O Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), anunciou nesta terça-feira (13/6) que o Sistema Agrícola Tradicional dos Apanhadores e Apanhadoras das Flores Sempre-Vivas foi oficialmente reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do estado.
A decisão, apresentada durante a 1ª Reunião Ordinária/2023 do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural, realizada no auditório do Centro de Arte Popular (CAP), permite a proteção e salvaguarda desse sistema agrícola, que engloba um conjunto de saberes, celebrações, rituais e expressões culturais das comunidades localizadas na porção meridional da Serra do Espinhaço.
O registro representa um marco na preservação das práticas culturais transmitidas por gerações e beneficiará cerca de 20 comunidades nos municípios de Diamantina, Couto Magalhães, Olhos D’Água, Presidente Kubitscheck, Buenópolis, Serro e Bocaiúva.
Além do reconhecimento em âmbito estadual, o Sistema Agrícola Tradicional das Sempre-Vivas já recebeu o selo de Sistema Agrícola Tradicional de Importância Mundial (Sipam) da Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO). A cerimônia de entrega aconteceu em Roma, no dia 22 de maio deste ano.
O sistema agrícola dos apanhadores de sempre-vivas é o único do Brasil a receber esse reconhecimento internacional. Agora, Minas Gerais se junta ao corredor Cuzco-Puño, no Peru, e ao arquipélago de Chiloé, no Chile, formando a lista dos três únicos locais da América Latina contemplados com o selo Sipam.
Além da coleta das flores, as comunidades realizam outras atividades produtivas, como roças, criação de animais e coleta de produtos do agroextrativismo, como frutos e plantas medicinais. Essas atividades garantem a complementação de renda, segurança econômica e alimentar para as comunidades envolvidas.
Outra característica marcante desse sistema agrícola é a "transumância", que envolve o deslocamento de grupos familiares da parte baixa da Serra do Espinhaço para a parte alta, onde são realizadas as atividades de manejo da flora nativa e a pastagem do gado. Esse deslocamento, que ocorre em diferentes elevações ao longo do ciclo anual, configura um complexo sistema de conhecimento dos diferentes ambientes naturais da região.
O registro do Sistema Agrícola Tradicional das Flores Sempre-Vivas como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais representa uma conquista significativa na preservação dos saberes tradicionais. Para Marília Palhares, presidente do Iepha-MG, o conhecimento único das comunidades merece essa proteção e valorização.
O momento de reconhecimento é celebrado por Milena Pedrosa, secretária adjunta de Cultura e Turismo, que ressalta a importância das tradições, cultura e povos de Minas Gerais. A salvaguarda e a promoção desse patrimônio cultural imaterial são essenciais para fortalecer o estado como gerador de emprego, renda e celebração da cultura local.
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