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Terça-feira, 17 de Junho de 2025

Policial

Desabamento em Patrimônio Histórico de Salvador Causa Morte de Turista e Ferimentos em Visitantes

Igreja de São Francisco de Assis, conhecida popularmente como “Igreja de Ouro”, enfrenta sérios problemas estruturais já desde 2023, culminando em trágico incidente no Centro Histórico da capital baiana.

Cristiane Oliveira
Por Cristiane Oliveira
Desabamento em Patrimônio Histórico de Salvador Causa Morte de Turista e Ferimentos em Visitantes
greja e convento da Bahia, patrimônio tombado pelo Iphan, estão com estrutura precária — Foto: Itana Alencar
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Na tarde desta quarta-feira (5), um episódio trágico abalou o Centro Histórico de Salvador. Parte do teto da icônica Igreja de São Francisco de Assis, um monumento reconhecido como uma das Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no mundo, desabou, resultando na morte de uma turista de 26 anos e ferindo outras cinco pessoas. O incidente, confirmado pelo Corpo de Bombeiros Militar da Bahia (CBM-BA), surpreendeu moradores, visitantes e autoridades, que já vinham alertando sobre as deficiências estruturais do templo.

Natural de Ribeirão Preto (SP), Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos, morreu após queda do teto da Igreja de São Francisco de Assis. 

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Contexto e Detalhes do Acidente

A tragédia ocorreu por volta das 14h30, no templo localizado no Largo do Cruzeiro de São Francisco, no coração do Pelourinho. De acordo com informações preliminares, a turista identificada como Giulia Panchoni Righetto, natural de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, estava visitando o local acompanhada do namorado e de um casal de amigos. Segundo relatos, os dois homens encontravam-se em uma área mais afastada, evitando assim o impacto direto dos destroços. Entretanto, uma das amigas sofreu um corte na testa e precisou ser levada para atendimento hospitalar, enquanto as demais vítimas, que totalizam cinco, foram socorridas por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e pelo Corpo de Bombeiros. Felizmente, os ferimentos foram classificados como leves, tendo todos sido encaminhados à Unidade de Pronto Atendimento dos Barris, onde já receberam alta.

A remoção do corpo de Giulia foi realizada por volta das 16h50 por profissionais do Departamento de Polícia Técnica (DPT), e a jovem será submetida a exames necroscópicos no Instituto Médico Legal, a fim de elucidar as causas da morte. A área afetada pelo desabamento foi imediatamente isolada por policiais militares, e a própria igreja foi interditada pela Defesa Civil de Salvador, que destaca a urgência na análise das condições estruturais do local.

Crédito- Defesa Civil  de Salvador

Investigações e Repercussão das Autoridades

Tanto a Polícia Federal quanto a Polícia Civil da Bahia, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), foram acionadas para investigar o ocorrido. Especialistas já apontavam riscos estruturais na edificação desde 2023, e o trágico incidente evidencia a necessidade de uma intervenção urgente. Em paralelo, a Coordenação de Engenharia Legal do Instituto de Criminalística Afrânio Peixoto esteve no local para iniciar os trabalhos periciais e deve retornar na quinta-feira (6) para concluir os exames necessários.

A visita de uma equipe técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também está prevista para o mesmo dia. O presidente do Iphan, Leandro Antônio Grass Peixoto, informou que a inspeção ocorrerá para avaliar a situação do imóvel, cuja gestão e manutenção são de responsabilidade da Ordem Primeira de São Francisco. Em nota, o Iphan e o Ministério da Cultura lamentaram o ocorrido, enfatizando o compromisso de acompanhar de perto a situação e colaborar com as autoridades locais para garantir a segurança do patrimônio.

Estrutura Histórica em Risco e os Anos de Negligência

A Igreja de São Francisco de Assis, um símbolo do barroco brasileiro e patrimônio material tombado pelo Iphan, já apresentava sinais de degradação há vários anos. Em 2023, investigações jornalísticas identificaram diversas falhas na estrutura, como pinturas e revestimentos desgastados, fiação exposta, pilastras sem reboco e piso desnivelado, que comprometiam a segurança dos visitantes. Em uma visita ao local, o g1 destacou que, além de problemas estéticos, havia riscos reais que poderiam afetar a integridade da edificação.

Durante aquela época, o Iphan havia informado que um projeto para a restauração da igreja estava em andamento, com a contratação de uma empresa especializada para a elaboração dos projetos executivos de arquitetura, engenharia e restauração. No entanto, a lenta evolução desses trabalhos e a ausência de intervenções urgentes permitiram que a deterioração se agravasse, culminando no trágico desabamento do teto.

Em uma das ocasiões anteriores, parte do pátio da igreja chegou a ser interditada devido ao risco de queda de um pináculo, uma estrutura metálica que pesava aproximadamente uma tonelada e meia. Esse episódio, que ocorreu pouco tempo atrás, já era um alerta para a necessidade de manutenção contínua e eficaz do patrimônio histórico, que atrai turistas de diversas partes do mundo.

