Mulheres que sofrem de enxaqueca e dor cervical crônica possuem cerca de 50% menos força e resistência nos músculos do pescoço em comparação àquelas sem essas condições. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP), que sugere que a dor pode se agravar com o tempo devido à fadiga muscular na região craniocervical.
Resultados da Pesquisa
O estudo, publicado no European Journal of Pain e financiado pela FAPESP, envolveu cem mulheres entre 18 e 55 anos de Ribeirão Preto. As participantes foram divididas em quatro grupos: sem enxaqueca ou dor no pescoço, com dor no pescoço, com enxaqueca e dor no pescoço, e com enxaqueca e alodinia (sensibilidade aumentada).
Os testes mostraram que as mulheres com enxaqueca e dor cervical conseguiram manter a posição de flexão ou extensão do pescoço por apenas 34 segundos, metade do tempo das participantes sem essas condições. A fadiga foi observada principalmente nos músculos esplênio e escaleno anterior, responsáveis pela flexão lateral e rotação do pescoço.
Implicações Clínicas
A professora Débora Bevilaqua Grossi, líder da pesquisa e responsável pelo Ambulatório de Fisioterapia em Cefaleia e Disfunção Temporomandibular (DTM) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), destaca a importância de tratar a enxaqueca com uma abordagem multidisciplinar. “Pacientes com enxaqueca têm 12 vezes mais dor no pescoço do que aqueles sem dores de cabeça. A aliança entre medicação e fisioterapia pode acelerar a recuperação, reduzindo a sobrecarga muscular e melhorando a qualidade de vida,” afirma Grossi.
Contexto da Enxaqueca
A enxaqueca é uma das doenças mais incapacitantes do mundo, afetando a qualidade de vida pessoal e profissional dos pacientes. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais da metade da população experimentará algum tipo de cefaleia durante a vida. Quando a dor ocorre em mais de 15 dias por mês, o paciente é considerado crônico.
“Mais de 70% dos pacientes com enxaqueca têm dor cervical, o que reduz a eficácia do tratamento medicamentoso. A fraqueza muscular no pescoço pode cronificar a dor e aumentar a frequência e intensidade das crises,” explica a neurologista Fabíola Dach, coautora do estudo e responsável pelos ambulatórios de Cefaleia, Dor Neuropática e Neurologia Geral do HCFMRP-USP.
Metodologia dos Testes
Os testes avaliaram a força, resistência e limiar de dor dos músculos cervicais usando um dinamômetro. As participantes foram submetidas a diversas posições para medir a resistência e a força dos músculos do pescoço. As queixas de dor durante os testes foram registradas, e a análise eletromiográfica complementou os dados, confirmando a presença de disfunções cervicais.
Conclusões e Próximos Passos
Os dados reforçam a necessidade de integrar tratamentos de fisioterapia e medicação para abordar a dor de forma eficaz. “A enxaqueca é mais do que uma dor de cabeça; muitas vezes, está associada a dores musculares no pescoço e na face, que afetam significativamente a qualidade de vida,” ressalta Grossi.
Os próximos passos da pesquisa incluem estudos multicêntricos para aprofundar o conhecimento sobre as disfunções cervicais em pacientes com enxaqueca, visando desenvolver estratégias de tratamento mais eficazes.
O artigo completo: Cervical muscle parameters and allodynia in migraine and cervical pain – A controlled study.
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