Uma nova reviravolta nos preços do barril de petróleo no mercado internacional na quarta-feira, 27 de setembro, intensificou a pressão sobre a Petrobras para realizar um novo reajuste nos valores dos combustíveis vendidos no Brasil. A defasagem crescente entre os preços nacionais e internacionais está gerando preocupações entre analistas e especialistas do setor.
Este cenário surge em um momento em que já se discutia a necessidade de um aumento nos preços do diesel, uma vez que a Rússia, atualmente a principal fornecedora externa desse combustível para o Brasil, decidiu restringir as exportações, o que levou a uma redução nas importações brasileiras a preços mais vantajosos em comparação com outros fornecedores tradicionais.
"Como a nova política de preços da Petrobras não segue o PPI (Preço de Paridade de Importação), fica sempre difícil prever quando ocorrerá o próximo aumento. No entanto, sem dúvida, essa situação está colocando pressão sobre a empresa", afirmou Pedro Rodrigues, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), em entrevista à Reuters.
O petróleo tipo Brent registrou um aumento de aproximadamente 3% naquela quarta-feira, encerrando o dia acima de US$ 96 por barril, atingindo seu maior valor desde novembro de 2022. Isso aconteceu após notícias sobre uma significativa redução dos estoques de petróleo bruto nos Estados Unidos.
Já o petróleo norte-americano West Texas Intermediate (WTI) encerrou o dia a US$ 93,68 por barril, atingindo seu patamar mais alto desde agosto de 2022.
Eduardo Oliveira de Melo, sócio-diretor da Raion Consultoria, observou que o aumento nos preços do petróleo coincidiu com uma valorização do dólar, que ultrapassou a marca de R$ 5 pela primeira vez em mais de um mês. "É realmente uma combinação explosiva", comentou o especialista, destacando que o diesel vendido pela Petrobras possui uma defasagem de mais de R$ 0,70 por litro em relação à paridade de importação.
No entanto, apesar de significativa, essa defasagem ainda está aquém da registrada em agosto deste ano, que era de cerca de R$ 1 por litro, antes do último reajuste realizado pela Petrobras, que elevou os preços em 25,8% para o diesel e 16,3% para a gasolina.
Dado que o Brasil não é autossuficiente em derivados de petróleo, especialistas enfatizam a importância de manter os preços da Petrobras, o principal fornecedor de combustíveis do país, em equilíbrio para não desestimular a importação por terceiros.
De acordo com os cálculos da StoneX, os preços do diesel da Petrobras estão atualmente mais de R$ 0,70 por litro abaixo da paridade de importação, exigindo um reajuste de cerca de 19% para atingir esse equilíbrio. Quanto à gasolina, a defasagem é de aproximadamente R$ 0,30 por litro, necessitando de um aumento de quase 10%.
Smyllei Curcio, chefe na área de petróleo, gás e renováveis da consultoria Stonex, comentou: "Desta vez, acredito que a variação cambial tenha contribuído para piorar a situação. O mercado está ansioso por um ajuste da Petrobras."
Desde a introdução de sua nova estratégia comercial em maio, a Petrobras não está mais vinculada a seguir os preços de paridade de importação, optando por considerar outras variáveis na definição de seus preços. No entanto, a empresa se comprometeu a ser a melhor opção para seus clientes e fornecedores, ao mesmo tempo em que mantém sua rentabilidade.
A empresa também tem segurado por mais tempo a defasagem antes de aumentar seus preços, visando evitar flutuações bruscas. No entanto, essa abordagem está causando incertezas para os importadores do produto.
Em resposta, a Petrobras reiterou em comunicado que sua estratégia comercial visa a prática de preços competitivos e em equilíbrio com os mercados nacional e internacional, levando em consideração suas vantagens de produção e logística, ao mesmo tempo em que evita repassar a volatilidade das cotações internacionais e das taxas de câmbio.
A empresa afirmou ainda que o mercado brasileiro de diesel em 2023 tem apresentado crescimento em comparação com o ano anterior e que a demanda está sendo atendida tanto pela Petrobras quanto por outros produtores e importadores. Além disso, a Petrobras ressaltou que não está importando diesel nem gasolina da Rússia.
Quanto às restrições anunciadas pela Rússia, que representou cerca de 70% das importações brasileiras de diesel em agosto, especialistas acreditam que até o momento pode ter havido algum impacto marginal nos preços, mas não houve escassez de produtos no Brasil devido a essas restrições.
"O que temos notado são alguns aumentos marginais devido às notícias sobre a escassez relacionada às restrições na Rússia, o que é o primeiro efeito e já cria uma expectativa de escassez de oferta e aumento de preços. No entanto, não temos observado uma falta real de produtos da Rússia", explicou Melo, da Raion.
Curcio, da StoneX, concordou com essa avaliação, afirmando que notícias como essa podem criar especulações que afetam os preços, mas que até agora não houve uma falta de produtos vindos da Rússia.
A situação continua a ser monitorada de perto pelos mercados e pela indústria petrolífera brasileira, enquanto se aguarda com expectativa qualquer movimento da Petrobras em resposta a esses desafios.
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