Há cinco anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarava a covid-19 como pandemia, marcando o início de uma crise sanitária global que também impactou fortemente Minas Gerais. No entanto, antes mesmo da confirmação dos primeiros casos no estado, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), já havia iniciado um planejamento estratégico para enfrentar a emergência, resultando em um dos menores índices de letalidade entre os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
Os bastidores dessa atuação complexa e desafiadora são revelados em relatos emocionantes de servidores da saúde que estiveram na linha de frente do combate à covid-19. Suas experiências e as soluções inovadoras implementadas pela SES-MG durante a pandemia estão documentadas no relatório "Resiliência em Tempos de Crise: O Legado da Covid-19 em Minas Gerais".
O secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, enfatiza o papel crucial dos servidores: “O enfrentamento à covid-19 foi um dos maiores desafios da história da saúde pública, e nossos servidores desempenharam um papel fundamental. Cada decisão tomada e cada protocolo desenvolvido tiveram impacto real na preservação de vidas”.
Um dos momentos mais críticos relembrados por Baccheretti foi a escassez de oxigênio em março de 2021. A equipe da SES-MG realizou um levantamento da rede de oxigênio nos hospitais com Centro de Terapia Intensiva (CTI) e constatou que 53% dependiam de cilindros, com autonomia de apenas quatro horas por paciente intubado, exigindo uma logística complexa para reposição.
O enfrentamento à pandemia foi marcado por uma intensa articulação entre as diversas esferas da saúde. Eva Lídia Arcoverde, coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs-MG), destaca o esforço das equipes na busca por evidências para embasar as ações: “Monitoramos os rumores do vírus e começamos a preparar um plano de contingência, articulando com vigilância e assistência para definir a resposta do Estado”.
Com a confirmação dos primeiros casos, modelos de Business Intelligence (BI) foram adaptados para estruturar a visualização dos dados. "Montamos a Sala de Situação com monitoramento em tempo real, produzimos boletins diários e criamos um painel online acessível à população e à imprensa", detalha a coordenadora do Cievs-MG, evidenciando a transparência e a agilidade na disseminação de informações cruciais.
Diante da crescente demanda por leitos de UTI, a SES-MG agilizou processos e estabeleceu diretrizes para mapear hospitais e sua capacidade de atendimento. “Instituímos o Escritório de Gestão de Leitos para identificar regiões com maior demanda e remanejar pacientes. Servidores fizeram essa operação 24 horas por dia, e o transporte era em parceria com as forças de segurança”, relata Mayla Magalhães, assessora de gabinete da SES-MG durante o período crítico.
As equipes técnicas da Secretaria de Saúde também percorreram o estado, oferecendo orientação e suporte aos municípios no manejo e tratamento da doença. “Visitamos as cidades que pediram ajuda e apoiamos os hospitais sobrecarregados para que conseguissem atender à população”, recorda Eva Lídia Arcoverde. O esforço coletivo resultou em jornadas de trabalho ampliadas em até 60%, refletindo a urgência e a intensidade das ações.
Para evitar aglomerações nas unidades da Farmácia de Minas, a SES-MG implementou uma estratégia inovadora de entrega domiciliar de medicamentos. O diretor de Medicamentos Básicos da SES-MG, Jans Bastos, explica: "Fizemos parcerias com a Defesa Civil e uma empresa de transporte por aplicativo, priorizando remédios para doenças pulmonares. Depois, ampliamos gradativamente".
Outro desafio crucial foi o desabastecimento generalizado de sedativos e kits de intubação. "Aqui em Minas, iniciamos uma rede solidária, em parceria com o Ministério Público e os municípios, para monitorar estoques e estabelecer arranjos de cooperação. Esse modelo foi adotado posteriormente pela União", observa Jans Bastos, demonstrando a capacidade de Minas Gerais em encontrar soluções criativas e eficazes em meio à crise.
Os relatos dos servidores da Saúde em Minas Gerais durante a pandemia de covid-19 não apenas resgatam os desafios enfrentados, mas também evidenciam a resiliência, a dedicação e a capacidade de inovação das equipes que trabalharam incansavelmente para proteger a população e salvar vidas em um dos momentos mais críticos da história recente.
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