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Domingo, 26 de Janeiro de 2025
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Lindolfo Hill - um outro olhar para a esquerda 10

Série Lindolfo Hill - VARGAS, II GUERRA E PCB

Alexandre Müller Hill Maestrini
Por Alexandre Müller Hill...
Lindolfo Hill - um outro olhar para a esquerda 10
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Apesar das pressões e do contragosto da esposa, a partir de 1938 Lindolfo se manteve ativo na vida sindicalista e partidária de Juiz de Fora. Logo viriam os filhos de Lindolfo e Carmen, Ivanícia Hill (1938), Maurício Hill (1940), Carlos Hill Neto (1942).49 No final de 1939, a polícia prendeu ou dispersou os vários Comitês regionais e o Comitê Central do PCB, debilitando o partido. O que não impediu que internamente indivíduos comunistas presos ou soltos subsistissem com atuação política, mesmo que bastante limitada com precárias manifestações práticas e ideológicas. Ironia do destino: comunistas, integralistas e outras colorações políticas contra o regime de Getúlio Vargas acabaram caindo nas mesmas celas da prisão destinadas para a “ilegalidade”, em um regime ditatorial.
Em 1940, apesar de seu governo paternalista e autoritário, Getúlio Vargas era paradoxalmente considerado o “pai dos pobres” e a favor de uma revolução social através da evolução da classe operária dentro do regime democrático e dos princípios cristãos. Embarcado no navio Minas Gerais o presidente pronunciou discurso “simpático ao nazifascismo”, mas por outro lado foi criado no governo Vargas o Ministério do Trabalho e a questão trabalhista e social passou a não ser mais considerada caso de polícia. Em 1941 o Brasil acelerava sua industrialização e fundava a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) em Volta Redonda. Novos ventos na Europa, em meados deste ano os tanques alemães invadiram a União Soviética com repercussões mundiais. Churchill, Roosevelt e Stálin programaram uma conferência de cúpula para definirem como combater a ofensiva da Alemanha nazista contra a ameaça imperialista.
No Brasil Getúlio Vargas buscava manter uma neutralidade bélica e propôs uma união nacional para defender o país. Em 29.1.1942 o mundo já estava vivendo reflexos da Segunda Guerra Mundial e no Brasil, após o anúncio do ministro Oswaldo Aranha que o Brasil rompera as relações diplomáticas com as nações do Eixo, várias resoluções foram lançadas pelo Brasil. No Rio de Janeiro, em 22.8.1942, Getúlio Vargas se reúne com seus ministros no Palácio Guanabara; depois de uma hora e meia de reunião, o governo anunciou que o Brasil estava em “estado de beligerância” com a Alemanha Nazista e a Itália Fascista, o que na prática era uma clara declaração de guerra às ditaduras fascistas da direita europeia. Resolução de guerra paradoxal no momento histórico, pois Vargas combatia o comunismo e namorava com as nações italiana e alemã.
Contraditoriamente o Brasil de Vargas combatia no exterior regimes autoritários de Hitler e Mussolini, ao mesmo tempo em que o regime interno implantado no país era bastante parecido aos autoritarismos da Alemanha e Itália.50 Nos dias que precederam a decisão de Getúlio, o país já vivia sob o choque causado por uma série de ataques aos navios brasileiros em águas territoriais. Seis deles foram afundados pelo submarino alemão U-507 em um espaço de apenas cinco dias, com mais de 600 mortos. Foi assim que em todo país, o Estado Brasileiro voltou-se então contra os imigrantes de países do Eixo, aprofundou-se na colaboração militar com os norte-americanos e permitiu a instalação de bases aeronavais ianques no Nordeste do Brasil.
Mesmo antes da guerra, a campanha de nacionalização iniciada com o Estado Novo em 1937 já tinha praticamente abolido o sistema de escolas e publicações locais em língua estrangeira por todo o Brasil. Em janeiro de 1942, falar alemão, japonês ou italiano já tinha sido proibido em vários estados, pois o Brasil rompeu relações com os países do Eixo, mas as restrições passaram a ser reforçadas depois da declaração de guerra. Reflexo internacional, em Juiz de Fora o ambiente tinha ficado tenso e a repressão aos imigrantes germânicos e italianos era sentida com as prisões, os interrogatórios, as ameaças e as disputas pessoais. Lindolfo preocupava-se com seus parentes descendentes de alemães.
Nesta época muitas empresas empregavam estrangeiros e Getúlio Vargas estabeleceu a nacionalização do operário, obrigando que no mínimo 2/3 dos empregados deveriam ser brasileiros, gerando uma grande onda de “naturalizações”. Em várias cidades que abrigavam colônias germânicas, italianas e japonesas muitas limitações foram colocadas aos imigrantes e seus descendentes, dentre elas a necessidade destes se cadastrarem na polícia, viajarem somente com salvo-conduto, proibição de se falar alemão, italiano e japonês em público, de exporem sua simpatia por estes, mudarem de residência somente com consentimento da polícia e obrigatoriedade de registrarem suas armas. Além disso ficou proibido distribuir material impresso nos idiomas do Eixo, fazer saudações destes países e cantar os hinos destes países, entre outras proibições.
Foi nessa época que as famílias de imigrantes decidiram parar de passar a tradição oral em seu idioma materno para as novas gerações, representando uma perda inestimável deste patrimônio imaterial trazido em suas bagagens. Nas casas dos imigrantes, o idioma oficial passou a ser o português. Com a entrada do Brasil na guerra, os sindicatos se incorporaram ao grande movimento nacional de apoio e ajuda às Forças Expedicionárias Brasileiras enviadas à Europa. Na época, como as outras correntes políticas, o PCB de Lindolfo Hill voltava à sua maior atividade para sua reorganização, já que estava desarticulado desde 1935. Junto com alguns companheiros, Lindolfo começou a se encontrar e resolveram por conta própria que deveriam organizar o PCB de Juiz de Fora. As conversas giravam em torno dos acontecimentos da guerra e a participação do Brasil e a possibilidade de mudança no rumo da ditadura do Estado Novo, além de questões ligadas ao interesse local, bem como descobrir pessoas simpatizantes ao PCB.
Na época Lindolfo presidiria o Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Juiz de Fora, onde atuou entre 1942 e 1945. No Rio de Janeiro, Pedro Pomar, Maurício Grabois e João Amazonas se encontravam para trocarem ideias sobre como se reorganizar o PCB, que se encontrava acéfalo e não possuía secretariado nacional, o que não impedia que por todo o país grupos organizados falassem em nome dos comunistas. Essa célula inicial no Rio de Janeiro já se autodenominava Comissão Nacional de Organização Provisória (CNOP) e achavam que era preciso trabalhar para reorganizar o PCB em todo Brasil e depois convocar uma conferência para reestruturar a direção comunista nacional. Além disso acreditavam que seria necessário discutir tática política e realizar a reorganização sem chamar a atenção das forças repressivas.

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Alexandre Müller Hill Maestrini

Publicado por:

Alexandre Müller Hill Maestrini

Alexandre Müller Hill Maestrini é professor de alemão no Instituto Autobahn e autor de quatro livros: Cerveja, Alemães e Juiz de Fora, Franz Hill – Diário de um Imigrante Alemão, Lindolfo Hill – Um outro olhar para a esquerda e Arte Sutil.

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