O Túnel Rebouças no Rio de Janeiro, a Avenida Rebouças em São Paulo, a cidade de Rebouças no Paraná — esses lugares levam o nome de André Rebouças, um verdadeiro herói nacional que, apesar de figurar na nossa geografia, é pouco lembrado no imaginário brasileiro. Abolicionista, engenheiro e intelectual, Rebouças (1838-1898) dedicou sua vida à luta contra a escravidão, e sua história ecoa como parte crucial da memória do Brasil.
Estudar, reconhecer e reverenciar a trajetória de André Rebouças é um passo necessário para compreendermos o impacto da escravidão em nossa sociedade. Esse trabalho de resgate histórico é realizado pela professora Hebe Mattos, do Departamento de História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Há mais de 20 anos, Mattos mergulha em cartas, diários e outros documentos do engenheiro abolicionista, resultado de um compromisso profundo com a memória de Rebouças e com o impacto do racismo estrutural em nosso país. Parte desse material já foi publicado, incluindo obras importantes como O engenheiro abolicionista: Entre o Atlântico e a Mantiqueira — Diários, 1883-1884 e Cartas da África: registro de correspondência, 1891-1893, que ajudam a iluminar a vida e o pensamento de um dos grandes lutadores pela liberdade no Brasil.
A pesquisa de Mattos mostra como o impacto da escravidão vai além de um passado distante. Ao explorar como o tráfico de escravizados afetou a formação do Brasil, ela destaca a escravidão como um trauma coletivo e estrutural que ainda molda as relações sociais, as políticas públicas e a exclusão racial no Brasil. “Não é uma história que dá orgulho, mas é uma história que tem que ser encarada para entendermos o racismo como um problema histórico”, afirma Mattos, cuja trajetória acadêmica inclui vídeos documentários, livros e uma produção científica extensa em torno da escravidão e da memória no Brasil.
Mattos colabora também com o professor Robert Daibert Junior, outro pesquisador dedicado ao estudo de Rebouças, que teve papel importante na obtenção e doação de cópias de documentos de Rebouças para o acervo da UFJF. Essa documentação, originária da Fundação Joaquim Nabuco, Biblioteca Nacional e Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), hoje está democratizada, permitindo que mais pesquisadores do país tenham acesso a esse legado inestimável. Como lembra Daibert, “Rebouças foi um homem muito corajoso que ousou enfrentar as elites políticas e eclesiásticas de seu tempo, desafiando os parasitas que atrasavam o desenvolvimento do Brasil.”
O legado de André Rebouças é muito mais do que monumentos e nomes de ruas. É a história de uma vida dedicada à justiça e à democracia. Em um momento de reflexão sobre a Consciência Negra, o trabalho da professora Hebe Mattos e da UFJF resgata e eterniza a importância da luta abolicionista. Este resgate é um chamado para que o Brasil enfrente sua própria história e reconheça o papel de figuras como Rebouças no avanço de uma sociedade mais justa.
Acesse esses materiais, valorize a pesquisa histórica e ajude a manter viva a memória de um Brasil que ainda precisa se curar das cicatrizes da escravidão.
Confira o quarto episódio do Id Pesquisa
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