro a mãe Dalva.
O pai de Vanda acabou trabalhando na tecelagem por trinta anos. Ela se recorda da consciência dos pais do que representava ser negro: “para os pretos tudo era muito mais difícil”. Vanda lamentou conhecer pouco sua genealogia e que com a família do pai eles tiveram quase nenhum contato: “só quando eu tinha 12 anos conheci o irmão do meu pai, o meu tio Adão”, e que “infelizmente essa parece ser a realidade imposta ao povo preto no Brasil”. A mãe Dalva não se importava em usar a escada e o elevador de serviço para ir entregar as roupas lavadinhas: “depois minha mãe foi empregada de uma Empresa de Conservação, o que não deixava de ser serviços domésticos, mas agora com carteira assinada”. Seguindo no serviço, Dalva foi empregada no Colégio Granbery como faxineira. Mesmo com pouca escolaridade, os pais de Vanda insistiram sempre para que os filhos estudassem e os cobraram muito. Vanda foi inicialmente para a Escola Estadual Professor Cândido Motta Filho, no Bairro São Benedito, mas repetiu três vezes o primeiro ano: “minha professora não gostava de preto e me fez repetir”, no terceiro ano ela conheceu a professora Elsa que chamou a mãe na escola: “ela perguntou por que eu estava repetindo”, e explicou que a menina sabia tudo, terminava as tarefas antes e ia ajudar os colegas: “racismo puro”. Vanda se lembrou da crueldade do racismo: “em Juiz de Fora ainda hoje tem muito professor racista”, lamentou.
Em 1979, com apenas 12 anos, Vanda começou a trabalhar na Companhia Têxtil Bernardo Mascarenhas, no bairro Aracy, onde hoje funciona a Igreja Maranata: “eles na época empregavam crianças como mão de obra”, lembrou. Em junho desse ano foi contratada pela Companhia Fiação e Tecelagem Santa Cruz. Aos quinze anos, Vanda já teve seu primeiro contato com o movimento negro: “as conversas na Associação Quilombo dos Palmares coordenada pelo diretor Wilson Novaes me influenciaram bastante”, lembrou. Com apenas dezenove anos Vanda ficou grávida: “continuei indo para a escola de barrigão” e com 20 anos teve o primeiro filho Clivertorton Walace Ferreira em 1987. Ela estava no último ano do ensino médio, mas teve que parar de estudar para ir trabalhar: “senti na pele o preconceito de mulher, mãe solteira e negra”. Vanda nessa época trabalhava na Fábrica de Tecidos Ferreira Guimarães, no Bairro Mariano Procópio e passou a trabalhar em creches, onde ficou pelos próximos quinze anos: “e foi assim que trabalhei para criar o meu filho e contei com a ajuda de meus pais e irmãs”. No vídeo abaixo Vanda contou sobre sua infância: “eu não cresci sabendo que dentre os africanos que vieram para o Brasil alguns eram reis e rainhas”.
Em 1998 Vanda ganhou mais uma alegria, uma filha Amanda Vitória Ferreira Nascimento, que o filho Clivertorton com apenas onze anos ajudou a criá-la junto com a mãe, o pai e as irmãs de Vanda: “o pai da Amanda não era muito presente, mas ajudava da forma que ele entendia que era ajuda. Enfim, era pouco, mas ajudava”, comentou. Atualmente Vanda já é avó de Alice e Rafael: “é apaixonante ver como meus netos lidam hoje com os problemas que na época eu não consegui lidar”. Naquele ano uma resolução do MEC determinou que seria necessário formação pedagógica para trabalhar – inclusive em creches – Vanda não teve escolha: “decidi voltar aos estudos e nunca mais parei de estudar”. Foi a escritora e professora de literatura infanto-juvenil da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) Margareth Assis Marinho quem percebeu em sala de aula a força e expressividade de Vanda na contação de histórias e profetizou: “você é uma contadora de histórias”. Vanda já fazia aquilo espontaneamente há anos: “mesmo sem nunca ter ido a um teatro, mexia as mãos, mudava o jeito do corpo, deixava o rosto transmitir com intensidade cada palavra e era assim que iniciava as contações”, um dom natural.
Em 1999 conheceu e se engajou no Centro de Referência da Cultura Negra – CERNE/JF: “uma organização com o objetivo de promover a assistência social, educação, cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e cultural da etnia negra”. Vanda se lembrou que: “foi o Martvs das Chagas foi um dos idealizadores do centro e trouxe para a cidade a experiência dos cursinhos pré-vestibulares para negros e carentes”. No CERNE Vanda conheceu Cirene Candanda, uma mulher de garra, que acabou a influenciando muito: “ela tinha um pensamento completamente diferente das coisas”. Como ela começou a transitar entre os ativistas negros, Vanda conheceu Adenilde Petrina Bispo que foi uma das criadoras da sede da emissora no Bairro Santa Cândida, a Rádio Comunitária Mega FM: “foi um privilégio e prazer conhece-la e participar de sua luta autêntica pela democratização da comunicação”. A rádio comunitária era de muita importância para a identidade dos moradores da periferia e em toda a região dos bairros Santa Cândida, Vila Alpina e São Benedito, entre outros, “na efetiva participação e cidadania”, lembrou Vanda. Para sua felicidade a rádio tinha um programa especial para a contação de histórias e Vanda participou: “eu levava só contos africanos e participava daquele espírito UBUNTU, isto é, eu sou porque você é, e nós somos juntos num TODO”.
Infelizmente: “experiências como essa são fechadas pelo governo” – fundada em 1997 – a MegaFM ficou no ar por 10 anos, até ser fechada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel): “a rádio tinha inspiração na Rádio Favela, de Belo Horizonte”. A MegaFM chegava para 70% da cidade com uma programação diversa e plural, do rock pesado, passando por programas como as histórias de Vanda até programas religiosos: “será que os poderosos não querem que a gente se informe para que não lutemos pelos nossos direitos?”. Mas Vanda que precisa voltar aos estudos não perdeu tempo e participou do curso pre-vestibular no CERNE para tentar entrar para uma universidade: “foi ali que eu conheci muita gente do movimento negro e abriu minha cabeça para muitas coisas, os professores do CERNE eram espetaculares”. Vanda prestou vestibular e em 2003 entrou para a graduação em Normal Superior pela Universidade Presidente Antônio Carlos UNIPAC-JF, no Bairro Granjas Bethânia: “mas a universidade era paga e eu vendia metade dos meus vales-transporte que ganhava no trabalho para poder pagar a faculdade e ainda completava com a venda de mini-hambúrgueres e sorvete caseiro”, lembrou com um sorriso. Nessa época Vanda trabalhava de educadora na Creche Prefeito Olavo Costa da AMAC, no Bairro Nossa Senhora de Lourdes. Neste ano a professora e já amiga Margareth convidou Vanda para participar e ajudar numa oficina de contação de histórias na UNIPAC: “ali ela se tornou definitivamente a minha mentora até hoje”.
No ano que se formou em 2007, Vanda teve uma grata surpresa, ela foi uma das homenageadas com a medalha da Câmara Municipal de Juiz de Fora. Na cerimônia da Medalha Nelson Silva, a contadora de histórias apareceu vestida com roupas típicas da África e fez uma apresentação usando a sua personagem encantadora Odara Dandara (fotos acima), que Vanda criou para ajudar nessa divulgação: “a Dandara era uma capitã chefe do exército de mulheres guerreiras do Quilombo dos Palmares e a palavra Odara significa belo no idioma africano Iorubá, então eu incorporo a Bela Guerreira com muita africanidade”. Em 2011 Vanda iniciou sua carreira como professora regente na Escola Municipal Ipiranga, no Bairro Ipiranga, na Educação infantil e trabalhando com Artes: “pois naquela época a Prefeitura ainda não havia reorganizado a estrutura daquele que trabalha com ARTE. Ela contou que: “a ARTE é composta por quatro linguagens Teatro, Dança, Música e Artes Visuais”. Vanda esclareceu que: “hoje em dia na Educação Infantil não se trabalha mais com a polivalência, a meu ver um salto quantitativo relevante para a educação juizforana”.
