Olá, caros leitores! Hoje converso sobre os erros que cometemos em nossas vidas e como lidamos com eles. Temos a mania de nos cobrar de um modo bastante incisivo quando erramos e por outro lado, nossos acertos simplesmente ignoramos.
Muitas vezes a vida nos coloca diante de situações que nos obrigam a tomar decisões que, depois de um tempo, podem se revelar equivocadas. Quando isso acontece, infelizmente, temos a tendência a nos culpar por nossos erros de maneira muito forte.
O mais estranho nesse processo é que usualmente somos capazes de relevar os erros dos outros, de perdoar escolhas ruins, de aceitar que o outro é um ser humano e, como tal, é falho. Por outro lado, quando lidamos com nossos erros, aí a conversa muda de tom, neste caso, somos severos, nos cobramos como se não pudéssemos errar.
Os erros fazem parte natural do caminho, que liga a dois pontos e no meio vem uma lição, pois a vida não passa de uma sucessão de erros e acertos. Errar é construir uma ponte entre dois sucessos. Essa ponte tem um nome, aprendizado.
Então porque é tão difícil exercitar o autoperdão?
Penso que fomos, por conta de nossas origens, ensinados a perdoar o outro, como disse acima. Acreditamos que o outro erra, mas também tem um ponto no qual percebo como fundamental: somos ensinados que perdoar o outro traz para nós um sentimento de felicidade, porém ninguém ensina como perdoar-se.
Outro dia, escrevi sobre conformar e aceitar. Naquele texto eu expunha que quando nos conformamos, especialmente com nossos erros, aceitamos que o erro molde nosso comportamento. Ou seja, permitimos que o erro, em certa medida, governe nossa vida, pois conformar significa “tomar a forma de algo”, e aquilo que toma uma forma de algo está sendo moldado por um agente externo. Já quando aceitamos, entendemos o que houve, assimilamos aquilo e, por conta disso, fazemos uma mudança interna, para que com isso possamos continuar a caminhar. Ao invés de ser de fora para dentro, na aceitação a mudança se opera de dentro para fora.
Perdoar é um ato, no qual toma-se pé do que aconteceu e se ressignifica os fatos, de tal forma que o erro se torne um aprendizado e, assim, possibilite a construção de um caminho melhor.
Uma pessoa que não perdoa a si própria, dificilmente terá a capacidade real de perdoar o outro. Aliás este é um erro muito comum, se de um lado, aprendemos que devemos perdoar, de outro, as pessoas acreditam que perdoar é esquecer o que foi feito. Não, perdoar nem de longe é isso, pelo contrário, perdoar é saber exatamente o que aconteceu, tornando o erro em algo que se possa viver. A prática do perdão é algo que ajuda na construção da felicidade individual, pois torna a vida mais leve. Assim, perdoar a si mesmo e ao outro é fundamental para um modo de vida mais leve.
Um fator que costumo alertar as pessoas é que sentimentos como culpa, medo e insegurança são péssimos professores para a vida, pois neles repousam também a crença de menos valor. Por conta disso, temos dificuldades de nos perdoar, pois muitas vezes acreditamos que nossos erros vão fazer as pessoas que amamos se afastarem de nós.
Quando acreditamos que somente temos valor pelos nossos acertos, que somente seremos dignos de apreço por conta deles, ficamos cada vez mais atados aos erros, pois passamos a tentar viver como máquinas que acertam sempre. O que proponho para você é assumir a responsabilidade pelos erros que cometeu, mas também exercitar o mesmo perdão que faz com o outro. Assim como o perdão ao outro é libertador, também deve ser feito com você, aliás, se não for assim, ficamos vivendo uma mentira.
Se por um lado somos capazes de perdoar o outro, você há de concordar comigo, que diante de uma pessoa que não seja você, tu convolas em outra pessoa e será alvo do perdão dela. Neste momento você pode afirmar: “mas o outro pode não me perdoar!” Ora, nada muda, pois se o outro não te perdoar por um erro que nitidamente você se arrependeu, essa pessoa não deve ser alvo de suas preocupações, pois se ela é incapaz de perdoar, ainda que você se arrependa de algo, não há sentido ficar lutando para dar outro desfecho à situação.
Assumir suas responsabilidades é fundamental para a consciência do erro, é saber quais as consequências do que fez para que se possa extrair as lições. É aceitar seu erro e continuar adiante após seu perdão. Sem esse perdão, a culpa se torna presente e faz com que fiquemos algemados.
O passado não volta, então, muitas vezes é impossível desfazer algo, assim, o importante é pacificar a sua mente e a sua consciência e isso somente pode ser feito com o perdão a si mesmo e extraindo lições dos seus erros.
Quantas vezes, quando estamos dirigindo notamos que devido a uma distração pegamos uma saída errada. Se ficarmos pensando que tínhamos que virar à esquerda e não ficarmos atento a um retorno, não chegaremos ao destino. Todo motorista sabe uma regra, ao errar uma saída, você deve imediatamente esquecer o erro e procurar uma solução para retomar ao curso correto.
Em nossa vida é a mesma coisa, você não é seus erros, você é soma de tudo que viveu, seus acertos e suas faltas. Desta forma, lembre-se de que você também é o piloto de sua vida, e se em algum momento, você deveria ter feito uma curva e não fez, continue em frente, aceite seu erro, mude o rumo e siga adiante.
Erre sempre, pois os erros nos fazem crescer, mas erre uma coisa diferente a cada dia.