Desde o momento que os portugueses chegaram, o país já passou por três repúblicas e até hoje ainda capengamos em diversos setores. Depois de 522 anos não somos ainda “todos iguais perante a lei”, mais punitiva para o pobre e mais garantidora das benesses para os ricos. Temos um dos maiores juros do mundo em um sistema extremamente cartelizado. Com tanta diferença de tratamento ainda não somos uma nação brasileira, mas sim um amontoado de Brasis diferentes, se estranhando e se combatendo.
Nos últimos quatro anos nada avançamos na direção de um país desenvolvido, mas precisamos reconhecer que este último governo, apesar de catastrófico, teve um grande mérito: o de nos mostrar todas as fraquezas da nossa jovem democracia. Ele mostrou como ainda é fácil acabar com as transparências, impondo sigilos em coisas banais e que deveriam ser públicas, pois em nada ameaçam nossa soberania. Ele nos mostrou que nosso sistema eleitoral precisa de reformas, pois permite candidatos a se colocaram na corrida dos votos sem mostrar quem realmente são, escondidos atrás de um imunidade desnecessária.
O movimento pró armas vem mostrando o crescimento absurdo da posse de armas por civis. Forças armadas e polícias devem se submeter ao poder civil e não ao contrário. Em países com democracias desenvolvidas o povo não tem medo das polícias e sim confia a elas o dever de nos proteger. Numa sociedade que se sente protegida por seus governos, a posse de arma e a obrigação de defender é das polícias. Além disso estamos revivendo uma revoada dos militares para cargos no governo civil, fato que denota a tendência de achar que militares são fiéis, confiáveis e competentes. Esses adjetivos podem sim servir para muito dos militares, mas não faz deles aptos aos cargos no executivo e menos ainda de descumprirem sua função constitucional de defesa da pátria em caso de guerra. Não é tarefa das forças armadas garantirem os ritos da sociedade civil.
Precisaremos aprender a pensar o País como um projeto de longo prazo, independente do governante eleito. Para isso será necessário planejarmos nosso futuro com instituições de Estado fortes e inabaláveis por tiranos e ditadores. Quem pretende governar, seja o país, um estado ou uma cidade, precisará entregar igualitariamente coisas básicas para todos: saúde, educação, moradia, transporte e segurança. Os cidadãos e cidadãs deveriam olhar para os candidatos questionando-os se serão eles que respeitarão os direitos individuais de todos os brasileiros e brasileiras, acima de qualquer ideologia.
Somente quando o básico for garantido para todos é que a sensação de insegurança será menor. Povo que não passa necessidade precisará muito menos dar um jeitinho para sobreviver e tenderá a ser mais pacífico. Agora em 2022 são esses mínimos de uma sociedade democrática que está em jogo e não uma polarização artificial entre esquerda e direita. Os eleitores deveriam estar agindo não por medo ou anti isso ou anti aquilo, mas sim em prol de um candidato ou candidata que inspire confiança em entregar em quatro anos, ao seu sucessor, um Brasil melhor e mais próximo de uma Nação Brasileira.