Em 2012 Vanda realizou algumas atividades na Biblioteca Municipal Murilo Mendes: “na época havia o Curso: Encantadores de Histórias, organizado por Margareth Marinho”. Ela ministrava as aulas práticas do curso: “foram 4 ou 5 turmas não me lembro bem, era um curso muito bom de 100 horas, pois trabalhava a teoria e a prática”. Atuou também no evento Caçada ao Saci – Safári Mitológico – MAPRO. Em comemoração ao Dia Nacional do Livro Infantil e aos 130 anos de nascimento de Monteiro Lobato, em 18 de abril, a Prefeitura de Juiz de Fora, a Funalfa, a Biblioteca Municipal Murilo Mendes e o MAPRO se uniram para abrir a temporada de Caça ao Saci Pererê nas dependências do Museu Mariano Procópio. Junto com Margareth Marinho, Vanda saiu de noite com os meninos e meninas de lanternas na mão para tentar achar o Saci escondido no meio das árvores. (Foto abaixo)
Por causa de sua criação, a personagem Odara Dandara: “em 2013 e 2014 eu queria saber mais de minha africanidade e fui cursar uma pós-graduação/especialização em Literatura e Cultura Afro-Brasileira na UFJF”. Neste curso de especialização conheceu professores maravilhosos: “tive aulas com os mestres e doutores: Luis Eduardo de Oliveira, Afonso Celso Carvalho, Rodrigues, Edimilson de Almeida Pereira, Alexandre Diniz da Costa, Prisca Rita Agustoni de Almeida Pereira e Barbara Ines Ribeiro Simões Daibert. Só tinha fera”, lembrou. O curso foi excelente para Vanda, que participou das diversas reflexões sobre escravidão, abolicionismo e diversidade da cultura negra nas Américas (XVI-XX), teve aulas sobre a Iconografia do negro brasileiro, a Literatura Infantil/Infanto Juvenil e afrodescendência; as Relações entre poder e discurso na cultura brasileira; a Literatura afro-brasileira: dos precursores à contemporaneidade e a Teoria da diáspora: “a pós-graduação me ajudou muito há compreender a minha trajetória e de meus ancestrais”.
Em 2014 Vanda participou a semana toda dedicada às crianças na Biblioteca Municipal Murilo Mendes – BMMM, localizada na Praça Antônio Carlos, no centro de Juiz de Fora: “foi uma programação especial em comemoração ao Dia das Crianças, dedicada a uma famosa personagem que habita o mundo encantado infantil: a bruxa”. Como outubro é o mês das bruxas, a biblioteca se vestiu da magia dessa personagem para contar histórias arrepiantes de bruxas: “como nos contos de fada, demos asas, ou melhor, demos vassouras à imaginação para falar desse tema tão comum nas nossas histórias brasileira”, comentou Margareth Marinho, amiga de Vanda e diretora do Departamento de Ações de Incentivo à Leitura da BMMM. Em se falando de exorcizar as bruxas, Vanda lembrou de suas ideias para reverter o racismo estrutural dando prioridade à educação: “é nas escolas de bairros onde 90% dos alunos são pretos, e é lá que a educação vai poder fazer a maior mudança”. Ela acredita que é preciso conversar muito com os alunos e ajudá-los a identificar os racismos, que são muitos, e instruí-los como denunciar os abusos: “eu sempre falo com eles que não gritem e não partam para a briga, senão perderão os seus direitos”. Para ela é importante buscar os direitos, fazer Boletins de Ocorrências na polícia, processar os infratores, buscar pelos direitos dos cidadãos pretos: “quem comete crime de racismo tem que saber que ele pode ser denunciado, exposto e preso”. Ela lembrou de uma máxima que diz: “não basta não ser racista é essencial ser antirracista”.
