Neste 1º de novembro, o Cemitério Municipal Nossa Senhora Aparecida, em Juiz de Fora, completa 160 anos de atividades, servindo como um elo vital entre o passado e o presente da cidade. Fundado em 1864, o cemitério não é apenas um local de sepultamento, mas um verdadeiro arquivo histórico que revela aspectos fundamentais da identidade cultural juiz-forana. Para entender a importância desse espaço, conversamos com Renato Dantas, administrador do cemitério desde 2018.
Uma História de Carinho e Respeito
Renato destaca que a função do cemitério vai além dos serviços de sepultamento. “É um equipamento público que oferece apoio e consolo às famílias em momentos de dor, revelando a cronologia de nossa cidade e homenageando aqueles que contribuíram para sua construção”, afirma. O cemitério, com acesso 24 horas, se transforma em um espaço de respeito e memória coletiva, refletindo a história de Juiz de Fora.
Origens e Transformações
A origem do cemitério remonta a uma doação de terreno feita pelo tenente-coronel José Ribeiro de Rezende, no bairro Poço Rico. Antes de sua inauguração, os mortos eram sepultados em áreas próximas a igrejas, como a Catedral Metropolitana atual. Com a construção do cemitério, tradições trazidas por imigrantes, especialmente os italianos, começaram a adornar sepulturas, simbolizando tanto tributos à memória dos falecidos quanto status social das famílias.
“Hoje, observamos diversas esculturas e adornos que atestam a qualidade artística e o cuidado com a memória dos entes queridos”, explica Renato.
O Cotidiano no Cemitério
Renato trabalha na Secretaria de Obras desde 2008 e, em sua função atual, supervisiona serviços de manutenção, sepultamento e atendimento ao público. Ele enfatiza a necessidade de planejamento, especialmente durante datas comemorativas, como o Dia de Finados, quando se espera a visita de cerca de 12 mil pessoas. A equipe dedicada e capacitada é essencial para oferecer um ambiente acolhedor em momentos delicados.
Histórias e Lendas
Contrariando a ideia de que um cemitério é um lugar sombrio, Renato compartilha experiências que trazem leveza ao cotidiano. Relatos de "assombrações" e lendas urbanas permeiam a cultura popular local. Ele lembra de uma ocasião em que uma brincadeira de um amigo quase o assustou e de outra em que um grupo de velório, após beber em homenagem ao falecido, não conseguiu subir a ladeira para o sepultamento.
“Essas histórias, embora engraçadas, nos mostram que o luto e a morte podem ser tratados de forma mais natural, sem tabus”, reflete Renato, que acredita que o trabalho no cemitério oferece uma nova perspectiva sobre a vida e a morte.
Preparação e Atendimento Humanizado
Com a finalidade de lidar com o estresse do dia a dia, a equipe do cemitério foi treinada por psicólogos para aprimorar o atendimento. “Nossos colaboradores são orientados a oferecer palavras de consolo e a ouvir atentamente as pessoas que enfrentam a dor da perda. Isso cria um ambiente mais acolhedor e humanizado”, finaliza Renato.
A celebração dos 160 anos do Cemitério Municipal Nossa Senhora Aparecida não é apenas um marco temporal, mas uma oportunidade para refletir sobre o valor da memória, da história e do cuidado humano em um dos momentos mais difíceis da vida.
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