O Centro de Arte Popular (CAP), em Belo Horizonte, inaugura nesta quinta-feira (19), às 19h, a exposição “A Beleza do Imperfeito”, com obras desenvolvidas por recuperandos do sistema prisional e da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC). A mostra, que ficará aberta ao público até 20 de outubro, é organizada pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult-MG), e convida os visitantes a refletirem sobre temas como liberdade, família, educação, fé, sobrevivência no cárcere e trabalho. A exposição também instiga uma reflexão sobre o papel da sociedade na compreensão da complexidade desse universo.
Entre os destaques, estão cartas escritas por recuperandos em um projeto de educação, que integram o acervo da mostra. “Cartas escritas num projeto de educação integram o acervo, numa espécie de interação de quem escreve de uma cela de um presídio com quem, em liberdade - imperfeita, talvez? - as lê, aproximando aqueles que não estão tão distantes em vários aspectos e, ao mesmo tempo, que se distanciam em outras tantas situações”, afirma Tio Flávio, professor universitário e um dos curadores da exposição. A curadoria coletiva também inclui nomes como Varda Kendler, Mariângela Souza, Odette Castro, Tê Araújo, Angelita Mercês, Marcela Mafra e Helena Macedo.
A exposição ocorre durante a 18ª Primavera dos Museus, de 23 a 29 de setembro, cujo tema é “Museus, acessibilidade e inclusão”. A Primavera dos Museus é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) que mobiliza museus e espaços culturais em todo o país, incentivando a discussão sobre acessibilidade e inclusão em seus acervos e práticas expositivas. A mostra, “A Beleza do Imperfeito”, visa justamente inserir no debate os trabalhos de pessoas marginalizadas pelo sistema prisional.
Cultura e educação como ferramentas de reintegração
O tema da exposição reforça o papel transformador de ações formativas e culturais dentro do sistema prisional brasileiro, que atualmente abriga mais de 850 mil pessoas, segundo dados de 2023 do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em 2000, esse número era de pouco mais de 230 mil. A expansão populacional carcerária traz à tona a urgência de programas que promovam educação, capacitação profissional, incentivo ao esporte, acesso à cultura e assistência social.
“A Beleza do Imperfeito” levanta essas questões com o objetivo de estimular a reflexão sobre a qualidade do processo prisional e a importância da inclusão social de trabalhos artísticos criados nesses ambientes em museus e outros espaços culturais.
Centro de Arte Popular
Parte do Circuito Liberdade, o Centro de Arte Popular é dedicado à promoção das manifestações culturais mineiras. O espaço apresenta uma vasta coleção de obras que refletem a riqueza e diversidade da cultura popular do estado. O prédio, construído na década de 1920 para fins residenciais, também serviu como o Hospital São Tarcísio antes de sua adaptação, em 2012, para abrigar o CAP. O local possui salas de exposições permanentes e temporárias, além de espaços para oficinas e atividades culturais, oferecendo uma visão abrangente do universo criativo de diversas regiões de Minas Gerais, como o Vale do Jequitinhonha e Ouro Preto.
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