google.com, pub-3302814748151540, DIRECT, f08c47fec0942fa0

RCWTV - Sua fonte de notícias de Juiz de Fora e região.

Sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2025
rcwtv
rcwtv

Economia

Consumo, cultura de massas e jornalismo: Do pensamento neoliberal de massificação na comunicação midiática à personalização para nichos e cauda longa

Daiane de Souza | 0007147/SC

Daiane de Souza
Por Daiane de Souza
Consumo, cultura de massas e jornalismo: Do pensamento neoliberal de massificação na comunicação midiática à personalização para nichos e cauda longa
Espaço para a comunicação de erros nesta postagem
Máximo 600 caracteres.

O jornalismo, como ferramenta de comunicação e informação impacta diretamente na formação e orientação do consumo de massas. Historicamente, essa relação entre jornalismo e consumo moldou sociedades, influenciou decisões econômicas e políticas e guiou comportamentos de consumo. No Brasil, exemplos práticos dessa influência são evidentes desde o século XX, quando os jornais começaram a incorporar anúncios publicitários, não apenas como fonte de renda, mas também como meio de influenciar as escolhas de consumo do público.

Com o avanço tecnológico e a chegada da televisão, o jornalismo expandiu seu alcance, tornando-se uma ferramenta ainda mais poderosa na difusão de informações e na promoção de produtos e serviços. Programas jornalísticos e noticiários passaram a incluir segmentos de publicidade, os quais, indiretamente, orientavam as preferências e os hábitos de consumo do público. Exemplo disso é o fenômeno do "telejornalismo" no Brasil, que nas décadas de 1960 e 1970, com a popularização da televisão, levou a uma transformação significativa no consumo de informações e produtos.

Mais recentemente, a era digital e as redes sociais revolucionaram novamente o jornalismo e o consumo. Portais de notícias online e influenciadores digitais, através de conteúdo patrocinado, têm um impacto direto sobre as decisões de compra dos consumidores. No Brasil, campanhas de marketing digital envolvendo jornalismo e influencers demonstram a capacidade de mobilizar grandes massas, seja para o lançamento de um novo produto, seja para a conscientização sobre questões sociais.

Leia Também:

Esses exemplos práticos evidenciam como o jornalismo, ao longo da história, não apenas informou a população, mas também desempenhou um papel significativo no direcionamento do consumo de massas, adaptando-se e evoluindo com as mudanças tecnológicas e sociais.

Consumo de massa e sua relação com a comunicação midiática

A comunicação de massa constitui um pilar nas sociedades urbanas e complexas, desempenhando impacto direto na disseminação de informações através de um sistema de mídia composto por jornais, revistas, livros, rádio, televisão, cinema e Internet. Este sistema caracteriza-se pela sua capacidade de alcançar simultaneamente uma vasta audiência a partir de um único emissor, exercendo considerável influência sobre os comportamentos e percepções de seus receptores.

Historicamente, a comunicação de massa evoluiu em paralelo ao desenvolvimento tecnológico, marcando distintas fases na forma como a humanidade produz, envia e recebe mensagens. Desde os primeiros símbolos e escritas até a introdução da imprensa, cinema, rádio e, posteriormente, a televisão, cada inovação tecnológica acelerou o ritmo da comunicação, ampliando seu alcance e impacto. Esse desenvolvimento culminou na era digital, caracterizada pela transição para um cenário onde a informação e o entretenimento são estruturados em plataformas computacionais, redes nacionais de fibra óptica, compact discs, entre outros.

A comunicação de massa é analisada sob diferentes paradigmas que refletem a mudança na compreensão de seu impacto sobre as audiências. Inicialmente, considerava-se que a mídia tinha um efeito direto e imediato sobre um público passivo. Pesquisas subsequentes, porém, destacaram o papel de outras variáveis na mediação dessa influência, levando à noção de efeitos limitados. Mais recentemente, reconhece-se que os efeitos da mídia são cumulativos e significativos.

O termo comunicação de massa, embora bem estabelecido desde a década de 1930, tem visto sua definição evoluir com o advento de novas tecnologias e mudanças sociais. A mídia de massa tradicional, composta por oito indústrias principais, enfrenta hoje o desafio de adaptar-se à convergência tecnológica e à crescente interatividade propiciada pelas novas mídias. Este cenário tem confundido as linhas entre comunicação interpessoal e de massa, com plataformas digitais oferecendo canais para conteúdos exclusivos e permitindo a indivíduos com habilidades básicas de informática publicar suas próprias "revistas".

