O mercado da soja enfrentou uma queda significativa, com uma desvalorização de 22,88% em um ano. Este movimento no mercado reflete uma série de fatores que influenciaram diretamente o preço e a produção da oleaginosa, particularmente evidenciados nas variações diárias e anuais do preço, com a cotação variando entre 1.179,25 e 1.554, mas fechando com uma queda diária de 0,43%.
Dificuldades na safra de soja
No estado da Bahia, um dos principais produtores de soja do Brasil, a produtividade das lavouras irrigadas caiu 5,4%, com uma produção média de 70 sacas por hectare contra as 74 sacas da temporada anterior (2022/23).
Esta redução de produtividade foi influenciada por diversos fatores, incluindo infestações de mosca-branca e mofo-branco, além do primeiro registro de ferrugem-asiática na região.
Outros estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) também enfrentaram desafios. No Piauí, o plantio atrasado estendeu-se até janeiro, impactando o calendário agrícola. No Tocantins, apenas 9% da colheita havia sido realizada, contra 40% na safra passada no mesmo período, indicando um atraso significativo nos trabalhos de campo.
Mato Grosso com colheita de soja acelerada
Em contraste, Mato Grosso, o maior produtor de soja do país, apresentou uma colheita acelerada, com 51,5% da área já colhida, superando a média histórica de 44,1% para o período. A necessidade de antecipação da colheita, motivada por um clima seco e quente que adiantou o ciclo da cultura, reflete a capacidade de adaptação dos produtores às condições climáticas adversas.
A pressão sobre os preços da soja não se limitou apenas aos fatores climáticos e de produção. No cenário internacional, a melhoria do clima na América do Sul, especialmente na Argentina que registrou chuvas significativas, aliviou algumas preocupações do mercado, contribuindo para a queda dos preços na Bolsa de Chicago.
Como consequência, os principais contratos da soja tiveram quedas de até 6,75 pontos, com o contrato de março/24 fechando a US$ 11,86/bushel. Além disso, a força do dólar no mercado internacional, que atingiu picos de três meses após dados de inflação nos EUA, exerceu uma pressão adicional sobre os preços dos grãos, incluindo a soja. Este cenário macroeconômico, combinado com as condições de produção e clima, desenhou um quadro complexo para o mercado da soja.
Assim, a estimativa de produção em Mato Grosso do Sul, por exemplo, sugere um prejuízo médio de R$ 1,4 mil por hectare, projetando um déficit total de R$ 5,8 bilhões para a safra 2023/2024. Enquanto isso, levantamento inicial da safra mineira de grãos 2023/2024 traz estimativa de produção de 13,6 milhões de toneladas.
Esses fatores combinados explicam a significativa queda de 22,88% no preço da soja em um ano, destacando a interdependência entre condições climáticas, pragas, dinâmicas de mercado e políticas econômicas no complexo cenário agrícola global.
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