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Quinta-feira, 03 de Outubro de 2024
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Lindolfo Hill - um outro olhar para a esquerda 09

Série Lindolfo Hill - Contato com o PCB

Alexandre Müller Hill Maestrini
Por Alexandre Müller Hill...
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Lindolfo Hill - um outro olhar para a esquerda 09
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O jovem Lindolfo cresceu em sua cidade natal Juiz de Fora, na Zona da Mata das Minas Gerais - Brasil, e, seguindo a profissão de seu falecido pai, tinha se tornado trabalhador da construção civil, exercendo a profissão de pedreiro. Em janeiro de 1927, com a suspensão do Estado-de-Sítio, que durou de 1922 a 1926, o PCB fazia sua primeira “tentativa” de atuação na legalidade através da criação do Bloco Operário e Camponês (BOC) com todas as condições para participarem da vida política eleitoral. Os militares iniciaram as propagandas anticomunistas, mas, mesmo neste cenário, a União Operária de Juiz de Fora, que tinha sido legitimamente fundada em 1.7.1927 sob orientações dos militantes comunistas, manteve a tradição dos trabalhadores locais de se organizarem em associações de diversos ofícios.
Dentro da União Operária, membros do PCB exerciam certa supremacia e compunham a comissão executiva. O estatuto da União Operária foi também elaborado pelos companheiros de orientação comunistas José Marcílio, secretário-geral; João Salvi, tesoureiro; Luiz Zuddio, primeiro-secretário e Sebastião Bernardes, como procurador. Em 29.12.1928, o PCB reuniu 31 delegados no III Congresso Nacional em Niterói, na sede da Federação Operária do Estado do Rio, com uma polêmica interna sobre a atuação do partido no âmbito sindical, além de uma extensa pauta com 16 temas no sentido de aprofundar a análise da situação econômica, política e social do Brasil e o papel da classe operária no movimento revolucionário em marcha desde 1922. Com mais de 70% de analfabetos (que não podiam participar das eleições!), o Brasil continuava na mão de um legislativo e um executivo já constituídos e dominados pelas oligarquias; já que nesta época ainda não existia a Justiça eleitoral. Em 1930, com um golpe militar, Getúlio Dorneles Vargas chega ao poder. Neste ano, o PC contava com somente 800 militantes espalhados pelo imenso Brasil.
Assim, se recusando a enquadrar-se na lei de sindicalização da Era Vargas, em 1930-1931, a União Operária se viu fragilizada e desarticulada, sofrendo sob a vigilância, repressão policial e cada vez mais criminalizada. Foi nesta mesma época de Getúlio Vargas que começaram as práticas violentas de torturas contra os “inimigos políticos”, isto é, todos aqueles que pensavam diferente. Em Juiz de Fora, além de perseguirem sistematicamente os comunistas, as autoridades policiais, visando intimidar os trabalhadores locais, ameaçavam ampliar o raio de ação repressivo até para pessoas suspeitas de serem simpatizantes do “credo vermelho” e da União Operária.
O contexto mundial também estava se alterando e em fevereiro de 1933, com a provocação montada pelos nazistas na Alemanha, com a farsa do incêndio no Reichstag (Parlamento Alemão), Hitler chega ao poder, justificando a repressão contra os comunistas. A repercussão mundial foi imediata. No Brasil, em março de 1933, o Superior Tribunal Eleitoral recusou o pedido de registro do PCB, considerando-o um partido “internacionalista”. Anos mais tarde, em interrogatório no SNI (Serviço Nacional de Informação), na rua Uruguaiana, décimo andar do conhecido edifício da Casa da Borracha, o próprio Lindolfo Hill contaria sua história, começando por 1934. Nesse ano o jovem operário da construção civil, residente na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, então com 17 anos de idade, começou a participar como associado da União Operária, organização dos trabalhadores da cidade de Juiz de Fora.
O ingresso de Hill na referida organização tinha sido influenciado por vários companheiros de trabalho na Companhia Pantaleone Arcuri. Na mesma época, Lindolfo foi também convidado a participar da formação do PCB da cidade, tendo tomado parte em várias reuniões da “Célula da Empresa”, como era então chamada. A célula era o local de referência localizado num bairro ou local de trabalho em que atuavam os militantes do PCB. Naquelas reuniões, entre outros assuntos, conversava-se sobre questões relacionadas com a empresa, como o salário, a importância de conseguirem férias remuneradas, que então não recebiam. O questionamento diário básico dos que têm pouco é sempre: por que o pobre trabalha toda vida e nunca tem nada?
