Um grupo de trabalho do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF, sob gestão da Ebserh) participa de projeto que está fazendo tradução e validação de escala de sintomas não motores da Doença de Parkinson. Trata-se de uma parceria entre 20 centros de pesquisa do Brasil e de Portugal, em que o HU-UFJF é o centro coordenador. São dez instituições de pesquisa em cada país, distribuídos por regiões, com o objetivo de ter diversidade geográfica e cultural.
O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum nos idosos, perdendo apenas para a doença de Alzheimer. É caracterizada por sintomas motores, tremor de repouso, rigidez na musculatura, lentidão nos movimentos, que são os sinais mais importantes na doença. No entanto, hoje se reconhece também uma proporção de sinais não motores que impactam na qualidade de vida desses pacientes, como depressão, fadiga, declínio cognitivo, sudorese, alterações autonômicas ou desautonômicas, como retenção, incontinência urinária, dor, enumera o neurologista e professor da Faculdade de Medicina da UFJF Thiago Cardoso Vale, coordenador da pesquisa no HU.
A ideia do projeto é fazer com que a gente tenha uma escala traduzida para o português para avaliar os sintomas não motores da doença. Tal escala já é utilizada em outros países, tanto do ponto de vista assistencial quanto de pesquisa, sendo originada da Sociedade Internacional de Doença de Parkinson e Distúrbio de Movimento, sediada nos Estados Unidos. O objetivo é que se faça uma tradução tanto para o português brasileiro quanto o europeu, visando ter uma escala em comum para os países de língua portuguesa, explica o professor.
Cada um dos centros de pesquisa será responsável por incluir 20 pacientes, totalizando 200 no Brasil e 200 em Portugal, para que seja validada e comparada com a escala original e ver se ela realmente é útil. A equipe envolvida no HU é a mesma do Ambulatório de Distúrbios do Movimento, do Serviço de Neurologia, coordenado pelo professor Tiago e contando com um neurologista assistente, Daniel Sabino de Oliveira, e uma aluna do mestrado do Programa de Pós-graduação em Saúde da Faculdade de Medicina, Daniela da Silva, responsável pela coleta de dados e análise final do projeto, que se pretende enviar para alguma revista de impacto da área da Neurologia.
“Nosso centro aqui já está bem avançado, foi o primeiro com aprovação do Comitê de Ética de Pesquisa. A tradução em comum já foi feita, por médicos independentes com fluência em português e inglês, tomando-se o cuidado de encontrar palavras semelhantes ao português de Portugal. Existem situações como a da palavra ‘quadril’ no português do Brasil, mas ‘anca’ no português de Portugal”, conta.
Outra boa notícia é que o projeto conseguiu um patrocínio de US$ 40 mil (R$ 200 mil) da Sociedade Internacional de Doença de Parkinson e Distúrbio de Movimento a fim de facilitar a aplicação da escala.
O professor Tiago afirma ser importante ter o HU-UFJF como um centro coordenador da pesquisa, porque traz visibilidade para o trabalho realizado na Universidade e no Hospital Universitário, ainda mais com um patrocínio internacional, que é imprescindível para atrair novas pesquisas.
AMBULATÓRIO DE DISTÚRBIO DE MOVIMENTO
O Ambulatório de Distúrbio de Movimento no HU-UFJF conta com atendimento especializado em doenças de desordem de movimento, a exemplo de Parkinson, tremores induzidos por drogas e medicações, distonias (postura anormal de alguma parte do corpo e que necessita da aplicação de toxina botulínica, também aplicada no HU), além de outras doenças. Para ter acesso ao atendimento, é preciso um encaminhamento pelas Unidades Básicas de Saúde.
Sinais precoces da Doença de Parkinson
A idade mais comum de aparecer sintomas é a partir de 60 anos. As causas mais precoces geralmente têm origem genética.
ATENÇÃO
. Durante a caminhada do paciente, um dos lados, um dos braços, não se movimenta da mesma forma que o outro;
. Perda do movimento conjugado dos braços, um fica mais grudado no corpo, que às vezes causa até dor no ombro e leva à procura inicialmente de um ortopedista.
TRATAMENTO
O tratamento principal da doença é sintomático, feito com medicação, mas o arsenal terapêutico é diverso e amplo, grande parte adquirido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em alguns casos, há encaminhamento para cirurgia, como de colocação de eletrodo no cérebro, para melhorar a qualidade de vida do paciente.
PREVENÇÃO
Existem estratégias preventivas. O que está mais avançado em termos da literatura é a realização de exercício físico de moderada intensidade, de 4 a 5 vezes na semana, tanto para prevenção ao Parkinson quanto para outras doenças neurodegenerativas.