Na esteira de uma busca por maior diversificação e rendimentos potencialmente mais atrativos, os investidores brasileiros estão ampliando seus horizontes para além das fronteiras nacionais, com um olhar cada vez mais voltado para o mercado financeiro internacional.
O ano de 2023 marcou um ponto de inflexão significativo nesta tendência, com as aplicações financeiras de brasileiros no exterior ultrapassando a cifra dos US$ 45 bilhões, representando um crescimento expressivo de 12,5% em relação ao ano anterior.
Este movimento reflete uma estratégia de diversificação de portfólio e sinaliza uma mudança de paradigma na maneira como os brasileiros percebem e acessam oportunidades de investimento globais.
Historicamente, investir no exterior era considerado uma operação complexa e restrita a um nicho de investidores com elevado capital. Contudo, o cenário transformou-se radicalmente com o advento de bancos digitais e plataformas de investimento que democratizaram o acesso a mercados internacionais.
Estas fintechs oferecem a possibilidade de investir diretamente do Brasil em bolsas estrangeiras, especialmente nos Estados Unidos — o principal destino desses investimentos —, que detém quase metade do mercado global de ações, com aproximadamente 5 mil opções disponíveis.
O aumento substancial no número de contas abertas em bolsas internacionais, que cresceu 153% em relação ao ano anterior, e o impressionante salto de 358% no volume de recursos investidos, comparado a 2022, são testemunhos da crescente apetite dos brasileiros por diversificação e da confiança nas economias mais estáveis.
Desvalorização do real é maior que o dólar, incentivando a busca de novos investimentos
Além disso, a desvalorização do real em relação ao dólar amplia o apelo dos investimentos em moedas mais fortes, promovendo uma proteção adicional contra as flutuações cambiais e a inflação doméstica.
Apesar dessa corrida em busca de ativos internacionais, a prudência ainda prevalece entre os investidores brasileiros. A maior parcela dos investimentos direciona-se à renda fixa, em vez de ações individuais, refletindo uma abordagem cautelosa na gestão de riscos.
Este padrão sugere que, embora haja um entusiasmo crescente em explorar mercados externos, existe também uma conscientização sobre a necessidade de equilibrar potencial de retorno com a segurança do capital investido.
O saldo líquido de investimentos — diferença entre aplicações e resgates — alcançou US$ 4,37 bilhões em 2023, marcando uma recuperação significativa em comparação com o saldo negativo do ano anterior.
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