No início de 1935, o país se encontrava em desordem financeira com um vultuoso déficit que levou ao desencanto da população. Para se manter no poder, Getúlio Vargas tivera que fazer grandes concessões aos grupos oligárquicos estaduais e, em contraponto, as insatisfações populares estavam sendo direcionadas para o movimento da Aliança Nacional Libertadora (ANL), lançada publicamente no Rio de Janeiro em 30.3.1935, com cerimônia no Teatro João Caetano. Em menos de três meses, a ANL já contava com mais de 1600 núcleos espalhados por todo o território nacional; só na capital federal Rio de Janeiro eram 50 mil inscritos.
A ANL lutava por um poder democrático, defendia o anti-imperialismo, a reforma agrária e a luta antifascista.35 Neste cenário político, ainda em meados de 1935, atendendo a convite de um cunhado, foram ambos para o Rio de Janeiro e Lindolfo Hill passou residir com um outro cunhado. Durante esse tempo que viveu no Rio, não teve nenhuma ligação com o PCB ou com sindicatos. Lindolfo vivenciou a época da Revolta Comunista de 1935, erroneamente designada “Intentona Comunista”, pois essa designação pejorativa significa “intento temerário”, termo utilizado pelos meios oficiais de propaganda e comunicação da época na tentativa de desqualificar a revolta legítima do povo. Todavia era isso que a repressão queria e o governo elaborou uma mitologia sobre uma “sangrenta intentona”, que na verdade agitara o fantasma do comunismo e contra os movimentos democráticos.
As calúnias de um “brutal” movimento insurrecional não tinham base factual, nem das investigações policial-militares, nem do Superior Tribunal Militar.36 Sob a inspiração do Partido Comunista do Brasil tinha sido criada a ANL com a finalidade de defender a liberdade de expressão, nacionalizar empresas, realizar a reforma agrária, suspender a dívida externa e instaurar o governo popular. Motivos muito justos, porém o expressivo crescimento da ANL e os protestos populares, preocupavam o regime varguista, que tentava detê-la. Os insatisfeitos da ANL se organizaram em uma revolta armada e tentaram derrubar o governo do presidente Getúlio Vargas. Um governo que não admite oposição é ditatorial! Em uma de suas frentes, a ANL lutava contra o Integralismo de caráter nacionalista e corporativista social, em outra frente a ANL lutava contra o governo autoritário de Getúlio Vargas que, com uma canetada, nomeava e destituía qualquer um.
Desde a decretação da Lei de Segurança Nacional em 1935, a “Lei Monstro”, sancionada em 4.4.1935, elaborada por Vicente Rao, notório adepto do fascismo,38 o regime vinha se fechando. Percebendo a forte oposição, o governo tentou deter a ANL e a “colocou” na ilegalidade em 11.7.1935, utilizando-se da nova Lei de Segurança Nacional. Para contestar a proibição da atuação da ANL, iniciaram-se os levantes em datas diferentes em cada Estado. Concentradas nos quartéis militares e com pouco envolvimento da população civil, em novembro de 1935, ocorreram sublevações nos Estados Rio Grande do Norte, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Esses movimentos revoltosos, formados por intelectuais, trabalhadores e militares, foram uma resposta à dissolução da ANL. Diante dessa situação, renascia o “Salvacionismo” dos militares no Brasil. Esse fenômeno não é difícil de compreender, considerando-se o processo histórico da formação da sociedade brasileira, marcado pela inegável força das classes dominantes que sempre souberam impor aos setores populares uma desorganização e desestruturação social, se tornando uma sociedade excludente em relação aos “de baixo”, não restando espaço para que o povo organizado pudesse influir na vida nacional. Tradicionalmente, na sociedade brasileira, os setores populares sempre enfrentaram dificuldades de participação organizada, seja através de partidos, associações, sindicatos e outras formas de caráter social ou político. Restava a consequência natural da expectativa de um “golpe salvador” desfechado pelos militares em substituição do papel das vontades das massas oprimidas.
