Na segunda-feira, 09 de setembro de 2024, uma força-tarefa composta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) resgatou dois trabalhadores que viviam em condições análogas à escravidão em uma carvoaria na cidade de Guimarânia, Minas Gerais. A operação, realizada em conjunto com a Agência Regional do Trabalho de Patos de Minas, revelou a exploração de trabalhadores submetidos a jornadas extenuantes de até 14 horas diárias e a condições de trabalho degradantes.
Os dois trabalhadores, oriundos de Montes Claros, relataram que trabalhavam sem carteira assinada e sem receber salários há mais de 30 dias. Além disso, eram obrigados a viver em barracas de lona, sem acesso a água potável ou alimentação suficiente. Segundo os auditores fiscais Deusdedit Rodrigues e Gustavo Pereira, as condições nos alojamentos eram alarmantes, com a presença de animais peçonhentos, como escorpiões e cobras, além da ausência de banheiro ou chuveiro. "Passamos fome pelo menos três vezes por semana e estamos há mais de três dias comendo só arroz e feijão", desabafaram os trabalhadores.
O cenário de exploração era agravado por irregularidades salariais, que incluíam descontos abusivos referentes às despesas de transporte e alimentação, configurando servidão por dívida. Na frente de trabalho, a situação não era menos precária: os homens operavam maquinário pesado, como tratores e motosserras, sem o devido treinamento ou uso de equipamentos de proteção individual.
Diante das evidências, o empregador foi notificado a regularizar a situação dos trabalhadores, efetuando o pagamento de salários, verbas rescisórias e a formalização dos contratos. Também foi determinado o custeio das passagens de volta para Montes Claros, cidade de origem dos trabalhadores. Além disso, os alojamentos improvisados em barracas de lona foram interditados.
Esse caso chama a atenção para a necessidade constante de fiscalização e punição em situações de trabalho análogo à escravidão, que ainda persiste em pleno século XXI, especialmente em áreas rurais. A ação da força-tarefa reforça a importância de iniciativas conjuntas para combater esse tipo de crime, que afronta a dignidade humana.
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