A comunicação de massa e a indústria cultural estão intrinsecamente ligadas, não podendo ser entendidas separadamente. Os meios de comunicação funcionam como veículos para a disseminação de produtos culturais, influenciando e sendo influenciados por práticas culturais. Esta interação entre mídia, cultura e sociedade destaca a importância dos estudos de comunicação para entender os processos através dos quais a mídia molda e reflete a realidade social, o poder, a identidade e as diferenças culturais.

Sociedade de massificação do consumo | Marcelo Affonso Monteiro

O artigo “Sociedade de massificação do consumo | Marcelo Affonso Monteiro” aborda profundamente a interação entre a sociedade de consumo, a indústria cultural e o papel dominante dos veículos de comunicação de massa no processo de massificação e padronização comportamental global. 

Marcelo Affonso Monteiro destaca a coisificação do ser humano na modernidade, onde os indivíduos, conduzidos por uma racionalidade instrumental incutida pela mídia, tornam-se meros reflexos de impulsos externos, perdendo sua individualidade em favor de um comportamento padronizado.

O autor argumenta que o capitalismo contemporâneo se sustenta na produção incessante de mercadorias tecnologicamente avançadas, mas supérfluas em termos de valor de uso real, promovendo uma hierarquização e segmentação dos consumidores. Esta lógica cria uma falsa percepção de superioridade baseada no consumo, essencial para a perpetuação do sistema capitalista. Monteiro exemplifica isso ao discutir como a contracultura dos anos 1960 foi rapidamente cooptada e mercantilizada, transformando um movimento de questionamento em um dos pilares do consumismo.

A análise se estende à forma como a indústria cultural se entrelaça com a vida privada, moldando o comportamento individual ao promover um consumo que é apresentado como sinônimo de felicidade. Através dos veículos de comunicação de massa, a sociedade de consumo encoraja uma constante busca por lazer e prazer, hierarquizando-os de acordo com o consumo. Nesse processo, a solidariedade social se atrofia, substituída por uma obsessão individualista pelo consumo.

Monteiro também critica a manipulação da juventude pela indústria cultural, que prioriza esse segmento como alvo principal de suas estratégias de consumo. O texto discute como o padrão de beleza promovido por essa indústria, além de alienar, segmenta social e etnicamente as populações, fortalecendo estruturas de desigualdade preexistentes. A mídia, ao propagar ideais de beleza ocidental e estilos de vida consumistas, legitima e aprofunda divisões sociais e raciais, especialmente em países do Terceiro Mundo.

Por fim, o autor aborda o papel imperialista da indústria cultural ocidentalizada, destacando como ela promove a aceitação de normas e valores que sustentam a dominação econômica e cultural dos países centrais sobre o resto do mundo. Através da glorificação de padrões de consumo ocidentais e da demonização de culturas não ocidentais, a mídia contribui para a manutenção de relações neocoloniais, ao mesmo tempo que promove uma uniformização cultural que beneficia os interesses econômicos dos países desenvolvidos.

Características do consumo e cultura em massa

As fases do consumo de massa refletem uma evolução nos padrões de consumo, influenciados por mudanças tecnológicas, econômicas e culturais. Este processo pode ser dividido em três fases principais, cada uma com características que refletem o desenvolvimento da sociedade e da economia global.

A primeira fase, conhecida como o nascimento dos mercados de massa, tem suas raízes nos anos 1880 e se consolida durante a primeira metade do século 20. Essa era é marcada pela transformação de pequenos mercados locais em mercados nacionais amplos, uma mudança possibilitada pela modernização dos sistemas de transporte e comunicação. 

As fábricas começam a adotar métodos de produção mais eficientes, influenciados por princípios "científicos". Surge uma nova cultura de consumo, com o aparecimento de grandes lojas de departamento e o estabelecimento de marcas icônicas. Ir às compras se torna uma atividade de lazer, consolidando-se como parte do estilo de vida das classes médias.

A segunda fase é denominada "sociedade de abundância" e se desenvolve no período pós-guerra, até cerca de 1970. Essa fase é caracterizada por um aumento significativo do poder de compra, expansão do crédito e acesso mais amplo a bens de consumo previamente reservados às elites, como automóveis, televisões e eletrodomésticos. O conceito de supermercados e hipermercados ganha força, e os produtos começam a ter um ciclo de vida mais curto, acompanhando as tendências da moda e as constantes inovações.

A terceira fase, conhecida como hiperconsumo, emerge nas últimas décadas do século 20 e se estende até o presente. Neste estágio, o consumo se torna altamente individualizado, com um enfoque crescente na satisfação pessoal e estética, ultrapassando a simples aspiração por um status social mais elevado. 

