No Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20), o debate sobre equidade racial no acesso à saúde ganha destaque. Em Minas Gerais, iniciativas como a Política Estadual de Saúde Integral da População Negra e Quilombola no Sistema Único de Saúde (SUS) reforçam a importância de integrar a representatividade negra na construção e gestão de políticas públicas.
Enfrentando desigualdades
Dados do SUS revelam uma realidade preocupante: doenças como hipertensão, diabetes e a anemia falciforme têm maior prevalência entre pessoas negras e pardas. Além disso, gestantes negras têm acesso reduzido a consultas de pré-natal e enfrentam maior risco de complicações e mortalidade materna em comparação a outros grupos raciais.
“Os números evidenciam as barreiras no acesso aos serviços e a necessidade de políticas específicas para a população negra”, afirma Joseane Carvalho, especialista em Políticas de Promoção da Equidade em Saúde na Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG).
Para enfrentar essas desigualdades, o estado aposta na integração de diferentes setores e na participação ativa de representantes negros nos espaços consultivos e deliberativos do SUS.
Política estadual como ferramenta de transformação
Aprovada em dezembro de 2022, a Política Estadual de Saúde Integral da População Negra e Quilombola oferece diretrizes e ferramentas para combater o racismo institucional e promover a equidade racial nos serviços de saúde. O documento foi elaborado em colaboração com o Comitê Técnico de Saúde Integral da População Negra, criado em 2016, que atua como um espaço de diálogo entre o governo e a sociedade civil.
“Esse comitê é essencial para monitorar e implementar ações que considerem as especificidades da população negra. É um trabalho de construção coletiva que permeia todos os níveis de atenção, da primária à hospitalar”, explica Joseane.
A política estadual também incentiva o planejamento de ações intersetoriais, envolvendo áreas como educação e desenvolvimento social, com o objetivo de ampliar a conscientização e o impacto das iniciativas.
Participação social como pilar da equidade
A representatividade negra em conselhos e comitês do SUS é considerada fundamental para enfrentar o racismo estrutural e institucional que ainda permeia o sistema de saúde. Essa participação não apenas contribui para a formulação de políticas mais inclusivas, mas também ajuda a organizar os processos de trabalho das equipes, garantindo maior acolhimento e qualidade no atendimento.
“A presença de pessoas pretas e pardas nesses espaços é essencial para qualificar os serviços e construir ações específicas que atendam as demandas dessa população”, reforça Joseane Carvalho.
Um futuro mais igualitário
O avanço nas políticas públicas voltadas à saúde da população negra reflete um esforço crescente para garantir acesso igualitário e respeitoso aos serviços. No entanto, desafios permanecem, e a luta por justiça social e equidade no SUS depende da continuidade e ampliação dessas iniciativas.
“Trabalhar pela saúde da população negra não é apenas um compromisso político, mas um passo essencial para construir uma sociedade mais justa e igualitária”, conclui Joseane.
A implementação de políticas como essa reforça a importância da consciência coletiva e do diálogo para transformar desigualdades históricas em oportunidades de inclusão e dignidade.
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