Como uma de suas ações contra o racismo, Vanda participa também de feiras literárias e de contação de história como em 2015 da Semana Monteiro Lobato, onde participou com sua contação de histórias com os personagens das Histórias com Narizinho e Tia Nastácia, do famoso Sítio do Pica-Pau Amarelo de Monteiro Lobato, além de distribuição de bolinhos de chuva na Biblioteca Municipal Murilo Mendes (BMMM). Antes de falar de tia Nastácia, explicou Vanda: “devemos lembrar sobre o lugar que ela era colocada, por Monteiro Lobato”, e seguiu alertando que: “não podemos deixar de ressaltar o momento histórico que vivíamos (publicado entre 1920 – 1947) quando o autor utilizou tantas falas racista para definir a maravilhosa tia Nastácia”. Vanda enfatizou que: “não podemos deixar de destacar todo conhecimento que tia Nastácia nos passou nas entrelinhas”. Como professora, Vanda alertou que: “também não podemos trabalhar com Monteiro Lobato antes de destacar a luta do povo preto em falar de si mesmo, para que não ocorra novamente tais fala, pois a cada dia faz-se mais e mais necessário que as tias Nastácias de agora falem de si mesmas dentro de sua subjetividade”.
Ainda em 2015 motivada pela professora Margareth Assis Marinho, Vanda publicou 1000 exemplares pela Lei Murilo Mendes com financiamento da Funalfa, seu primeiro livro infanto-juvenil “O Julgamento de João Jiló”. Ela também escreveu os livros “Sentimentos” em 2018 e “A Revogação do Julgamento de João Jiló” em 2019 (fotos acima). Além disso Vanda possui poemas e contos publicados nas Antologias como "Proibido: contos eróticos" da LEIAJF, "Poesia na pandemia" de Éric Meireles de Andrade, "Halloween: um conto fantástico" da LEIAF, "Elos de aldravias" de Alice Gervason, "Universo divergente" da Editar Editora, "Eu gosto de..." de Artur Laizo/LEIAJF, "Poemas para a seleção brasileira Copa do Mundo 2022" de Artur Laizo/LEIAJF, "Vidas pretas”, “Juiz de Fora, contos em cantos" de Michele Valle/LEIAJF, "Aconteceu no inverno passado" de Michele Valle/LeiaJF, "Os mais belos contos infantis" LEIAJF.
Em 2016 ela foi contratada para ser Professora de Teatro na Rede Municipal de Ensino de Juiz de Fora. Nesse ano a Legião da Boa Vontade – LBV/JF – intensificou o incentivo à leitura com uma visita à Biblioteca Municipal de Juiz de Fora, a Instituição encontrou uma maneira especial de pontuar as comemorações do Dia Nacional do Livro Infantil, dia 18 de abril. As meninas e meninos atendidos pelo programa “Criança: Futuro no Presente” visitaram a BMMM, onde participaram da Tarde Literária, evento que integra a Semana Monteiro Lobato, promovida pela prefeitura. Caracterizada de Tia Nastácia, a professora Vanda ministrou a contação de histórias e parabenizou a LBV por trazer as crianças para perto da literatura. Na atividade, as crianças mergulharam nas divertidas histórias do Sítio do Picapau Amarelo, como as aventuras "O Minotauro" e “O Saci Pererê". Os contos foram narrados pela professora Vanda com sua maneira especial de narrar as aventuras, envolvendo o público. Atraindo a atenção dos pequenos, a leitura ficou ainda mais divertida quando os ouvintes puderam participar do desenrolar dos fatos: “as crianças ficaram encantadas com os livros disponíveis na Biblioteca Municipal de Juiz de Fora”, lembrou Vanda. (Fotos abaixo por Danielle Medeiros)
Em 2017 a Biblioteca Municipal Murilo Mendes e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) divulgaram em parceria o resultado final de classificação dos candidatos inscritos no curso de extensão “Leituras e Encantamentos: Formação de Contadores de Histórias e Mediadores de Leitura”. O projeto foi realizado em parceria com o Grupo de Pesquisas Linfe e teve como objetivo valorizar a prática de escrever e contar histórias. Entre os professores do curso de contadores de história lá estava a contadora e encantadora Vanda. Em 2018 era hora de lançar o seu terceiro livro “Sentimentos” e foi um sucesso o evento na Biblioteca Municipal Murilo Mendes. Na foto abaixo Vanda comemora com amigos e leitores a chegada do novo livro.
Ainda em 2018, na foto abaixo Vanda e as amigas depois apresentação na quinta edição da Festa Literária de Minas Gerais – FLIMINAS em Rio Novo – MG.