A curiosidade e a busca por novas experiências se tornam elementos centrais do consumo, e as marcas adquirem uma força independente dos produtos que vendem. O marketing e o branding assumem papéis muito importantes, vendendo não apenas produtos, mas conceitos e estilos de vida associados às marcas. Nesse contexto, slogans como "Just do it" da Nike e "Think different" da Apple se tornam emblemáticos. A ansiedade e a necessidade de consumir aumentam, transformando o hiperconsumismo em uma forma de enfrentamento da própria condição humana.

Essas fases do consumo de massa refletem a evolução dos mercados e das tecnologias, além de mudanças profundas nas sociedades e nas identidades individuais, marcando a transição de uma cultura de necessidades para uma cultura de desejos quase ilimitados.

O Oscar, Escola de Frankfurt e a indústria cultural

O Oscar, em sua essência, é mais do que uma simples cerimônia de premiação na indústria cinematográfica; ele representa um ponto focal para a análise e crítica da cultura de massa, especialmente sob a lente da Escola de Frankfurt. Esta escola de pensamento, conhecida por sua crítica mordaz à indústria cultural, oferece um prisma através do qual podemos examinar o Oscar e seu papel na perpetuação de certas normas e valores sociais.

Os teóricos da Escola de Frankfurt, incluindo Adorno e Horkheimer, argumentaram veementemente contra o que viam como a padronização e a comercialização da cultura nas sociedades modernas capitalistas. Eles viam a indústria cultural, da qual o cinema é um componente chave, como uma ferramenta para a manutenção do status quo, promovendo uma forma de passividade entre os consumidores e reforçando a hegemonia cultural das elites.

Ao aplicar essas críticas ao Oscar, é possível perceber como a premiação pode, inadvertidamente, contribuir para a homogeneização da cultura cinematográfica. Frequentemente, os filmes que recebem maior reconhecimento são aqueles que se alinham com narrativas e estéticas tradicionais, muitas vezes deixando de lado obras que desafiam as convenções ou que representam vozes marginalizadas. Esta seleção não apenas reflete as preferências estéticas dominantes, mas também reitera certas ideologias e valores sociais, marginalizando outras perspectivas.

A cobertura e celebração midiática do Oscar também exemplifica a crítica da Escola de Frankfurt ao fenômeno das "estrelas" ou "celebridades" na indústria cultural. O foco excessivo em indivíduos, muitas vezes à custa da apreciação da arte em si, promove uma cultura de idolatria que desvia a atenção das questões sociais e políticas mais profundas que os filmes podem abordar.

Além disso, a indústria cinematográfica, assim como outros ramos da indústria cultural, é frequentemente criticada por sua concentração de poder e influência nas mãos de poucas corporações de mídia. Dessa forma, limita a diversidade de conteúdo disponível para o público e reforça a estrutura de poder existente, contrariando o potencial emancipatório que a arte e a cultura poderiam ter.

Pensamento neoliberal e seus impactos no jornalismo

O pensamento neoliberal, com suas raízes na ênfase na liberdade de mercado, na minimização do papel do Estado na economia e na promoção da iniciativa individual, permeou profundamente a cultura de massas no mundo contemporâneo. Essa inserção é evidente na forma como séries, filmes e outras obras culturais não só refletem mas também promovem os valores neoliberais, influenciando percepções e comportamentos.

Na televisão, a série "Billions" serve como um exemplo. Ela retrata um duelo entre um bilionário gestor de fundos de hedge e um procurador federal, navegando em um mundo onde a acumulação de riqueza, o poder e o sucesso individual são glorificados, mesmo à custa de práticas questionáveis. A série, em muitos aspectos, celebra a astúcia e a ambição desenfreada, componentes centrais da ética neoliberal.

Outro exemplo é o filme "O Lobo de Wall Street", que, através da ascensão e queda de Jordan Belfort, explora a ganância desmedida, a corrupção e a moralidade flexível no coração dos mercados financeiros. A obra ilustra vividamente como o neoliberalismo, ao enfatizar a desregulamentação e a competição, pode levar a excessos e abusos.

Essas representações na cultura de massas refletem a realidade neoliberal e também a normalizam, incutindo a ideia de que o sucesso a qualquer custo é um ideal a ser perseguido. Elas perpetuam a noção de que a liberdade econômica é sinônimo de liberdade pessoal, enquanto questões de equidade e justiça social são relegadas a segundo plano.

No jornalismo, o pensamento neoliberal manifesta-se na ênfase na cobertura de mercados financeiros e na celebração de figuras empresariais como heróis da modernidade. 

