O sorridente Negro Bússola é um líder comunitário, produtor cultural e gestor de recursos que tinha e tem um sonho: ser vereador e quem sabe um dia prefeito em Juiz de Fora, representando as causas sociais, culturais e ambientais que defende. Ele se candidatou a vereador pela primeira vez em 2016 e surpreendeu a todos com a sua votação expressiva: 3.996 votos, sendo o 11º mais votado entre os 589 candidatos. Porém, ele não foi eleito, pois o seu partido não atingiu o quociente eleitoral necessário.
Mas ele não desistiu do seu sonho e se candidatou novamente a vereador em 2020, fazendo uma campanha limpa, honesta e popular, usando as redes sociais e o boca a boca para divulgar as suas propostas. Bússola contou com o apoio de muitos amigos, familiares e admiradores do seu trabalho. No dia da eleição estava confiante e acompanhou a apuração dos votos com ansiedade e emoção. Ele viu o seu nome subir no ranking dos mais votados, até chegar ao quarto lugar, com 5.085 votos, mas ele quase não acreditava no que via, finalmente tinha conseguido o cargo de vereador e realizado um de seus sonhos.
Ele abraçou sua esposa, sua filha, seus companheiros de campanha e agradeceu a Deus, aos seus ancestrais e aos seus eleitores. Bússola chorou de alegria e gratidão e estava pronto para assumir o seu mandato e fazer história na Câmara Municipal. Mas a sua felicidade durou pouco. Logo ele recebeu a notícia que o deixou perplexo e arrasado: ele não foi eleito, pois seu partido não tinha atingido o quociente eleitoral necessário, num sistema eleitoral cruel, que privilegia os partidos grandes e as coligações.
Bússola não entendia como isso tinha sido possível. Como alguém que teve mais votos do que 585 candidatos podia ficar de fora da Câmara? Como alguém que teve a confiança de mais de 5 mil pessoas podia ser ignorado pela política? Como alguém que tinha um projeto sério e consistente podia ser barrado por um mecanismo burocrático?
Ele sentiu uma mistura de indignação, frustração, tristeza e abandonado na sua luta. Com um sorriso largo característico lembrou-se de tudo o que já tinha enfrentado na vida, de todas as dificuldades que já tinha superado, de todos os valores que defende. Um dos mais lindos é que “o povo não é carga para os governos, ele é oportunidade”. Um visionário!
Ergueu a cabeça e decidiu continuar sendo um líder comunitário, um cidadão ativo, consciente e participativo, sendo uma bússola negra num mar de injustiças sociais. Imaginem o que esse líder nato poderia fazer como nosso representante na Câmara Municipal de Juiz de Fora.