No dia 22 de dezembro de 1981, a Vila da Prata, uma comunidade formada na década de 1960 em terras do antigo sítio Acaba Mundo, foi brutalmente desmantelada pela Prefeitura de Juiz de Fora, sob a gestão do então prefeito Francisco Antônio de Mello Reis. A ação, que ocorreu sob escolta policial e envolveu tratores e caminhões, resultou na remoção forçada dos últimos moradores, que foram levados para áreas periféricas da cidade, como o Alto Santa Efigênia e o Alto Santo Antônio. A expulsão ocorreu às vésperas do Natal, deixando as famílias sem tempo de resgatar seus pertences.
Essa história trágica, muitas vezes silenciada, foi resgatada pelo projeto Memórias Negras Silenciadas, criado em 2022 pela Supervisão de Pesquisa e Educação Patrimonial do Departamento de Memória e Patrimônio Cultural (Dempac), da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa). O projeto busca dar voz aos moradores da Vila da Prata e destacar as consequências da remoção para a construção do Parque da Lajinha, que foi erguido no local.
No sábado, 1º de fevereiro, o projeto promoveu uma visita guiada ao Parque da Lajinha, reunindo 40 estudantes da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). A visita foi conduzida por Patrícia Vidal Wanderley, cientista social, e Carine Silva Muguet, historiadora e supervisora de Pesquisa e Educação Patrimonial da Funalfa. Juntas, elas compartilharam relatos emocionantes dos antigos moradores, destacando a expulsão da Vila da Prata e os desafios enfrentados pelas famílias após a remoção. Os estudantes foram apresentados à história da comunidade, que se estabeleceu nas décadas de 1960 em um vasto terreno pertencente à Prefeitura de Juiz de Fora.
O impacto dessa remoção forçada foi devastador. As famílias foram deslocadas para bairros sem infraestrutura básica, como luz e saneamento, em um período marcado por profundas desigualdades sociais. Esse episódio histórico é um exemplo claro do apagamento de narrativas sociais que marcaram a cidade de Juiz de Fora. Durante a visita, a estudante Gabriela Lopes Coutinho, graduanda em Pedagogia, ressaltou a importância do projeto para enriquecer o conhecimento dos alunos sobre a história local e suas implicações sociais.
O estudante Pedro Mattos, graduando em História, destacou a necessidade de romper o silêncio sobre o que ocorreu na Vila da Prata. Ele observou que muitos frequentadores do Parque da Lajinha desconhecem o passado do local e sugeriu que o espaço seja utilizado para criar um museu que resgate as memórias da comunidade e o impacto da remoção forçada.
A historiadora Yara Cristina Alvim, docente da UFJF, ressaltou a relevância da visitação mediada como uma ferramenta educativa, especialmente para futuros professores. Ela destacou que a atividade ajuda a desconstruir a naturalização do espaço urbano e promove a reflexão sobre as múltiplas camadas de histórias que compõem a cidade.
A visitação guiada, promovida pela Funalfa em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, gerenciadora do Parque da Lajinha, é uma ação importante para a preservação da memória local. O agendamento das visitas pode ser feito pela comunidade, permitindo que mais pessoas conheçam as histórias esquecidas e silenciadas de Juiz de Fora.
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