A reportagem econômica frequentemente foca em índices de bolsa e movimentos de mercado, com menos atenção dada às histórias de desigualdade ou às consequências sociais da desregulamentação. Dessa forma, reflete e reforça a crença neoliberal de que o mercado é o árbitro final do valor e que o sucesso econômico é o principal indicador de progresso social.

Além disso, a estrutura do próprio jornalismo foi afetada pelo neoliberalismo, com a crescente corporatização dos meios de comunicação levando a uma ênfase maior na rentabilidade e na eficiência, às vezes em detrimento da profundidade e da diversidade de reportagem. 

Dessa forma, acaba limitando a capacidade dos meios de comunicação de agir como contraponto ao poder corporativo e governamental, restringindo a diversidade de vozes e perspectivas disponíveis para o público.

O pensamento neoliberal não apenas influencia a economia e a política, mas também molda profundamente a cultura de massas e o jornalismo, promovendo uma visão de mundo que valoriza a liberdade de mercado acima de tudo. Ao fazer isso, ele define os contornos do que é considerado possível ou desejável na sociedade contemporânea, com implicações significativas para a democracia e a justiça social.

Podemos falar em fragmentação de culturas?

Nos últimos anos, entretanto, tem-se observado uma tendência de fragmentação na cultura de massas tradicionalmente disseminada por mídias e jornalismo. 

Esta fragmentação tem sido acelerada pela ascensão de novas tecnologias e pelo advento da internet, levando a uma diversificação sem precedentes dos conteúdos consumidos pelo público. Neste contexto, o conceito da "cauda longa", popularizado por Chris Anderson, ganha relevância, apontando para o crescente sucesso de produtos de nicho em detrimento dos grandes sucessos de massa. Esta transformação tem raízes em vários fatores principais.

Primeiramente, a digitalização dos conteúdos permitiu um acesso mais amplo e facilitado a uma diversidade de obras e informações. Antes restritos aos limites físicos e à curadoria das grandes mídias, hoje os consumidores podem explorar conteúdos que vão desde o mainstream até o mais obscuro nicho de interesse, tudo a apenas alguns cliques de distância. 

A internet não só democratizou o acesso à informação mas também proporcionou uma plataforma para a produção e compartilhamento de conteúdo por usuários comuns, ampliando ainda mais o espectro de conteúdos disponíveis.

Além disso, os algoritmos de recomendação personalizada das plataformas digitais, como Netflix, Spotify e YouTube, reforçaram a tendência da cauda longa ao direcionar os usuários para conteúdos alinhados com seus interesses específicos. Essa personalização contrapõe-se à lógica da mídia de massa, que visa atender ao maior denominador comum, e permite que produtos de nicho encontrem seu público-alvo.

Outro fator importante é a mudança nos hábitos de consumo de mídia. A crescente busca por autenticidade e experiências personalizadas levou muitos consumidores a se afastarem dos grandes canais de mídia em favor de fontes que consideram mais confiáveis ou alinhadas com suas visões de mundo. Dessa forma, favoreceu o surgimento e a consolidação de comunidades online centradas em interesses específicos, fortalecendo os nichos de mercado.

O jornalismo e a mídia tradicional enfrentam o desafio de se adaptar a esse novo cenário, onde a audiência não é mais uma massa homogênea, mas um mosaico de comunidades com interesses diversificados. 

Em resposta, muitos veículos de comunicação têm buscado especializar-se em temas específicos ou adotar abordagens mais focadas para atender a esses grupos segmentados.

Dessa forma, a transição da cultura de massas para uma cultura de nichos reflete uma mudança significativa no ecossistema de mídia e jornalismo, impulsionada pelo avanço tecnológico, pela personalização do consumo de conteúdo e por uma busca crescente por experiências mais autênticas e individualizadas. Enquanto isso, essa evolução representa tanto desafios quanto oportunidades para criadores de conteúdo e distribuidores, que precisam navegar neste ambiente cada vez mais fragmentado para se conectar com seu público.

Daiane de Souza

Publicado por:

Daiane de Souza

Jornalista (0007147/SC) e redatora SEO com vasta experiência em diferentes empresas: Receitinhas, Yooper, Marfin, Petrosolgas, Diário Prime, Superprof, Tec Mobile, Hora de Codar e muito mais!

Saiba Mais
https://rezato.com.br/
https://rezato.com.br/

Crie sua conta e confira as vantagens do Portal

Você pode ler matérias exclusivas, anunciar classificados e muito mais!

Envie sua mensagem, estaremos respondendo assim que possível ; )

clever betano