A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) oficializaram uma colaboração histórica com a assinatura de um contrato para a implantação de uma usina inovadora. O projeto pioneiro no Brasil transformará resíduos orgânicos da cidade em energia elétrica, biometano (combustível similar ao gás natural) e biofertilizantes, impulsionando a sustentabilidade e a gestão ambiental no município.
A iniciativa, com previsão de conclusão para 2027, é coordenada pelo professor Emanuel Brandt, do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFJF, e envolve uma equipe multidisciplinar de especialistas da universidade. O projeto abrangerá desde estudos técnicos e econômicos até a elaboração dos projetos de engenharia e a obtenção das licenças necessárias para a construção da usina.
A usina será instalada em um terreno de 16 mil m² no bairro Benfica, próximo à BR-040. A escolha estratégica do local se deve à sua proximidade com a rede da Gasmig, facilitando a injeção do biometano no gasoduto, e à disponibilidade de infraestrutura elétrica adequada.
Com capacidade para processar até 100 toneladas diárias de resíduos orgânicos provenientes de grandes geradores como shoppings, supermercados, indústrias alimentícias, estações de tratamento de esgoto e da coleta seletiva, a usina utilizará biodigestores para garantir a máxima eficiência na conversão dos resíduos em produtos de alto valor agregado.
A usina de resíduos orgânicos de Juiz de Fora terá a capacidade de gerar três produtos essenciais para o município:
- Energia Elétrica: Produzida a partir do biogás resultante do tratamento dos resíduos orgânicos.
- Biometano: Um combustível limpo e renovável, similar ao gás natural, com potencial para abastecer a frota de ônibus municipais e outras instalações públicas. A estimativa é que o biometano gerado possa suprir a demanda de 30 a 40 ônibus, gerando uma economia mensal de até R$ 1,1 milhão com a substituição do diesel.
- Biofertilizantes: Um subproduto do processo de biodigestão que poderá ser utilizado nas áreas verdes da cidade e por produtores rurais da região, reduzindo a dependência de fertilizantes químicos. A produção diária estimada é de oito toneladas.
Para o coordenador do projeto, professor Emanuel Brandt, a iniciativa coloca Juiz de Fora em um patamar de destaque na gestão de resíduos sólidos no Brasil. A ação está alinhada com a Lei Municipal de Orgânicos nº 14.402, de 2022, e com o programa Lixo Zero, um projeto de lei municipal em tramitação na Câmara.
"Estamos dando um grande passo ao aproveitamento dessas frações dos resíduos da cidade, que representam mais de 65% do total, conforme estudo da UFJF", explica o professor Brandt, referindo-se ao alto potencial de valorização dos resíduos orgânicos identificados em levantamento anterior.
Embora o Brasil já possua diversas usinas de biogás, a iniciativa de Juiz de Fora se diferencia por focar na produção e utilização do biometano pela própria prefeitura no setor de saneamento municipal, um modelo considerado inédito no país. Enquanto grandes cidades discutem a adoção de ônibus a biometano, Juiz de Fora se prepara para ser a primeira a gerar seu próprio biocombustível a partir dos resíduos urbanos.
O projeto também se alinha com a crescente importância do biometano no cenário energético nacional, impulsionado pela Lei do Combustível do Futuro, que estabelece metas progressivas para a mistura desse biocombustível no gás natural.
"O projeto coloca Juiz de Fora no mapa da inovação em gestão de resíduos no Brasil. Com a produção local de biometano, o município não apenas reduzirá os custos operacionais, mas também contribuirá para a descarbonização e a sustentabilidade urbana", conclui o professor Brandt, evidenciando o impacto positivo da parceria entre a UFJF e a Prefeitura para o futuro da cidade.
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