Em 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e 2020, 2022 a Secretaria de Educação da PJF contratou Vanda como Temporária de Excepcional Interesse Público para ministrar a disciplina Teatro nas escolas municipais. Em 2019 ela lançou seu terceiro livro “A revogação do julgamento de João Jiló”: “as pessoas sempre me perguntavam o que aconteceu com o João Jiló do conto popular depois que ele matou um galo na sexta-feira santa. Assim surgiu a história do julgamento do caçador, por um tribunal formado por criaturas folclóricas. João Jiló acabou condenado a nunca mais dormir”, contou Vanda.
A escritora explicou que seus jovens leitores (na foto acima debate entre alunos de uma escola) acharam o julgamento do primeiro livro injusto, já que o acusado não estava presente para se defender, e a pena foi considerada muito dura. Foi diante desse novo feedback que Vanda decidiu revogar o julgamento e dar voz a João Jiló no seu terceiro livro: “o personagem argumentou que saiu para caçar porque é amante da boa culinária e queria apenas comer um ensopado”. Com humor Vanda antecipou que, em sua defesa, o caçador afirmou que nem todas as pessoas seguem as mesmas tradições religiosas, já que estamos em um país miscigenado, com influências culturais indígenas, europeias e africanas”, e assim ela vai ensinando a tolerância através de suas histórias.
Foto acima por Amanda Ferreira Nascimento acima e na esquerda para a Tribuna de Minas. Ainda em 2019 Vanda graduou-se em Psicodrama Socioeducativo pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise, Dinâmica de Grupo e Psicodrama – SOBRAP/JF, no centro de Juiz de Fora. Ela explicou que: “através da junção do Psicodrama Terapêutico com a contação de histórias a mediação da leitura é realizada em Saraus de Contação de Histórias e oficinas de teatro”. O trabalho de Vanda tem o foco no teatro espontâneo, sociodrama, jornal vivo, livro vivo a contação de histórias e o compartilhamento de ideias. Em 2020 Vanda criou o projeto “Segundas da Negritude” (foto acima da direita), como objetivo colocar em foco as negras e negros que se destacam dentro das Artes, Política e Educação, cujo os mesmos, realizam ações que despertam reflexões em sua comunidade. Mas a Pandemia de Covid-19 chegou forte e a criativa Vanda usou os canais possíveis para sua atividade de contação de história. Como uma verdadeira guerreira deu sua contribuição para os que precisavam ficar isolados em casa. (Vídeo abaixo)
Em 2021 com a vacina tendo começado a fazer um efeito e com a nova prefeita de Juiz de Fora eleita, Vanda foi escolhida como suplente da cadeira Literária para o Conselho Municipal de Cultura – CONCULT. Ela era representante da Literatura junto com o titular Antônio Carlos Lemos Ferreira: “no conselho lutamos pelas garantias do povo negro em relação à cultura”. Vanda sentiu a necessidade de se reinventar e nesse ano se tornou empresária: “com coragem abri minha empresa MEI para poder exercer atividades e prestar serviços de produção teatral, prestar serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas, para poder comercializar livros, ensinar arte e cultura e para o ensino de artes cênicas”. Ainda neste ano participou da segunda edição da Feira do Livro de Juiz de Fora #FLIJUF2021, versão gratuita e on-line por causa da Pandemia. O evento foi transmitido ao vivo no canal da Editora Paratexto: “foram 4 dias de bate-papos e 6 eventos por dia entre os dias 13 e 16 de julho”. O público pode assistir a bate-papos com autores nacionais falando de temas como literatura infantil, esporte, terror, cinema, educação, música, entre outros. A Thevenet Marketing e Eventos teve como parceiros e patrocinadores a Rede de Ensino Apogeu, a TV Integração, a MM Production, a Livraria Palavras e Ideias, a Editora SEP, a Livro Mágico e a Editora Cunda. (Vídeo abaixo)
