Por Alexandre Müller Hill Maestrini, professor e escritor
Juiz de Fora comemora sempre no dia 13 de junho o dia de Santo Antônio, padroeiro da cidade, conhecido como o santo casamenteiro. Sua ligação com a cidade vai muito além e põe “muito além” nisso, Santo Antônio está presente nessas margens do Paraibuna por quase 280 anos.
O Santo Antônio de Juiz de Fora faz parte da lista da lenda de “santos fujões” que nasceu na Europa. O historiador e pesquisador Antônio Carlos Lemos Ferreira publicou em 2008 o livro “A devoção a Santo Antônio em Juiz de Fora – O Santo Fujão”. Para ele a história é mais que uma lenda, "ela mostra que, já naquela época, o abismo social resultava numa luta desigual entre as classes mais e menos favorecidas, situação que perdura até hoje, mas antes da lenda vamos à História".
Com a tese de mestrado em 2006 e depois o livro, Antônio Carlos nos mostra a devoção a Santo Antônio na cidade se processa através da abertura de um caminho com melhores condições para escoamento do ouro no alvorecer do século XVIII. Coube ao Bandeirante Garcia Paes a empreitada de alargar uma antiga picada indígena, transformando-a em uma estrada melhor para a passagem de tropeiros e tornando a viagem mais segura e mais curta, facilitando o controle régio, conhecido como Caminho Novo. A expedição passou pela região do Morro da Boiada, onde existiu uma capelinha difusora da devoção a Santo Antônio nas margens do Paraibuna e à beira do Caminho Novo (margem esquerda do rio sentido sul-Norte).
Oficialmente em 1741 foi formalizado o pedido do fazendeiro Antônio Vidal para erigir uma capela em suas terras em honra de Santo Antônio. Uma Segunda capela foi solicitada pelo Fazendeiro Antônio Dias Tostes em 1815 e autorizada em 1821. Foi mantida a dedicação a Santo Antônio. Em 1836 o engenheiro germânico Guilherme Halfeld veio para o local e demarcou o terreno para a terceira capela, a Matriz de Santo Antônio requisitada em 1844 e autorizada em 1850, hoje Catedral Metropolitana. Para lá foi levada a imagem do Santo que segundo a lenda fugia na calada da noite e voltava para seu lugar de origem. Episódio conhecido como o "Santo Antônio Fujão".
Poesia Lendas da Boiada (ao Poeta Lindolfo Gomes)
A lenda do Morro da Boiada está pra Juiz de Fora assim como a Loba Romana está para aquele lugar É uma saga de fundação!
Guardada, bem escondida, após leitura detida a senha é compreendida.
Depõe sobre a resistência e o ocultamento da história
Nos fala do povo miúdo, havido no topo daquela Serra respeito a um cemitério e saudades de uma capela em torno do Santo Fujão
Antônio: o seu padroeiro - voltou para aquele terreiro sem da elite escravocrata receber a permissão.
Foi punido: ficou prisioneiro, na igreja do Sr. Capelão
E a Boiada ficou desprezada - foi jogada pela contramão
Soterrou-se história-memória e a lembrança daquele Torrão
há quem diga que houve vingança, no episódio ocorrido de então
Dizem até que foi “Luta de Classe”
E no assunto... Se fala mais não.
Salve Lindolfo Gomes! Salve o Caboclo Velho!
Salve o China Seco! - E Viva o Chico Pinicão!
Por Prof. A. Carlos - 26/05/16 - Corpus Cristi – manhã. Arrumando a cama.