Na manhã desta sexta-feira, 31, a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) promoveu, nos jardins do prédio-sede, o ato simbólico “Lembrar para não esquecer – Democracia Sempre”, em memória aos juizforanos Paulo Costa Ribeiro Bastos, preso em 1970 por sua militância no DOI-CODI, no Rio de Janeiro, torturado e morto; Rodolfo de Carvalho Troiano, que participou da Guerrilha do Araguaia, no Pará, e foi morto em 1974; e Padre João Bosco Penido Burnier, que, em 1976, foi alvejado e morto com dois tiros por um agente do Estado na cidade de Ribeirão Bonito (MT). Os corpos de Paulo e Rodolfo nunca foram localizados. O dia 31 de março relembra os 59 anos de início da Ditadura Civil Militar.
A prefeita Margarida Salomão falou que é inaceitável o fato de o Estado ter torturado e perseguido os seus filhos mais jovens. “Isso é para não ser esquecido, e muita gente não sabe. Esse é o ponto. As escolas não ensinam ou não ensinam com a eficácia que seria necessária. A indignação que nos traz aqui hoje não é uma força negativa, mas sim uma energia que nos move, para que isso não se repita. Recentemente, tivemos um movimento para recuperação do passado, para negá-lo e para santificar o que existe de mais torto e de mais inaceitável. Não podemos aceitar jamais. Democracia sempre.”
O secretário especial de Direitos Humanos, Biel Rocha, ressaltou que, quase seis décadas depois, o momento atual exige reflexão das forças democráticas e progressistas do país sobre aquele triste momento da história brasileira. “Tudo isso precisa ser relembrado, para manter vivas na memória as consequências nefastas da ditadura militar para milhões de brasileiros. É preciso enfrentar os que, ainda hoje, negam a existência da ditadura, a defendem, a elogiam e, até, sonham em implantar outra. Ditadura nunca mais!”
Cleber Troiano, irmão de Rodolfo Troiano, uma das vítimas da ditadura, lembrou que viu as marcas da tortura no corpo do familiar quando ele tinha 18 anos e estava preso na penitenciária do bairro Linhares. “Ninguém me contou, eu vi meu irmão todo queimado com marcas de cigarro. Não podemos esquecer essa trágica história do país que alguns tentam apagar e fingir que não aconteceu.”
Flávio Checker é integrante da Comissão Municipal da Verdade e lembrou da criação da comissão nacional, há dez anos, com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas na ditadura para efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional.