Um estudo publicado pela revista Science Advances aponta que o crescimento da população humana está impulsionando, simultaneamente, o aumento da população de ratos nas cidades. A pesquisa analisou a relação entre o adensamento urbano e a presença desses roedores, e concluiu que a expansão das cidades, aliada ao maior consumo de alimentos, cria um ambiente propício para a sobrevivência e reprodução dos animais.
Os autores do estudo destacam que os centros urbanos são o principal foco da proliferação. À medida que a densidade populacional se eleva, cresce também a oferta de lixo e a disponibilidade de abrigos, o que favorece a adaptação dos ratos ao ambiente humano. A pesquisa alerta que, sem ações efetivas de controle, a tendência é de agravamento nas próximas décadas.
Projeções indicam agravamento do cenário
Os dados projetados pelo estudo mostram que, se o crescimento demográfico continuar no ritmo atual, a população de ratos nas grandes cidades poderá dobrar até 2050. A ausência de medidas preventivas robustas pode gerar impactos expressivos tanto para a saúde pública quanto para a infraestrutura urbana.
Maria Fernanda Zarzuela, PhD e gerente do Laboratório da Envu América Latina, ressalta os riscos associados à expansão descontrolada desses animais. “Os ratos são vetores de diversas doenças, como leptospirose e hantavirose, além de causarem danos estruturais ao roerem fios elétricos e tubulações. Para conter essa proliferação, é fundamental adotar estratégias eficazes de manejo e prevenção”, explica.
Prevenção: a chave para conter a proliferação
A prevenção se apresenta como o principal caminho para conter o avanço dos ratos nas cidades. Entre as estratégias recomendadas pelos especialistas estão:
- Gestão de resíduos: garantir que o lixo seja devidamente armazenado e descartado, evitando fontes de alimento para os roedores.
- Vedação de estruturas: fechar entradas, frestas e buracos que possam permitir o acesso dos animais a imóveis.
- Monitoramento e controle: adotar programas de monitoramento contínuo para detectar e eliminar focos de infestação de maneira precoce.
Nos casos em que a infestação já está estabelecida, o uso de raticidas é indicado como método eficaz para a redução da população de roedores em áreas específicas. Além de diminuir a presença desses animais, a medida contribui para mitigar os riscos à saúde e aos bens públicos e privados.
"O combate aos roedores deve ser contínuo e estratégico. O uso de iscas seguras e raticidas eficazes em pontos estratégicos ajuda a reduzir drasticamente a população desses animais nas cidades", reforça Zarzuela.
Diante das conclusões do estudo, especialistas defendem a implementação de políticas públicas voltadas à prevenção e ao controle de pragas urbanas, ressaltando a necessidade de ações conjuntas entre poder público, iniciativa privada e sociedade para impedir que o crescimento dos ratos acompanhe a expansão das cidades.