O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou, nesta sexta-feira (1º/9) o resultado positivo do produto Interno bruto (PIB) do país, após avanço de 0,9% no segundo trimestre. O mandatário, porém, cobrou “economistas” e o presidente do Banco Central (BC) Roberto Campo Neto, para que o crescimento da economia seja acompanhado da distribuição de renda
Na passagem do primeiro para o segundo trimestre deste ano, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,9%, oitavo resultado positivo consecutivo do indicador nessa comparação. O PIB, que é a soma dos bens e serviços finais produzidos no Brasil, totalizou R$ 2,6 trilhões em valores correntes no trimestre encerrado em junho. Nesse cenário, a atividade econômica do país opera 7,4% acima do patamar pré-pandemia, referente ao quarto trimestre de 2019, e atinge o ponto mais alto da série. O segundo maior patamar é o do trimestre anterior. Os dados são do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais, divulgado pelo IBGE.
A alta do segundo trimestre é explicada pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%). Como as atividades de serviços respondem por cerca de 70% da economia do país, o resultado do setor influencia ainda mais a expansão do PIB. "O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro. Também se destacaram dentro dos outros serviços aqueles voltados às empresas, como os jurídicos e os de contabilidade, por exemplo", explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. O setor de serviços está há 12 trimestres sem variações negativas e também se encontra no ponto mais alto da sua série.
A expansão do segundo trimestre é relacionada aos resultados positivos das indústrias extrativas (1,8%) da construção (0,7%), da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (0,4%) e das indústrias de transformação (0,3%). Nas indústrias extrativas, o destaque é a extração de petróleo e gás e a de minério de ferro, produtos relacionados à exportação. A variação do segundo trimestre é a quinta seguida positiva do setor extrativo. A indústria como um todo segue acima do patamar pré-pandemia, mas não conseguiu superar o ponto mais alto da sua série histórica, alcançado no terceiro trimestre de 2013.
A agropecuária foi o único dos três grandes setores da economia a recuar no trimestre (-0,9%). A retração vem após o avanço de 21% no primeiro trimestre e se deve, principalmente, à base de comparação elevada. "Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre", analisa Rebeca. Com a diminuição do peso dessa cultura no segundo trimestre, aumenta a participação de outros produtos, como o café, que cresce menos que o principal produto agrícola do país.
O consumo das famílias avançou 0,9% no segundo trimestre. É a maior alta desde o mesmo período do ano passado (1,6%). "Do lado positivo, o mercado de trabalho vem melhorando constantemente, há o crescimento do crédito e várias medidas governamentais como incentivos fiscais, vide redução de preços de automóveis, e os reajustes nos programas de transferência de renda, notadamente o Bolsa Família. Por outro lado, os juros seguem altos, o que dificulta o consumo de bens duráveis, e as famílias seguem endividadas porque, apesar do programa de renegociação de dívidas, elas levam um tempo para se recuperar", contextualiza a pesquisadora do IBGE
Os resultados foram divulgados nesta sexta-feira (1º/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
¨Eu espero que alguns economistas brasileiros e o presidente do Banco Central estejam ouvindo. Eles precisam compreender que o dinheiro que existe neste país precisa circular na mão de muita gente”, declarou o petista em evento em Fortaleza (CE), nesta manhã.
Ele seguiu: “Não queremos concentração de riqueza. Queremos que mais pessoas tenham acesso ao crédito para fazer a roda da economia girar. A economia crescendo precisa ser distribuída”.
Comentários: