O autor Anibal Pinto lançou em em 22 de junho 2022 o primeiro volume da biografia de Clodesmidt Riani: “Riani – 1ª Parte – As botinas Tentaram Calar”. Contato: (32) 98848-6255; [email protected]
No livro “Riani: A Luta Continua” o leitor é convidado a testemunhar essa jornada. Após recusar o exílio, diante do golpe militar de 1º de abril de 1964, e ainda tentar uma resistência, Riani conclui que isso não era mais possível com o povo nas ruas. Riani decide se apresentar ao comando da 4ª Região Militar em Juiz de Fora. Recebe voz de prisão e ainda é agredido por soldados da Polícia do Exército. Ainda no domingo, é mandado para a Divisão de Vigilância Social, em Belo Horizonte, onde fica detido num porão com dezenas de outros presos, todos amontoados. Logo é mandando para um presídio, onde recebe uma comissão de deputados que lhe informa sobre a cassação de seu mandato parlamentar. Riani foi o primeiro parlamentar a ser cassado pelo golpe militar de 1964!
A partir daí, Riani enfrentará sete anos de prisão em vários quartéis até terminar na Ilha Grande entre 1969 e 1971. Mas em 1968, Riani consegue redução de pena e posto em liberdade. Liberdade que durou menos de um ano. Novamente é preso, não mais pela Lei de Segurança Nacional, mas por uma farsa processual que o condenou — como preso comum — a cumprir uma pena de quatro anos na Ilha Grande, um presídio destinado a assassinos e presos de alta periculosidade.
Ele sabia que esperavam que morresse por lá. Afinal, a morte era companheira de todas as horas, em todos os lugares: no refeitório, na disputa por um cigarro, no futebol, na praia… Mas na Ilha Grande, Riani cai nas graças do senhor Júlio, chefe da oficina mecânica, que o emprega e até o convida para celebrar o natal de 1969. Pouco a pouco Riani entra na rotina dos presos e seu bom comportamento e o bom relacionamento conquistado junto a outros presos, fazem com que supere o pesadelo daquele presídio. As imagens duras, dramáticas, o tênue limite entre a vida e a morte eram compensados no trabalho e pelas visitas dos filhos e até de sua neta, ainda criança.
Os depoimentos dos que lá estiveram para visitá-lo são impressionantes. Riani foi indultado em fevereiro de 1971, contrariando o desejo dos seus advogados, entre eles Sobral Pinto, que preferiam que ficasse provada sua inocência. As prisões, os processos, as farsas processuais, os julgamentos. Medos, ameaças, interrogatórios, a visão dos companheiros torturados. Por que ele, então, não sofrera tortura física como os demais? A vida de Riani era importante para o regime. Ele não poderia morrer nas mãos dos militares nem por acidente.
A família perseguida, a falta de dinheiro. A luta incansável e heroica da esposa Dona Norma. O encontro dela com o general Olympio Mourão Filho para exigir tratamento humano aos presos, ainda em abril de 1964. A liberdade, a volta por cima, o novo sindicalismo. Os resgates: a retomada dos direitos políticos, a volta pelo voto à Assembleia, e, finalmente, o retorno à família, brincar com os netos, como não brincara com os filhos. E realizar sonhos adiados, como ter um simples álbum de casamento. Não um casamento, mas uma cerimônia de bodas de ouro que valeu como um novo casamento. Em 2022 Riani completou 102 anos. E a luta continua.
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