Foi nesse contexto que o PCB, com dificuldades de mobilizar o povo, o qual passaria ironicamente a ver nos militares a possibilidade de abertura de caminho para uma insurreição popular. Para os planos dos comunistas, o capitão Luiz Carlos Prestes deveria assumir o comando das Forças Armadas e garantir a fidelidade aos objetivos revolucionários do PCB. E, visando a vender o sensacionalismo, a imprensa “carregava na tinta” – exagerava para vender - e as ações dos revolucionários ganhou face grotesca de barbárie, destruição e violência. Nesses relatos, os comunistas teriam “supostamente” cometido atos hediondos e eram classificados como indivíduos alienados da sociedade brasileira. Por um longo período, os ouvintes das rádios e os leitores dos jornais foram bombardeados com imagens nefastas das atividades comunistas que supostamente “matavam gente que dormia, estupravam e assaltavam”, criando uma visão maniqueísta do comunismo.
O primeiro Estado a sublevar-se foi o Rio Grande do Norte. Na capital Natal, em 23.11.1935, militares insurgiram-se no 21° Batalhão de Caçadores e instalaram o Comitê Popular Revolucionário. Em 24.11.1935, eclodiu a revolta em Pernambuco no 29° Batalhão de Caçadores. A sublevação militar foi antecedida por greves, principalmente dos trabalhadores da Estrada de Ferro Great Western. A última sublevação ocorreu no Estado do Rio de Janeiro, no 3° Regimento de Infantaria da Praia Vermelha e na Escola de Aviação Militar do Campo dos Afonsos, em 26.11.1935.
As revoltas foram sufocadas pelas forças legalistas e as greves insufladas pelo Partido Comunista do Brasil não tiveram a dimensão esperada, desse modo, não puderam respaldar os revoltosos. Uma marca do movimento foi a “resistência” contra o governo organizado pelo capitão do Exército Luiz Carlos Prestes e Olga Benário, debelada pelas tropas de Getúlio Vargas. Um capitão como chefe? Salvacionismo militar? A história é cíclica? Analisemos o Brasil em 2018. Aproveitando-se deste cenário, em 25.11.1935 tinha sido enviado ao Congresso Nacional o pedido de decretação de estado de sítio em todo território nacional.
Em março de 1936, as três emendas à constituição foram aprovadas e deliberavam na primeira emenda sobre a equiparação do estado de sítio ao estado de guerra, a segunda emenda possibilitava excluir das Forças Armadas os militares, “tidos como comunistas”, e a terceira emenda permitia exonerar sumariamente funcionários públicos civis. Armado com estes superpoderes, o Estado empreendeu uma campanha de repressão política. O “pavor aos vermelhos” deu início a uma campanha anticomunista consolidando no imaginário em pouco tempo a associação do pensamento comunista com o “mal”, isto é doença, demônio, violência, imoralidade etc.
Como consequência, a perseguição aos comunistas e às pessoas consideradas ameaças ao regime se acirrou. Porém, na verdade, o PCB era ainda um partido pequeno, débil, heterogêneo, clandestino, sistematicamente perseguido e com dificuldades de formular uma orientação política adequada à realidade.40 O governo de Vargas utilizou-se das revoltas de 1935 como pretexto para exagerar (!) o perigo da ascensão comunista ao poder. No Exército foram expulsos os elementos mais radicais. No Congresso criou-se o Tribunal de Segurança Nacional para julgar crimes políticos, a ANL foi desarticulada e seus simpatizantes perseguidos.
O conceito de esquerda e direita surgiu somente a partir da Revolução Francesa em 1879, quando aliados do rei se sentavam à direita e seus opositores à esquerda. Como na vida política não existe vácuo, eliminada a esquerda, a direita “florescia”. Em setembro de 1936, os integralistas promovem marcha “dos camisas verdes” em apoio ao governo de Getúlio Vargas. Em poucos dias, a esposa de Luiz Carlos Prestes é expulsa do país - no 7o mês de gravidez e esperando uma filha brasileira - e entregue ilegalmente, na calada da noite, à Gestapo (Geheimstaatspolizei), o serviço secreto alemão. O futuro de Olga Benário estava marcado: os campos de concentração. A jovem comunista alemã tinha sido destinada em 1934 para acompanhar o brasileiro Luiz Carlos Prestes na sua volta de Moscou ao Brasil.
