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Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025
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Geral

Cuidado com a segunda onda

Os impactos no seu psiquismo serão mais graves do que da primeira.

GERALDO GOMES
Por GERALDO GOMES
Cuidado com a segunda onda
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Olá, caros leitores! Semana passada vimos algo acontecendo em Juiz de Fora que não conheço precedentes, quando, após uma comunicação, a Prefeitura local anunciou que, no dia 7 de dezembro deste ano, iríamos regredir para a onda vermelha com o objetivo de conter a suposta segunda onda da pandemia.

Vimos a população se irritar, empresários afirmarem que não iriam fechar e alguns mais exaltados queriam, inclusive, partir para a confrontação com as autoridades municipais. Algumas pessoas indignadas chegaram a afirmar que a decisão da prefeitura teria sido tomada tardiamente por conta das eleições e que o abrandamento do quadro era falacioso, tendo a cidade sido aberta somente por conta do processo democrático que terminou no dia 29 de novembro.

Para aqueles que acompanham meus escritos sabem que desde o início da pandemia tenho alertado para os riscos do adoecimento psíquico da população, com a manifestação de casos de ansiedade, depressão, bem como distúrbios no sono ou ainda manifestações de transtorno por estresse pós traumático.

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A pandemia trouxe a obrigatoriedade das pessoas criarem mecanismos de enfrentamento psíquico diante das restrições impostas e essas restrições levaram a perda de empregos, renda, saúde física, luto por conta dos óbitos, enfim, uma gama de desafios que estão conduzindo as pessoas ao seu limite emocional.

Vamos recordar. No início diziam que o quadro seria breve, conforme informações entregues pelos canais oficiais neste sentido. Depois, as autoridades foram “alargando” o momento do chamado pico de contaminação e as pessoas e empresas sempre dando sua cota de participação e fazendo o sacrifício. Primeiro disseram que em maio teríamos o pico, depois em junho, e assim foi. As autoridades também disseram que em breve teríamos vacina para a população e que a vida logo voltaria ao normal.

Isto foi em uma certa medida funcionando como uma válvula de escape. Quando tivemos os dois feriados prolongados do segundo semestre assistimos uma realidade se desenhando de forma mais delicada. Neste sentido, vimos as praias lotadas de pessoas. Vimos também muitos outros questionando a moralidade ou a falta de inteligência daqueles que foram “descansar” em algum canto e acabaram por aglomeram-se nesses locais.

Esse movimento de “saída” já era um sinal claro de que muitos estavam ficando fatigados de todo esse cenário atual, pois todos que lá estavam sabiam dos riscos, mas o incômodo do isolamento fez com que as pessoas abandonassem o comportamento de proteção, não por serem pessoas más, e sim por estarem sofrendo psiquicamente.

A migração de Juiz de Fora para a onda mais liberal fez a população acreditar que o fantasma da morte que nos assolava estava ficando cada vez mais distante e isso deu um certo alívio nas pessoas que puderam voltar a ter uma vida mais normal, dentro desse novo normal.

Diante desse quadro, um grande número se encheu de esperança, porém a notícia de um novo fechamento trouxe para as pessoas que já estavam emocionalmente esgotadas uma reação de raiva e de luta contra o confinamento. Essa reação, muito mais do que uma reação inconsequente, é um modo de defesa psíquica, pois nossos processos mentais estão ligados a vários mecanismos e um deles é o de fuga ou luta.

A saída para a praia, a retomada da atividade econômica, o trabalho e o contato social operavam como parte desse processo de sanidade psíquica, no qual não é possível lutar efetivamente contra o vírus.  As pessoas estavam se apegando a essa nova onda de liberdade como uma fuga diante da impossibilidade de lutar.

A prefeitura declarou um novo fechamento, somando-se a isso o fato de que o brasileiro, em sua maioria, não confia, por motivos mais do que conhecidos, na classe política. A população se viu frustrada em seus desejos de contato com o outro, de retomada da vida como antes e ainda como oportunidade de realizar seu sustento de sua família. Tudo isto gerou um comportamento de raiva e pude ver isso nas minhas redes socias. Depois de um texto que fiz sobre o assunto, as pessoas, quase que em sua totalidade, passaram a atacar os nossos representantes.

Diante disso, nada tem sido feito para cuidar da saúde mental das pessoas. Não há preocupação com isso e infelizmente não percebo melhora nessa situação no curto prazo, pelo contrário, nessa semana do dia 07 de dezembro a PJF e as entidades de classe empresariais estão fazendo campanhas de conscientização das pessoas quanto aos riscos.  Por outro lado, penso ser tarde demais, pois na semana que passou, quase não houve isolamento, pessoas andando nas ruas sem os devidos cuidados, mercados superlotados, enfim, saberemos o resultado de tudo isto na próxima semana, quando o vírus completar seu ciclo de encubação.

A continuar do jeito que foram as semanas anteriores, penso que mesmo havendo um aumento do isolamento, o nível de contaminação e internação continuará a subir e, por conta disso, a PJF não terá outro caminho que não seja a regressão para a onda vermelha o que fará com que as pessoas se levantem contra tudo e todos.

Penso que podemos agir agora no sentido de desenvolver trabalhos para a prevenção do adoecimento psíquico, mas diante do cenário atual, será que a prefeitura irá tomar alguma atitude nesse sentido? Se até agora não fez, duvido que fará.

Peretti-Watel (2020), professor em recente texto publicado na General Psychiatry fala justamente dos problemas ligados à segunda onda de Covid-19, sinalizando uma repetição da mesma situação em Paris. No mesmo sentido temos visto em aplicativos de mensagens manifestações ao redor do mundo justamente contra esse novo fechamento, não porque as pessoas são burras ou acreditam que existem soluções miraculosas, mas porque não aguentam mais.

Assim, quando alguém está se sentindo ameaçado ele precisa encontrar uma saída para manter a sua sanidade. Neste sentido, num primeiro momento tentou-se a fuga, agora, não sendo mais possível parte-se para a luta. Porém, como ninguém vai entrar em luta com um vírus, naturalmente haverá um deslocamento dessa energia de luta para outro lugar. Isso, associado à projeção, outro mecanismo de defesa do Ego, faz com que as pessoas, mesmo sabendo dos riscos, acabem por optar por reações mais imperativas, para não usar outras palavras mais fortes.

Assim, diante desse quadro todo, é necessário à proteção da saúde mental da população e sendo assim,  é imperioso exigir das autoridades, em todas as esferas de governo, que desenvolvam  políticas de enfrentamento das questões psíquicas causadas pela pandemia, pois caso contrário, poderemos, dentro em breve, ver a situação se transformar em um cenário mais tormentoso, onde o o conflito social fique deflagrado e a situação se torne ainda mais grave

Boa semana a todos

GERALDO GOMES

Publicado por:

GERALDO GOMES

Fundador, diretor e presidente do Portal de notícias RCWTV. Trabalhou na TVE, TV pública de Juiz de Fora, como diretor de imagem, e depois empreendeu no ramo de eventos evangélicos com a empresa Gospel Videos. Mais tarde fundou a RCWTV,...

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