O Sindicato dos Professores assistindo, com espanto, à chamada feita pelo SINEPE- Sudeste para manifestação em defesa do retorno dos alunos às aulas presenciais vem, a público, manifestar seu mais intenso REPÚDIO, e alerta a pais, alunos e comunidade em geral:
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Num quadro em que, a nível nacional, passamos de 1.100 mortes diárias e, a nível municipal, a cidade aproxima-se de 600 óbitos, com quase 15.000 casos confirmados, nos encontramos em plena insegurança sanitária;
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A taxa de ocupação de leitos de UTI em Juiz de Fora, segundo veículos de comunicação, é de quase 85% na rede pública e mais de 76% na rede privada, com tendência de alta;
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A indiferença do Governo Federal, desde o início da pandemia, tem deixado o país à deriva na tomada de decisões e de enfrentamento ao COVID: o SUS, mesmo vítima do corte de recursos e do sucateamento, tem mostrado o quão imprescindível é para a população e a conduta irrepreensível dos profissionais da saúde nas frentes de atendimento e o profissionalismo e a coragem da comunidade científica brasileira têm-nos dado alento;
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O país, em nenhum momento, mostrou curva descendente significativa na constatação dos casos de infecção, ao contrário, em função do negacionismo do Governo e das dificuldades impostas para efetivar medidas necessárias, temos convivido com crescente número de vítimas;
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Assistimos, com apreensão, às ruas tomadas de gente, aglomerações e pouco zelo com os cuidados básicos, como o uso de máscaras. É importante que as pessoas atentem para cuidados que podem salvar vidas;
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As escolas, sejam elas públicas ou privadas, são, pela sua natureza, espaços de convívio, trocas e compartilhamento. Negar que, por si só, isso não facilita o contágio, é, simplesmente, minimizar a existência e o perigo do vírus. Os quadros assintomáticos agravam sua presença e possível circulação, seja no ambiente escolar como, depois, no ambiente familiar;
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Não é verdadeira a premissa que afirma, a partir de comparações com outros países, que o Brasil é o único a permanecer com escolas fechadas! As comparações são falsas, já que para dar-lhe crédito seria necessário garantir as condições que os outros países desfrutam: testagem em massa; respeito às iniciativas de isolamento; garantia de assistência médico-hospitalar; ações do Estado para garantir a permanência das pessoas em casa, através de auxílio financeiro; ações centralizadas pelo Governo Federal no combate à pandemia;
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O discurso utilizado pelo Sindicato patronal “em defesa da vida” se avoluma de contradição quando esbarra nos seus interesses financeiros. Os professores da rede privada de Juiz de Fora, desde o início da suspensão das atividades presenciais, têm se desdobrado, numa sobrecarga muito maior de trabalho, na execução de trabalho remoto, aulas online, atividades diversas e reuniões, no intuito de minimizar a falta do trabalho presencial;
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Em que pese tudo que o atual Governo Federal tem feito para sabotar o combate à COVID, já que para “nosso presidente”, “a vida continua, apesar das mais de 200.000 mortes”, as esperanças na imunização da população através da vacina é um horizonte que, finalmente, mostra sua luz! Não podemos agir, em nome de interesses que não respeitam a manutenção e garantia da vida, de forma atabalhoada e irresponsável: chegamos até aqui, podemos usar a razão e a prudência ao trilhar o caminho do retorno às atividades presenciais;
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Aos pais, queremos dizer que também somos pais e, como vocês, temos o maior cuidado com nossos filhos, queremos o melhor para eles, queremos que eles vivam… A ansiedade e a preocupação, comungamos com vocês! O zelo e o carinho por cada um de seus filhos, também comungamos! Sabemos que, nesta sociedade em que vivemos, muitas coisas importam, são muitas as competições, muitos obstáculos a vencer… Afora as coisas que são importantes para cada um, nada terá a menor importância, se não tivermos vivos aqueles a quem queremos bem;
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Aos nossos alunos, queremos que cada um reflita na sua responsabilidade com o momento em que vivemos: talvez, se fizermos as coisas certas, com o sacrifício que cabe a cada um, possamos retornar, o mais breve possível, às condições próximas àquelas que experimentamos outrora.
A partir das considerações expressas acima, queremos dialogar com a população de nossa cidade, com pais e alunos, das redes pública e privada, no sentido de refletir acerca do que está em jogo neste momento.
Em respeito à comunidade escolar, que vivencia conosco o dia-a-dia do chão da escola, e sabe do compromisso que cada um dos profissionais envolvidos tem na formação dos alunos, afirmamos que o momento não é de retorno presencial, nem de acúmulo de pessoas, nem de trânsito/locomoção diária! O momento é de discutir o papel da vacinação, incentivando-a e cobrando do Poder Público agilidade na sua implementação! A hora ainda é de preservação da vida!