Durante a viagem eles se disfarçaram de um casal em lua de mel e acabaram se apaixonando de verdade.42 Em 1942, Olga foi assassinada na câmara de gás no campo de concentração nazista de Bernburg!43 Internacionalmente, a Alemanha nazista e o império Japonês assinaram em 25.11.1936 o Pacto Anticomintern, declarando oficialmente a posição nazista e fascista contra o Comunismo Internacional. Atento aos desdobramentos do cenário internacional da época, Lindolfo Hill trabalhou somente até fins de 1936 no Rio de Janeiro, quando decidiu voltar para Juiz de Fora e também para seu antigo empregador, a construtora Companhia Industrial e Construtora Pantaleone Arcuri, que neste ano começava a construção da Casa D’Italia com doações de membros da comunidade italiana para terem um local onde se encontrariam e preservariam cultura. O terreno para construção da Casa D’Itália tinha sido adquirido pelos italianos em 11.10.1933.44 Em sua cidade natal, Lindolfo encontrou-se com antigos companheiros, mas já não aconteciam mais reuniões oficiais como no passado, devido aos perigos em decorrência dos desdobramentos e acontecimentos no país.
Mais amadurecido, Lindolfo Hill já tinha se tornado um simpatizante da luta de classe pelos direitos trabalhistas e Juiz de Fora vivia uma expansão econômica. Lindolfo lia Karl Marx que escreveu, “a burguesia quer lucro e os trabalhadores salário: se sobem os lucros, baixam os salários; se sobem os salários baixam os lucros”. Hill já sabia que esse era o conflito fundamental entre as duas classes, denominado estado de guerra. Como a União Operária de Juiz de Fora já não existia mais, Lindolfo Hill ingressou no Sindicato dos Trabalhadores em Construção Civil, instituição reconhecida pelo Governo Vargas e que se enquadrava na lei de sindicalização.
Nesta época, o município de Juiz de Fora vivia o processo de verticalização e a construção civil empregava cada vez mais operários. Neste reinício em sua cidade natal, além das tarefas e atividades de pedreiro, Lindolfo se limitava a participar das assembleias que o sindicato realizava, de suas festas, excursões e etc. Como vários sindicatos utilizavam a mesma sede social, Lindolfo mantinha relações com antigos companheiros e fazia novas amizades com trabalhadores de outras profissões. Os antepassados de Hill eram imigrantes germânicos e católicos praticantes, ao contrário de Lindolfo Hill que era ateu. Em 20.5.1937, ainda muito jovem, Lindolfo casou-se com Dona Carmem Barroso pelo regime de comunhão de bens, em uma cerimônia religiosa católica, realizada na Igreja da Glória.
Nascida em 16.12.1917, Carmen era filha de Francisca Soares e (por ironia do destino) do militar Euclydes Barroso. O amor de Carmem e Lindolfo foi selado em um momento político conturbado do país, mas as famílias ainda nada sabiam das atividades políticas de Lindolfo.
A igreja católica em seu jornal O Diário, de 27.7.1937, na página 2, escrevia e acirrava a guerra contra a “ameaça comunista” ateísta e fazia suposições, que, vindo da igreja, ganhavam caráter de vaticínio: ...“o golpe comunista rebentará dentro de pouco... os católicos...” ... “gritarão na ponta da faca dos comunistas” ... “gritarão diante das filhas e esposas violadas” ... “gritarão diante de seus bens saqueados” ... “gritarão diante das igrejas incendiadas e altares profanados”. Logo o episcopado brasileiro tornaria público a Carta Pastoral e mandamentos do episcopado brasileiro sobre o comunismo ateu. Assinado por dezenas de bispos e arcebispos, cardeal do RJ e primaz da Bahia o documento instigava os católicos a lutarem contra o desafio comunista, identificado como “mal absoluto”.
Desde agosto de 1937, com as eleições presidenciais se aproximando, o presidente Vargas já sabia que não tinha maioria no Congresso. Era necessário eliminar os concorrentes e para alcançar legitimidade; Getúlio Vargas precisaria de uma fachada e álibi para endurecer e defender a “legalidade” e “libertar” o país da ameaça do comunismo. O embuste conspiratório de um suposto Plano Cohen caiu como uma luva, um verdadeiro Frankenstein que o general Góes Monteiro deu vida! Na verdade, o general Góes Monteiro, chefe do Estado-Maior do Exército e declaradamente germanófilo, desvirtuou um documento do Boletim secreto da AIB, escrito pelo então integralista e capitão do exército brasileiro Olympio Mourão Filho.
