A Praça Padre Geraldo Pelzers, no bairro Santa Luzia, será palco de uma roda de samba especial, no próximo sábado, 29, a partir das 17h. Gratuito e livre para todos os públicos, o evento marcará o primeiro ano do Movimento Samba das Mulheres na Praça, uma iniciativa que busca unir, incentivar, empoderar e dar visibilidade a mulheres que tocam, compõem e cantam samba em Juiz de Fora. Conforme Andrea Melo, uma das coordenadoras do projeto, o presente de aniversário do grupo foi a aprovação do Movimento no Edital Murilão, do Programa Cultural Murilo Mendes, que é mantido pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e gerido pela Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa).
O projeto organiza rodas de samba em praças públicas, mobilizando mulheres sambistas e também abrindo espaço para as que estão em processo de aprendizado. Atualmente, cerca de 60 pessoas participam do grupo, que tem um perfil bastante diverso. “Temos integrantes de diferentes faixas etárias, pretas, brancas, acadêmicas, periféricas, LGBTQIA+ e com deficiência. Mas o processo de democracia segue em construção. Tentamos identificar grupos de mulheres que ainda não acessam a roda de samba, para criar uma estrutura que nos permita tê-las com a gente.”
Andrea conta que a aprovação do projeto no Murilão é muito importante neste aspecto. “Com os recursos do edital, a gente pode ter banheiros químicos adaptados, por exemplo. No momento, estamos buscando voluntários para disponibilizar tradução em libras e também para oferecer apoio às sambistas que são mães e precisam levar os filhos para as apresentações. O plano é ofertar área de recreação com brinquedos, desenhos para pintura, relacionados ao universo do samba, e guloseimas.”
Lembrando que a primeira roda de samba do grupo aconteceu no dia 13 de abril de 2022, exatamente na data do centenário de Dona Ivone Lara, a produtora cultural afirma que o projeto já circulou pelas praças de São Mateus, Morro da Glória (Armando Toschi - Ministrinho) e Santa Luzia, além do Largo do Riachuelo, do Mirante do São Bernardo e da Praça CEU, entre outras. Também foram feitas apresentações especiais, a convite de outros projetos, como o Ponto do Samba e o Feijão de Ogun. “Queremos o Movimento Samba das Mulheres na Praça cada vez maior e mais potente. A ideia é alcançar todos os territórios da cidade, buscando principalmente as periferias”, revela.
Sobre o repertório, Andrea explica que o Movimento privilegia composições criadas ou imortalizadas pelas grandes damas do samba, como Dona Ivone Lara, Elza Soares, Alcione, Clara Nunes, Jovelina Pérola Negra e Clementina de Jesus, entre tantas outras. “O samba sempre teve participação da mulher, mas nem todos os lugares podiam ser ocupados por ela. Muitas sambistas trabalhavam nos bastidores, às vezes, só tocavam em casa, porque, por muito tempo, as rodas de samba foram um ambiente majoritariamente masculino. Nosso projeto está aqui para reconhecer as mulheres sambistas e criar espaço para divulgação do trabalho delas.”
A produtora finaliza destacando que o Bairro Santa Luzia é um território tradicional do samba em Juiz de Fora. “Antigamente era chamado de Cachoeirinha. Lá nasceu o Bacharéis do Samba, um dos primeiros grupos de samba da cidade e que completa 50 anos em 2024. O músico Dudu Costa também é do bairro, assim como o Bar da Laje, reduto do samba fundado por uma mulher, a Dona Maria Luiza. Essas memórias também serão contadas e reverenciadas na roda de sábado.”