Reação da Comunidade e Impacto no Turismo Cultural

A notícia do desabamento causou grande comoção não só entre os baianos, mas também entre turistas e estudiosos de arte sacra. A Igreja de São Francisco, carinhosamente chamada de “Igreja de Ouro” devido ao seu interior ricamente decorado, sempre foi um dos principais pontos turísticos de Salvador. Com ingressos a R$ 10, o local era aberto para visitação diariamente, proporcionando aos visitantes uma imersão na história e na arte do período colonial.

Além de ser um marco histórico, o templo é reconhecido internacionalmente por sua beleza arquitetônica e pelo luxo de seus detalhes em ouro, que adornam paredes, tetos, colunas e capelas. Em suas construções, que tiveram início em 1686 e foram concluídas com doações de moradores em 1723, encontram-se obras de artistas renomados, como o pintor português Bartolomeu Antunes, responsável por pinturas que remontam ao ano de 1737. Esses elementos artísticos transformaram o espaço em uma verdadeira obra-prima da arte sacra, atraindo estudiosos e admiradores do barroco.

A Arquidiocese de São Salvador da Bahia destacou, em nota, o valor inestimável do templo para a humanidade, ressaltando seu reconhecimento pela UNESCO como patrimônio mundial. Líderes religiosos e representantes dos Frades Franciscanos também se solidarizaram com os afetados pelo acidente, manifestando pesar e enfatizando a importância da preservação de um legado que carrega séculos de história, fé e identidade cultural.

Repercussões e Medidas Imediatas

Em função do incidente, todos os eventos culturais agendados para a tarde desta quarta-feira no Pelourinho foram cancelados pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. As medidas preventivas adotadas pelas autoridades visam evitar que outras tragédias ocorram em um dos principais centros históricos do país.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, expressou sua tristeza pelo ocorrido e garantiu que o poder público envidará todos os esforços para restaurar a integridade do templo. “Enquanto trabalhamos para apurar essa tragédia e reparar os danos causados, reafirmo meu compromisso com a preservação e valorização do nosso patrimônio cultural”, afirmou a ministra, que se solidarizou com a família da vítima e com todos os que foram afetados pelo desabamento.

Além das ações de emergência e dos procedimentos investigativos, a situação reforça a urgência de intervenções estruturais que garantam a segurança não só dos turistas, mas também da comunidade local. O caso servirá de alerta para gestores públicos e privados sobre a necessidade de manutenção constante de bens históricos, especialmente aqueles que acumulam séculos de valor artístico e cultural.

Um Patrimônio Histórico em Luto e os Desafios do Restauro

O complexo formado pela Igreja e Convento de São Francisco, que remonta ao início do século XVIII, é um testemunho vivo da história colonial brasileira. Seus interiores, repletos de entalhes, imagens sacras e detalhes ornamentais, contam histórias de devoção e arte que resistem ao tempo. Infelizmente, a negligência na manutenção do edifício, somada aos desafios próprios de restaurar construções históricas, tem evidenciado o quão precário pode ser o estado de preservação de um patrimônio de tamanha importância.

Enquanto equipes técnicas e autoridades se mobilizam para investigar e reparar os danos, a comunidade internacional acompanha o desdobramento do caso com apreensão. Especialistas afirmam que, para monumentos desse porte, o processo de restauração pode durar de dois a três anos, considerando a complexidade de manter as características originais que justificaram seu tombamento. Assim, a situação de risco enfrentada pela “Igreja de Ouro” é um exemplo claro de como a proteção de bens culturais deve ser prioridade para governos e instituições responsáveis.

Conclusão

O desabamento do teto da Igreja de São Francisco de Assis não apenas causou uma perda irreparável com a morte de uma jovem turista, mas também evidenciou as fragilidades de um patrimônio que, ao longo dos séculos, simbolizou a fé, a arte e a história do Brasil. Este episódio trágico serve como um alerta para a urgência de medidas preventivas e de um investimento contínuo na preservação de monumentos históricos. Enquanto as investigações continuam para determinar as causas exatas do desabamento, autoridades e especialistas se unem na busca por soluções que evitem que novas tragédias ocorram em um dos mais emblemáticos pontos turísticos de Salvador.

A recuperação e o restauro da “Igreja de Ouro” passam, agora, pelo desafio de equilibrar a preservação da memória histórica com a implementação de medidas de segurança modernas. Em meio ao luto e à comoção, a sociedade espera que este episódio impulsione uma reflexão profunda sobre o cuidado com os bens culturais e que, futuramente, possa transformar a tragédia em um catalisador para a revitalização e proteção do patrimônio que representa não apenas a história de Salvador, mas de todo o Brasil.

Com a mobilização de equipes técnicas, o acompanhamento rigoroso por parte dos órgãos de proteção e a pressão da comunidade, há esperança de que, apesar da dor e da perda, a “Igreja de Ouro” possa ser restaurada e continuar a encantar gerações, mantendo viva a memória de um passado repleto de fé e arte.

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Cristiane Oliveira

Publicado por:

Cristiane Oliveira

Técnica em Administração e estudante do 7º período de Jornalismo na Uniasselvi.

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