Este documento deveria ter sido somente parte do 4o Boletim de Informações do Serviço Secreto da AIB (SSAIB), escrito em “forma de plano” para ser distribuído internamente dentro da AIB. Um capítulo II “previa” que aconteceria uma insurreição comunista no país e Mourão assinou de “brincadeira” com o nome “Cohen”, o que daria um “caráter internacional”. O chefe dos Integralistas, Plínio Salgado, era um dos que apoiava o movimento nacionalista contra a “ameaça comunista” e tinha sido ele quem tinha pedido ao Mourão que escrevesse um informe interno como estudo de tática no caso de um “suposto” levante comunista. Para cumprir sua missão, Mourão tentara “raciocinar por escrito segundo as concepções do inimigo”.
Diga-se de passagem que o texto tinha sido reprovado por Plínio Salgado por considerá-lo fantasioso demais e pedira para que Mourão o reescrevesse. Sendo integralista, anticomunista e ideologicamente de direita, Mourão tinha exagerado na caricatura e no preconceito contra os comunistas, uma tortuosa intriga que objetivava uma insurreição para instalar uma república comunista no Brasil. Mesmo com tantas deficiências, porém tendo caindo em mãos erradas (do general Góes), o tal Plano Cohen foi “denunciado” em 30.9.1937 pelo Ministro da Justiça Eurico Gaspar Dutra (outro germanófilo). Logo foi apresentado o embuste manipulado como tendo sido “descoberto” pelo serviço secreto do exército e apreendido em poder de representantes da Internacional Comunista no Brasil. A estratégia do golpista general Pedro Aurélio de Góes Monteiro era pedir ao Congresso a aprovação do Estado de Guerra para combater e reprimir o suposto “fantasma do comunismo” e depois suspender as garantias constitucionais.
Sob pressão militar e sem nunca terem visto (repito, sem nunca terem visto!) o suposto “Plano Cohen”, os deputados federais aprovaram o estado de guerra (!), confiando somente nas palavras do general e do Ministro da Justiça! Depois de aprovado, o regime de exceção serviu de fachada para que o presidente Getúlio Vargas implantasse o Estado Novo, em 1.10.1937, com poderes ditatoriais. O Estado Novo vinha somente como uma atualização ideológica do autoritarismo brasileiro de fundo patriarcal e oligárquico. Ainda em outubro uma comissão anunciava o fechamento de lojas maçônicas com a “suposição” (palavras como esta, sem prova!) que “existem provas de perigosas infiltrações comunistas na maçonaria”. Alegando razões semelhantes fecharam também as casas espíritas. As orientações eram que os comunistas deveriam ser isolados em ilhas, mas os “recuperáveis” deveriam ser enviados para colônias agrícolas e receber “reeducação moral e cívica”.
Logo em seguida, em 10.11.1937, Getúlio Vargas “mandou fechar” o Senado e a Câmara dos Deputados e o Brasil mergulhou na ditadura que duraria até 1945.47 Foi criada a Comissão de Repressão ao Comunismo e as prisões em massas tornaram-se frequentes, “justificadas” (outra palavra sem provas!) pela necessidade da eliminação da esquerda no país. Mas o perigo “iminente” (outra palavra sem provas!) era totalmente falso, já que os principais chefes estavam presos. O histerismo anticomunista levou a nação à ditadura!
Sob a liderança de Getúlio Vargas, o Brasil acompanhava a construção de um sistema repressivo. O período foi marcado pela suspensão das eleições presidenciais previstas para 3.1.1938, da intervenção federal nos estados e pelas prisões arbitrárias da Polícia Política com as desculpas de manter a ordem política e social. Logo nos primeiros dias, Getúlio Vargas promulgou o Decreto-lei n. 37, dissolvendo todos os partidos políticos, milícias cívicas, restringindo o uso de uniformes e simbologias dessas entidades. Com isso o governo praticamente liquidou a democracia e o PCB sob ataques e repressão. Nada foi poupado, o esquema montado era visando a eliminar todos oposicionistas: maçons, comunistas e integralistas, ancorando-se num sistema de trocas de informações, espionagem e propaganda.

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Alexandre Müller Hill Maestrini

Publicado por:

Alexandre Müller Hill Maestrini

Alexandre Müller Hill Maestrini é professor de alemão no Instituto Autobahn e autor de quatro livros: Cerveja, Alemães e Juiz de Fora, Franz Hill – Diário de um Imigrante Alemão, Lindolfo Hill – Um outro olhar para a esquerda e Arte Sutil.

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