Em agosto de 2021 a ativa Vanda foi convidada para contar a história do Museu do Crédito Real no 57. aniversário de criação do Museu do Crédito Real que aconteceu em 1964. Para celebrar em meio à Pandemia Vanda interpretou a personagem “Odara Dandara” e contou um pouquinho a respeito da história e das curiosidades da instituição. (Vídeo abaixo)
No ano de 2021 a FUNALFA recebeu a Geane Elisa, como Diretora geral: “não podemos deixar de perceber que muitas coisas mudaram”. Desde então, comentou Vanda, uma das mudanças foi a sacada de inserir o "Na quebrada" e o " Quilombagem" dentro da Lei Murilo Mendes: “pois o fomento praticamente ficavam com os artistas que residiam no Centro e quase não chegavam nas periferias, aonde estão as comunidades negras”. Muito versátil, Vanda gravou um monólogo inspirado na música "Chamaram-Negra" de Vitória S.C. (Vídeo abaixo)
Vanda é integrante do grupo de contação de histórias Caravana de Histórias, um grupo composto por professores(as) Municipais que narra, através de canções e poesias, diferentes modos de ver e estar no mundo. Participou do espetáculo “Pé de poesia” para a campanha de popularização do teatro de 2022: “o sucesso foi tanto que lotou o Teatro Paschoal Carlos Magno”. O espetáculo "Pedepoesia", foi apresentado na campanha de popularização do teatro. Muito ativa, Vanda participa também do grupo NZINGAS, composto por mulheres negras, que contam histórias, contos e poesias, indígenas africanas e afro-brasileiras: “também nos apresentamos na popularização de teatro em 2022, no Museu dos Ferroviário e os ingressos esgotaram”. O espetáculo das NZINGAS foi "Lá nas Minas: Contos de Lavadeiras". (foto abaixo)
Em 2022 Vanda concluiu sua terceira graduação, desta vez em Teatro/Educação no Centro Universitário Ítalo Brasileiro, em São Paulo. Ela se especializou também em Psicopedagogia Institucional pela Universidade Castelo Branco UCB-RJ. Por suas virtudes e obras, Vanda recebeu em 2022 a Medalha Pedro Nava (foto abaixo) da Câmara Municipal de Juiz de Fora, a honraria é um incentivo à produção literária, à recuperação da memória e fomento à leitura. A coordenadora do Fórum Literário de Juiz de Fora, Vanda foi homenageada com a medalha por sua obra e atuação como autora dos livros “O Julgamento de João Jiló”, “A Revogação do Julgamento de João Jiló” e “Sentimentos”, com poemas e contos publicados em Treze Antologias. Ela lembrou que: “em 2023 os grupos em que faço parte Caravana de Histórias e as NZINGAS também receberam a medalha Pedro Nava”.
Mais uma vez, por reconhecimento de seu talento, formação e competência Vanda foi contratada pela Prefeitura Municipal de Juiz de Fora, através da Secretaria de Educação, para atuar no ano de 2022 como professora de Teatro e Educação na Escola Municipal Murilo Mendes: “eu amos os estudantes de lá”, confessou com carinho. Em 2023 foi novamente contratada pela Rede Municipal de Ensino de Juiz de Fora como professora regente da disciplina Teatro. Nas escolas a luta de Vanda é para que as futuras gerações tenham melhores condições que ela teve, que já foi melhor do que seus pais tiveram: “espero contribuir para que eles adquiram uma visão de mundo não racista, que eles saibam que eles podem estar onde eles quiserem”.
Ainda em 2023 Vanda foi contemplada com mais um projeto para a Funalfa no Edital Murilão, como proponente do grupo NZINGAS, com o espetáculo "Lá nas Minas: Contos de lavadeiras". Atualmente Vanda está com um romance em andamento, que retrata uma África fictícia, onde as mulheres são as protagonistas. Ela tem também um conto na antologia “Proibido” já publicado. Para finalizar, Vanda contou que sua última aparição foi em novembro de 2023 na peça “Omokonrin” do Edital “Quilombagens” da FUNALFA. O espetáculo é baseado na obra "O Menino de Caracóis na Cabeça", do escritor juizforano Edimilson de Almeida Pereira. Na direção Tiê Fontoura (foto abixo na esquerda e no elenco (foto abaixo da esquerda para a direita): Lucimar Silvério, Luciene Silvério, Anderson Mozão interpretando o menino, Danyela Silvério e Vanda Ferreira.
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FONTE/CRÉDITOS: Vanda Ferreira