Pesquisadores da USP descobriram uma enzima produzida pelo fungo Aspergillus fumigatus que inibe o sistema imunológico humano, facilitando a instalação de infecções graves, como a aspergilose pulmonar invasiva.
Mecanismo de evasão imunológica
Os cientistas identificaram 62 proteínas exclusivas dos esporos (conídios) de A. fumigatus. Entre elas, a glicosilasparaginase chamou atenção por sua capacidade de suprimir as respostas iniciais do sistema imunológico.
Em experimentos com camundongos, mutantes do fungo que não produziam essa enzima provocaram maior ativação imunológica, resultando em menor carga fúngica nos pulmões. Já a versão selvagem do fungo, com todos os genes intactos, evitou a ativação imune, o que sugere que a enzima dá ao fungo mais tempo para se estabelecer no hospedeiro.
"A ausência da enzima parece tornar o fungo mais suscetível à eliminação pelo sistema imunológico", explica Camila Figueiredo Pinzan, autora principal do estudo e pesquisadora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP-USP).
Impacto na saúde e possibilidades de tratamento
A aspergilose pulmonar invasiva afeta principalmente pessoas imunossuprimidas e apresenta taxas de mortalidade de até 90% quando causada por A. fumigatus. O professor Gustavo Henrique Goldman, coordenador do estudo, destaca que os resultados abrem caminhos para o desenvolvimento de medicamentos que inibam a ação dessa enzima, combatendo a infecção ainda nos estágios iniciais.
Comparação entre espécies
Os pesquisadores compararam os conídios de A. fumigatus com os de outras três espécies do mesmo gênero:
- A. fischeri e A. oerlinghausenensis: não patogênicos;
- A. lentulus: patogênico, mas menos virulento.
Apesar de semelhanças genéticas de até 95% entre essas espécies, A. fumigatus é a mais letal, destacando a importância das 62 proteínas identificadas no estudo.
Perspectivas sobre novas doenças
Outro estudo liderado pelo grupo e publicado na Communications Biology mostrou que algumas cepas de A. fischeri, consideradas não patogênicas, podem causar infecções em certas condições. Isso reforça que a patogenicidade de fungos é, em grande parte, oportunista e pode emergir em ambientes específicos ou em indivíduos imunossuprimidos.
"Compreender a virulência fúngica em uma perspectiva mais ampla é crucial para prever e combater novas doenças", afirma Goldman.
Apoio à pesquisa
Os estudos contaram com financiamento da FAPESP e dos National Institutes of Health (NIH), destacando a importância de investigações multidisciplinares para o avanço no entendimento de mecanismos de infecção e desenvolvimento de tratamentos.
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