Brasília, 27 de março de 2025 - Em apoio ao Dia da Conscientização sobre a Neuromielite Óptica, celebrado anualmente em 27 de março, o Congresso Nacional se vestirá de verde nesta quinta-feira (27/3) e sexta-feira (28/3). A iniciativa visa dar visibilidade a essa doença rara, também conhecida como Doença de Devic, que se caracteriza pela inflamação do nervo óptico e da medula espinhal, podendo causar graves incapacidades.
A iluminação especial do Congresso Nacional em verde, cor símbolo da campanha de conscientização, busca chamar a atenção da sociedade, dos legisladores e das autoridades de saúde para a existência e os desafios enfrentados por pacientes com neuromielite óptica e suas famílias. A ação é um importante gesto de reconhecimento da causa e de incentivo à busca por mais informações, diagnóstico precoce e melhores tratamentos para essa condição neurológica autoimune.
A neuromielite óptica é uma enfermidade autoimune na qual o sistema imunológico do próprio corpo ataca, por engano, as células saudáveis do sistema nervoso central, especificamente o nervo óptico e a medula espinhal. Essa inflamação pode levar a danos significativos nessas estruturas, resultando em uma variedade de sintomas neurológicos que podem impactar profundamente a qualidade de vida dos indivíduos afetados.
De acordo com dados do portal da campanha Março Verde, a neuromielite óptica é considerada uma doença rara, com uma prevalência estimada entre 0,052 e 0,44 casos a cada 100 mil pessoas no mundo. No Brasil, estima-se que entre 3.500 e 7 mil pessoas vivam com essa condição. Apesar de sua baixa incidência, o impacto da doença na vida dos pacientes e de seus familiares é considerável, exigindo atenção e esforços para melhorar o diagnóstico e o tratamento.
A neuromielite óptica se manifesta através de uma variedade de sintomas, cuja intensidade e combinação podem variar de pessoa para pessoa. Entre os sintomas mais comuns, destacam-se:
- Diminuição da capacidade visual: A inflamação do nervo óptico pode levar a quadros de neurite óptica, resultando em perda parcial ou total da visão em um ou ambos os olhos, dor ocular e dificuldade na percepção de cores.
- Dificuldades motoras: A inflamação da medula espinhal pode causar fraqueza muscular, espasticidade (rigidez muscular), dificuldades de coordenação e problemas de equilíbrio, afetando a capacidade de andar e realizar outras atividades motoras.
- Dormência nos membros: Sensações anormais como formigamento, dormência ou queimação podem ocorrer nos braços e nas pernas, indicando o envolvimento da medula espinhal.
- Desregulação nos controles urinário e intestinal: A inflamação medular pode afetar a função da bexiga e do intestino, levando a problemas como incontinência ou retenção urinária e fecal.
A progressão da neuromielite óptica pode levar a incapacidades graves e, em alguns casos, pode ser fatal. A doença costumava ser considerada uma variante da esclerose múltipla, outra doença autoimune que afeta o sistema nervoso central. No entanto, pesquisas científicas recentes permitiram identificar características distintas da neuromielite óptica, classificando-a como uma entidade clínica separada com mecanismos patológicos e tratamentos específicos.
O diagnóstico da neuromielite óptica pode representar um desafio para os profissionais de saúde, especialmente devido à sua raridade e à sobreposição de alguns sintomas com outras doenças neurológicas. A confirmação do diagnóstico geralmente envolve a avaliação clínica dos sintomas, exames de imagem como a ressonância magnética do cérebro e da medula espinhal, e a análise de marcadores específicos no líquido cefalorraquidiano e no sangue, como o anticorpo anti-aquaporina-4 (AQP4).
Embora a neuromielite óptica possa afetar indivíduos de qualquer faixa etária, estudos epidemiológicos indicam uma maior prevalência da doença em mulheres na meia-idade. As razões para essa maior incidência em mulheres ainda estão sendo investigadas pela comunidade científica.
Atualmente, a neuromielite óptica é considerada uma doença incurável. No entanto, avanços significativos na compreensão da sua patogênese levaram ao desenvolvimento de terapias eficazes para controlar a atividade da doença, reduzir a frequência e a gravidade das crises (surtos) e prevenir o acúmulo de danos neurológicos a longo prazo.
O tratamento da neuromielite óptica geralmente envolve o uso de medicamentos imunossupressores, que modulam a atividade do sistema imunológico e reduzem a inflamação no sistema nervoso central. Em casos de surtos agudos, terapias como a plasmaferese (troca plasmática) e altas doses de corticosteroides intravenosos podem ser utilizadas para reduzir rapidamente a inflamação e minimizar os danos.
A conscientização sobre a neuromielite óptica é fundamental para promover o diagnóstico precoce, o acesso a tratamentos adequados e o apoio aos pacientes e suas famílias. A iluminação do Congresso Nacional em verde é um importante passo nessa direção, reforçando a necessidade de mais pesquisa, informação e solidariedade em relação a essa condição neurológica rara e complexa.
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